Especialistas dizem que não há solução de curto prazo para
abastecimento de água em SP
Sistema Cantareira: Representação Gráfica dos Reservatórios
Especialistas constataram que não
há solução de curto prazo para o risco de colapso no abastecimento de água em
São Paulo. Autoridades públicas paulistas e do governo federal discutiram o
problema da escassez de água no estado, em audiência pública em 03/04/14 da
Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio da Câmara dos
Deputados.
O intenso calor e a falta de
chuvas no primeiro trimestre do ano provocaram queda inédita nos níveis dos
reservatórios de água abastecidos pela bacia hidrográfica dos rios Piracicaba,
Capivari e Jundiaí, em São Paulo.
O maior reservatório de água do
estado, o Cantareira, abastece quase 9 milhões de pessoas na região
metropolitana e nas regiões de Piracicaba e Campinas e pode entrar em colapso
já no mês de julho, segundo relatório do Grupo Técnico de Assessoramento para
Gestão (Gtag), criado para acompanhar a crise.
Na série histórica da pior seca
de São Paulo, no início dos anos 50 (1952/53), a vazão registrada foi 26,53 m3
cúbicos por segundo. De outubro a março a vazão registrada era de 16,4 m3
por segundo.
Se houver o colapso, haverá
necessidade de usar o chamado “volume morto” de água, que necessita de
bombeamento para ser captado. O Gtag liberou o aumento da vazão no sistema
Cantareira, e hoje alcança pouco menos do que 25 mil litros de água por
segundo.
Rio Paraíba do Sul
Segundo o coordenador do programa
Mananciais da Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp), Ricardo
Guilherme Araújo, a solução emergencial é a captação de parte das vazões do Rio
Paraíba do Sul para São Paulo para a recuperação dos níveis normais das
represas que formam o sistema Cantareira.
A bacia do Rio Paraíba do Sul, no
entanto, é a principal fonte de captação de água para a região metropolitana do
Rio de Janeiro e de algumas cidades paulistas da região. “É preciso um acerto
político firmado em bases técnicas. Nós acreditamos que, sob o ponto de vista
técnico, essa solução é plenamente justificada e não prejudica ninguém.
A ideia é fazer uma interligação
no reservatório do Jaguari, afluente do Paraíba do Sul, para Atibainha, que faz
parte do sistema Cantareira. Isso daria uma segurança maior.
O assessor da Secretaria de
Saneamento e Recursos Hídricos de São Paulo, Rui Brasil Assis, garantiu que
ninguém vai ser prejudicado. “Essa é uma questão muito polêmica, mas temos
convicção que não prejudica nem o Vale Paulista nem o estado do Rio porque
todas as vazões normatizadas pela ANA deverão ser observadas.”
O diretor da Agência Nacional de
Águas (ANA), Vicente Andreu Guillo, afirmou que em uma situação de crise devem
ser consideradas todas as alternativas que ofereçam segurança à população. Mas
assinalou que o assunto precisa ser negociado à luz dos diversos interesses e
impactos que podem causar.
Guillo apontou a necessidade de
reformar a Constituição no trecho que trata da dominialidade das águas. O texto
estabelece trechos de rio com propriedade federal e estadual, o que dificulta a
solução de forma integrada dos problemas de recursos hídricos, como o caso
atual. “Quem consegue entender. Se pegar o Paraíba do Sul, é um rio federal, o
afluente Jaguari é estadual. Fazer uma transposição do Jaguari, que é estadual,
para um reservatório, que é federal, que dá origem a um rio estadual,
pequenininho, que depois vai formar um rio estado-federal, que é o Atibaia, que
depois vai formar um rio federal, que é o Piracicaba, que depois vai desaguar
no rio Tietê, que é um rio estadual, que depois vai desaguar em um rio federal,
que é o Paraná. Quem entende isso?”
Soluções emergenciais
Entre as soluções emergenciais já
adotadas em São Paulo está a concessão de bônus aos consumidores que
economizarem energia elétrica. Segundo dados da Secretaria de Recursos Hídricos
do estado de São Paulo, a campanha fez com que 76% dos consumidores paulistas
reduzissem o consumo. (ecodebate)
Nenhum comentário:
Postar um comentário