Aquecimento global contribuiu pouco para a estiagem no
Centro-Sul
A falta de chuva
diminuiu o volume de água do Sistema Cantareira, que abastece São Paulo
Apontado como o vilão
das mudanças climáticas, o aquecimento global tem o papel questionado na
estiagem que atingiu o Sul e o Sudeste no início do ano. Para os
meteorologistas ouvidos pela Agência Brasil, as emissões de gás carbônico, no
máximo, pioraram o calor no Sul e no Sudeste, mas não foram a causa do verão
mais seco no Centro-Sul desde o início das medições, em 1931.
A combinação entre o
resfriamento do Oceano Pacífico, que tem provocado chuvas abaixo da média nos
últimos anos no Centro-Sul do país, e o aquecimento anormal da porção sul do
Atlântico provocou a estiagem. As águas aquecidas próximas à costa brasileira
fortaleceram um sistema de alta pressão que impediu a entrada de frentes frias
e aumentou o calor em janeiro e fevereiro. No entanto, a relação entre a
alteração no Atlântico e o aquecimento global ainda não é clara.
“A estiagem foi mais
grave que o previsto justamente por causa do sistema de alta pressão do
Atlântico que bloqueou as frentes frias, mas não há comprovação de que o
Atlântico ficou mais quente por causa do aquecimento global”, explica o
diretor-geral da MetSul Meteorologia, Eugenio Hackbart.
Para o especialista
em tendências climáticas da Climatempo, Alexandre Nascimento, o aquecimento
global está mais relacionado a eventos isolados, como enchentes e furacões, do
que a fenômenos de vários anos de duração, como o ciclo de temperaturas baixas
no Oceano Pacífico. Ele também questiona se o calor foi consequência apenas das
emissões de gás carbônico. “A seca foi tão quente por causa do aquecimento
global ou por causa do desmatamento e do crescimento das cidades? As
associações não são tão simples”, opina. (ecodebate)

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