Plano da Sabesp estipula início do
bombeamento do 'volume morto' em um mês e fim da captação na estação chuvosa;
rodízio ainda não é previsto.
A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) vai
dividir em duas etapas a captação de água do chamado "volume morto"
do Sistema Cantareira. A empresa projeta que os 196 bilhões de litros que
começam a ser retirados do fundo dos reservatórios daqui a 30 dias sejam
suficientes para abastecer a Grande São Paulo até 27 de novembro.
A empresa detalhou o plano de emergência ao comitê anticrise que
monitora a seca do principal manancial paulista. O grupo é liderado por
técnicos do Departamento de Água e Energia Elétrica (DAEE), do governo
paulista, e da Agência Nacional de Águas (ANA), do governo federal. Ambos
definem a vazão máxima de água que a Sabesp pode retirar por mês do Cantareira
para abastecer 47,3% da Região Metropolitana. Ontem, o nível do volume útil do
sistema estava em 12,1%.
Segundo fontes ligadas ao comitê, a Sabesp não apresentou nenhum plano
de racionamento generalizado de água. Caso não volte a chover dentro do
esperado a partir de novembro, quando começa a temporada chuvosa, a empresa
pretende retirar mais água do "volume morto", que tem mais de 400
bilhões de litros. Esse volume é chamado assim porque a água fica abaixo do
limite das comportas das represas e tem de ser bombeada. Procurada, a Sabesp
não confirmou nem negou as informações.
Na semana passada, a presidente da empresa, Dilma Pena, disse que o
abastecimento está garantido sem o rodízio generalizado de água até novembro.
Em fevereiro, o diretor metropolitano da Sabesp, Paulo Massato, já havia dito
ao Estado que, "se não chover dentro da média nos próximos meses", a
companhia teria de adotar "medidas mais drásticas", como
racionamento. O mesmo cenário foi descrito no relatório de sustentabilidade da
empresa, divulgado há duas semanas.
Cronograma
Ao comitê, a Sabesp informou que em 15 de maio começa a retirar 116
bilhões de litros represados abaixo dos túneis de captação das Represas
Jaguari-Jacareí, na cidade de Joanópolis, interior paulista. Previsto para
junho, o uso do "volume morto" foi antecipado nos dois principais
reservatórios do sistema porque eles estão em situação mais crítica, com 4,9%
da capacidade.
Essa primeira captação acaba em 28 de agosto. A partir de setembro,
começa a retirada de 80 bilhões de litros da Represa Atibainha, em Nazaré
Paulista, que tem duração prevista até 27 de novembro. Ontem, o reservatório
estava com 48,4% da capacidade. Ao todo, a Sabesp deve gastar R$ 80 milhões com
obras para fazer a captação profunda.
Especialistas ouvidos pelo Estado dizem que a água do "volume
morto" pode ter contaminantes que não são tratados no sistema convencional
de abastecimento. A Sabesp, no entanto, garante a qualidade da água. (OESP)
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