Transpor água do Rio Paraíba do Sul não resolve problema de
SP, diz ONG
Governador Alckmin quer água do Paraíba para elevar nível do
Cantareira.
Segundo SOS mata Atlântica, transposição também pode ser
perigosa.
A coordenadora da Rede das Águas da
ONG SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro, disse nesta quarta-feira (19) que a
transposição da água do Rio Paraíba do Sul para o Sistema Cantareira, conforme
solicitou o governador Geraldo Alckmin, não resolveria o problema da escassez.
Para ela, é um método arriscado e
um assunto que “não deve ser discutido no gabinete da presidente, mas sim com
os integrantes das bacias hidrográficas”.
Alckmin se reuniu com a presidente
Dilma Rousseff em Brasília e pediu que a água do Rio Paraíba do Sul, que
abastece o Rio de Janeiro e o Vale do Paraíba, por isso é considerado
interestadual, fosse despejada no Sistema Cantareira, que está em estado
crítico devido à escassez das chuvas.
A medida depende da autorização
Agência Nacional de Águas (ANA).
“Imagino que seja uma outorga
emergencial, com tempo para começar e tempo para parar. Se for isso, é até
compreensível, pois estamos em um estado de calamidade pública. Desta forma,
uma região tem que socorrer a outra", explica.
"Mas isso não pode ser tratado
com normalidade, porque o Paraíba do Sul também tem nível baixo por conta das
atividades que acontecem lá, como extração de areia e plantações de eucalipto.
É como uma colcha que, se puxarmos, ficará pequena para todo mundo”.
Represa localizada na cidade de
Vargem (SP), do Sistema Cantareira
Toda essa discussão, segundo ela,
faz com que o Brasil e a Região Metropolitana de São Paulo sejam vistos por
organizações internacionais como um dos locais que, no futuro, terá alto
potencial de conflito pelo uso da água.
“Essa disputa entre Rio de Janeiro,
Paraná, São Paulo e Minas Gerais faz com que cada gota da água seja preciosa”,
explica.
Sobre a viabilidade do projeto de
transposição do Paraíba do Sul para o Sistema Cantareira – que receberia
investimentos para construção de canais e túneis para passagem da água – Malu
Ribeiro disse que é preciso avaliar a viabilidade do projeto com um estudo de
impacto ambiental.
"O ideal para que isso possa
ser é que a decisão seja tomada pelos comitês de bacias e pela sociedade em
geral", complementou.
Rios brasileiros
Estudo divulgado pela SOS Mata
Atlântica analisou a qualidade de 96 rios, córregos e lagos de 7 estados das
regiões Sul e Sudeste e aponta que 40% desses recursos d’água tiveram qualidade
ruim ou péssima.
Apenas 11% dos rios e mananciais
mostraram boa qualidade – todos eles localizados em áreas protegidas e que
contam com matas ciliares preservadas.
As principais fontes de poluição e
contaminação, segundo a ONG, são decorrentes da falta de tratamento de esgoto
doméstico, produtos químicos lançados nas redes públicas e da poluição
proveniente do lixo. (g1)
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