Colapso do sistema deve acontecer em julho. Ampliação do
desconto de 30% nas contas pode custar R$ 800 milhões à Sabesp.
Vista da represa Jaguari, que faz parte do Sistema Cantareira, em
Bragança Paulista, no interior de São Paulo
O comitê anticrise responsável por
monitorar o Sistema Cantareira alertou a Companhia de Saneamento Básico do
Estado de São Paulo (Sabesp) que a utilização do chamado volume morto pode ser
necessária antes do previsto nas Represas Jaguari e Jacareí, que ficam entre as
cidades de Bragança Paulista e Joanópolis, no interior paulista, segundo
informou o jornal O Estado de S. Paulo.
O alerta se deve ao fato de que os
dois reservatórios (considerados o coração do Cantareira
por armazenarem 82% da água do manancial) estão com apenas 6% da
capacidade, bem abaixo dos 13,3% de todo o sistema, que é formado por outras
três represas: Cachoeira, Atibainha e Paiva Castro.
Segundo estimativa do comitê, o
volume útil do sistema, que ontem estava com 130,6 bilhões de litros, deve
acabar em meados de julho - estimativa que inicialmente previa seca para
agosto. Em contrapartida, a Sabesp já conta com o esgotamento do sistema em 21
de junho. Segundo a empresa, as obras para captar 200 bilhões de litros do
volume morto, que fica abaixo do nível das comportas, devem ser concluídas a
tempo. Além das Represas Jaguari e Jacareí, a captação será realizada na
Atibainha.
Medidas e custos
Além da utilização do volume morto,
outra medida que está sendo adotada para tentar evitar o racionamento é o
desconto de 30% na conta de quem reduzir o consumo em pelo menos 20%.
Anteriormente, apenas onze cidades contavam com o bônus. O governador de
São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), anunciou nesta semana a
ampliação do bônus para os 31 municípios do Estado, equivalente
a cerca de dezessete milhões de clientes.
Este recurso, no entanto, irá
custar 800 milhões de reais para a Sabesp, segundo Alckmin. "O valor vai
depender de até quando vai o programa de bonificação. Então, se você imaginar
que vai até o fim do ano, pode ficar em torno de 800 milhões de reais. Mas isso
só é possível saber de acordo com o período que o bônus ocorrerá", disse o
governador durante vistoria às obras do Metrô, na Zona Sul da capital. Após
isso, informou que o plano terá validade até dezembro deste ano.
Segundo Alckmin, o impacto do
desconto não prejudicará necessariamente os investimentos da Sabesp. Quanto a
isso, a empresa informou que ainda está "em processo de análise e
revisão" do orçamento, mas que "não haverá nenhum cancelamento de
obras". "De imediato, apenas e tão somente, será feito o alongamento
de alguns cronogramas."
Em 31/03/14 o diretor de Finanças e
de Relações com Investidores da empresa, Rui Affonso, disse que cortaria 700
milhões de reais das despesas previstas para 2014 por causa da crise.
O prefeito da capital paulista,
Fernando Haddad (PT), afirmou que as administrações da Grande São Paulo
vão se reunir com Alckmin nesta quinzena para discutir a crise de estiagem.
"Acho que a primeira providência é fazer uma grande reunião para que a
Sabesp apresente seu plano de contingência, para que nós possamos ajudar na
medida das nossas possibilidades o governo do Estado a gerenciar essa crise de
água", disse Haddad. (veja)
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