Indianos que
vivem em favela de Mumbai usam torneiras públicas para ter acesso a água.
O crescimento
demoeconômico da Índia está aumentando o stress hídrico do país. A população da
Índia era de 371,8 milhões de habitantes em 1950 e chegou a 1,224 bilhão em
2010. Mais que triplicou em 60 anos. A divisão de população da ONU estima, para
o ano de 2050, uma população de quase 2 bilhões na hipótese alta, de 1,69
bilhão na hipótese média e de 1,457 bilhão na hipótese baixa. Para o final do
século as hipóteses são: 2,57 bilhões de habitantes, na alta, de 1,55 bilhão,
na média, e 880 milhões na hipótese baixa. Em qualquer cenário a população
indiana vai crescer até 2050. Na menor das hipóteses, o crescimento terá um
acréscimo de 250 milhões de habitantes até meados do atual século.
Após o fim da URSS, a
Índia fez uma série de reformas liberalizantes que manteve o crescimento
econômico acima de 6% ao ano. Em poder de paridade de compra a Índia é a
terceira maior economia do mundo e precisa gerar um milhão de empregos por mês
somente para incorporar as novas gerações que chegam à idade ativa.
Mas o crescimento demográfico
e econômico pode ser travado pela falta d’água. A Índia abriga 16% da população
mundial, mas possui somente 4% da água potável do mundo (a título de comparação
o Brasil possui 3% da população mundial e 13% da água doce disponível do
Planeta, mesmo assim está embarcando na canoa furada da transposição de água do
rio São Francisco e o governador de São Paulo quer transpor água do rio Paraíba
do Sul para o sistema Cantareira). Em geral, ninguém se preocupa com o direito
da água e com a liberdade dos rios, o que faz com que a visão utilitarista da
natureza esteja gerando uma grande pressão sobre os recursos hídricos.
A escassez de água
potável está se tornando cada vez mais aguda em todo o mundo, mas especialmente
na Índia. A disponibilidade indiana de água per capita, no período 1951-2001,
diminuiu de 5.177 litros para 1.820 litros por ano e deve se reduzir para 1.140
litros por pessoa até 2050. Nos últimos anos, o rápido desenvolvimento das
indústrias mineradoras em várias regiões da Índia contaminou a água potável que
é consumida pela população. O desmatamento massivo e a degradação do meio
ambiente agravam a crise hídrica.
Os rios da Índia
estão ficando muito rasos, não sendo capazes de conter água suficiente para
sustentar as demandas de diversos setores. Além disto a China faz barragens no
Tibet desviando e utilizando grande parte da água que ia para a Índia e o
sudeste asiático. Por isso a maioria dos agricultores indianos depende da água
subterrânea para os suas atividades agrícolas, bem como para fins domésticos.
Mas a sobreutilização dos aquíferos pela agricultura irrigada diminui os
estoques de água.
Segundo reportagem do
jornal indiano Economic Times (ET), há cerca de 50 anos, no norte da Gujurat,
os agricultores obtinham água dos poços escavados numa profundidade de 30 a 40
pés. Agora os poços tubulares estão indo até 1.300 pés. Mesmo assim, está
difícil a extração de água, pois não há recarga suficiente dos aquíferos.
Portanto, a maior parte da Índia rural está sob estresse hídrico.
Em resumo:
- Índia está
enfrentando uma crise de água potável, pois tem apenas 4% da água doce do
mundo, mas 16 % da população global;
- Metade do
abastecimento de água da Índia em áreas rurais (onde vivem 70% da população do
país) está contaminada por bactérias tóxicas;
- Todos os anos,
cerca de 600.000 crianças indiana morrem de diarreia ou pneumonia, muitas vezes
causados ??por água tóxica ou falta de higiene;
- A falta de água
potável tem afetado a saúde dos indianos de todas as idades;
- A geração de
empregos na indústria na Índia tem diminuído nos últimos anos e uma das
principais razões é as dificuldades para obter água limpa.
Nos últimos 20 anos,
parecia que a Índia, finalmente, conseguiria reduzir a pobreza e se tornar uma
grande potência mundial. Além de ser decantada como economia emergente e membro
dos BRICS pelo establishment internacional, o economista Richard Bruce, da
Universidade da Califórnia, chegou até a considerar que a Índia sairia do
Terceiro Mundo para o Primeiro Mundo durante o século XXI.
Porém, o sonho de
progresso está indo por água abaixo, dentre outros motivos, devido à crise
hídrica e ao agravamento dos problemas ambientais.
A Índia é uma
potência emergente que está submergindo. A crise econômica está deixando toda
uma geração de jovens sem emprego e sem alternativas de vida descente.
O que se prevê para o
futuro imediato da Índia é, lamentavelmente, crise econômica, ambiental e
social. (ecodebate)
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