O turismo é considerado um grande negócio, pois gera um
impacto significativo sobre a economia de um determinado destino. Conforme
Archer e Cooper (2001), durante muito tempo os estudos referentes ao impacto do
turismo sobre uma determinada destinação se concentravam na análise de aspectos
econômicos. No entanto, diversos destinos tiveram os seus benefícios econômicos
neutralizados em função das consequências ambientais e sociais decorrentes da
atividade turística.
Archer e Cooper (2001) citam que a dificuldade em
quantificar os impactos ambientais e sociais retardou o desenvolvimento de
metodologias de mensuração desses impactos e consequentemente a produção de
estudos sobre esses temas. Somente com o surgimento do ambientalismo e a
consequente preocupação com os ambientes naturais é que se verificou que os
custos sociais e principalmente os ambientais superam seus benefícios
econômicos.
A atividade hoteleira, enquanto subsistema do segmento
turístico, também pode contribuir de forma negativa para com a degradação
ambiental, basta que seja gerida de modo incorreto.
Para Dias (2006), podemos encontrar como impactos causados
por esta atividade tanto aqueles relacionados ao uso dos recursos naturais, bem
como os de característica poluidora. Isto porque estes impactos se diferenciam
exatamente pelo momento no qual os mesmos estão inseridos no contexto dos
processos da atividade hoteleira. Os impactos causados devido ao mau uso dos
recursos naturais ocorrem a partir da entrada do processo. Já os impactos
poluidores se dão na saída, ou seja, ao término do processo.”
A água e a energia são recursos essenciais, escasso e
indispensáveis. O uso descontrolado da água pode ser observado na hotelaria
tanto para uso de higiene e limpeza, como cozinha, jardins, lavanderias e
sanitários em geral, em atividades de lazer, como em piscinas e saunas, ou em
aspectos decorativos, tais quais chafarizes, cascatas e córregos artificiais.
Também de fundamental importância, observa-se a
aplicabilidade do uso de energia na hotelaria em praticamente todas as
atividades desempenhadas, oferecidas, administradas ou controladas por esta.
Resíduos sólidos são gerados desde embalagens e restos de
comida até resíduos de limpeza e manutenção. Mas poucos estabelecimentos tem
programas adequados de gestão de resíduos sólidos.
Os meios de hospedagem sempre trazem consigo o problema da
destinação de seu esgoto e demais efluentes, tais como as demais águas
servidas. Este tipo de poluição afeta rios, mares e lagoas, causando danos à
flora e à fauna destes lugares. Além disso, a poluição dos lançados esgotos
traz problemas à saúde, tanto dos seres humanos como dos animais. Os resíduos
lançados diretamente nos oceanos ou rios podem diminuir a qualidade dos
atrativos turísticos dos empreendimentos hoteleiros ao reduzir a população de
peixes e tornando a água imprópria para a atividade recreacional.
Para Fiksel (1996), o planejamento hoteleiro envolve
diversas variáveis, sendo uma delas, como tem sido visto, relacionada à questão
ambiental. Assim, desenvolver a hotelaria e ao mesmo tempo conciliar o respeito
à sustentabilidade, preservar o meio ambiente, a cultura local e manter-se
atrativo turisticamente é um dos principais desafios para os planejadores
hoteleiros da atualidade. Por isso a qualidade na exploração hoteleira depende
e muito da qualidade do meio ambiente no qual ela está inserida.
Neste contexto, a gestão ambiental, incluindo tratamento e
potabilização da água para consumo humano, gestão de resíduos sólidos,
monitoramento atmosférico, otimização do uso de recursos hídricos e
eficientização energética, evita a deterioração dos recursos naturais, que são
um fator fundamental para o planejamento hoteleiro. Em função disso, os hotéis
estão trazendo o gerenciamento ambiental para o dia a dia de seus negócios,
pois utilizam os recursos naturais, energia, água e outros materiais que estão
sob ameaça crescente.
Há uma série de programas, projetos e sistemas de gestão
ambiental (SGAs) sendo implementados pelas empresas brasileiras. Dentre estes,
os mais reconhecidos e aplicados à hotelaria nacional serão abordados a partir
de agora.
A Norma Técnica de Requisitos de Sustentabilidade para Meios
de Hospedagem – NIH-54 vem, dentro da perspectiva dos SGA existentes, fazer uma
interpretação das normas da série ISSO 14000, aplicando-as diretamente ao
cotidiano das atividades dos meios de hospedagem. A norma foi desenvolvida pelo
Instituto de Hospitalidade (IH) com o apoio do Banco Interamericano de
desenvolvimento (BID) e da agência de Promoção de Exportações e Investimentos
(APEX). Foi construída de forma representativa, voluntária e legitimada pelos
representantes de vários segmentos interessados, dentre eles a ABIH, o Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas empresas (SEBRAE) e a Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
O Projeto Ecologia tem como objetivo a implantação das ações
de proteção ao meio ambiente, descritas na Carta Ambiental Accor, documento
lançado na França e 1997, em todas as unidades da rede. O projeto vem sendo
desenvolvido no Brasil desde 1999, com o envolvimento efetivo de todos os
colaboradores da Rede Accor e de parceiros preocupados com a preservação
ambiental.
Essa também é a preocupação da Accor do Brasil que há dois
anos, desenvolve uma política ambiental nas centenas de unidades que
administra. De acordo com o Diretor Geral da Rede Accor Hotel no Brasil, Roland
de Bonadona, o projeto começou o trabalho de envolver funcionários e hóspedes
com a questão ambiental, despertando neles inicialmente o cuidado com a
reciclagem. Hoje, com o sucesso alcançado pelo projeto, a meta inclui ainda a
economia de eletricidade e gás, emprego pelos funcionários dos recursos obtidos
com a reciclagem em projeto ambiental ou social. (ecodebate)
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