Para o prefeito Fernando Haddad, será possível trabalhar 7% de todos os
resíduos coletados na capital paulista.
O prefeito de São
Paulo, Fernando Haddad (PT), afirmou em 28/05/14 na abertura do seminário sobre
resíduos sólidos, que o principal compromisso de sua gestão com esse assunto é
"levar a reciclagem a sério" e essa é a base do plano municipal de
resíduos, lançado em abril. Haddad prometeu para o mês que vem a inauguração de
duas centrais de reciclagem.
Para prefeito, situação atual fez população ‘perder a confiança na
reciclagem’
A primeira, na
Ponte Pequena, região central, será entregue na semana que vem, no Dia Mundial
do Meio Ambiente (5 de junho). A segunda, em Santo Amaro, zona sul, deve entrar
em funcionamento até o fim do mês. "As centrais vão multiplicar por mais
de três nossa capacidade de reciclagem. Vamos chegar a 7% (dos resíduos coletados) nesta
primeira etapa com as duas centrais e vamos superar a meta de campanha de
chegar a 10% (até o fim da gestão)",
disse. "Parece pouco, mas se considerarmos que 40% dos resíduos são secos,
significa que 25% vai ser recuperado. Isso é um salto importante para uma cidade
considerando o patamar em que ela está."
Atualmente, São
Paulo recicla 1,8% dos resíduos coletados. "Em comparação com cidades
medianamente desenvolvidas, já é uma vergonha. Temos aterros compatíveis com a
legislação, temos coleta porta a porta de referência, mas falta esse respeito.
Reciclagem é respeito. Mais que ao meio ambiente, ao trabalho", afirmou.
Falta de confiança
Para o prefeito, a
situação atual fez com que a sociedade paulistana perdesse a confiança na
reciclagem. "Por muitos anos, a população fez mais que o Estado. Separou
em sua casa e viu o Estado juntar de novo. Quando o resíduo chega a uma central
que não tem capacidade de reciclar, acaba indo para aterro. E quando isso chega
ao conhecimento público, a população perde o ânimo de separar", declarou.
Haddad disse esperar que, com o novo processo, a população possa se
"reencantar".
Dentro do pacote de
ações que serão realizadas na Semana do Meio Ambiente, a Prefeitura de São
Paulo planeja lançar também um plano de educação ambiental voltado para a
questão dos resíduos e entregar 2 mil composteiras caseiras para iniciar um
projeto-piloto de compostagem domiciliar dos resíduos orgânicos.
Papel das empresas
O secretário
municipal de Serviços, Simão Pedro, lembrou da necessidade de as empresas
entrarem nesse processo de coleta e reciclagem - papel que lhes cabe pela
chamada logística reversa.
A ferramenta,
instituída pela Política Nacional de Resíduos Sólidos, prevê que fabricantes,
importadores, distribuidores e comerciantes têm a obrigação de criar e manter
um sistema de retorno desses produtos pós-consumo, independentemente do sistema
público de coleta de resíduos. Este, no entanto, pode ser usado, desde que seja
remunerado para isso.
Pedro aproveitou o
seminário para propor exatamente isso às empresas. A meta do plano municipal é
que, até o fim da gestão, a coleta atinja 100% dos distritos paulistanos. Hoje,
75 dos 96 são atendidos. O que, segundo ele, é a parte mais cara para a
Prefeitura.
Para o secretário,
os setores empresariais que quiserem desenvolver a logística poderiam investir
em um fundo que será criado no Município. Segundo ele, esse fundo vai gerir os
recursos que serão provenientes da venda dos produtos das centrais de
reciclagem (além das duas previstas para junho, outras duas devem ser entregues
até o fim da gestão). Os recursos desse fundo serão aplicados nas cooperativas
e também reinvestido em pequenas centrais de reciclagem.
"O Ministério
Público já disse que não vai permitir que se use recursos públicos para fazer o
que cabe ao setor privado. Mas, se eles entrarem nessa conosco, investindo
nesse fundo, poderão cumprir a sua parte e nós atingiremos a meta de
reciclagem", afirmou. (OESP)
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