Fenômenos provocam extremos do clima em todo o mundo
De enchentes recordes a secas e incêndios selvagens
destruidores, uma mudança nas temperaturas do Oceano Pacífico pode provocar um
caos climático em todo o planeta.
O padrão de tempo oceânico do El Niño está ligado a secas na
Austrália e enchentes em partes da América do Sul, enquanto La Niña causa o
oposto, com os dois fenômenos ocorrendo em intervalos regulares.
Uma poderosa La Niña provocou enchentes recordes no leste da
Austrália em 2011, e tem sido culpada por secas inclementes no Texas e diversos
episódios de seca na América do Sul, prejudicando colheitas de milho e soja. E
há previsões de que El Niño pode voltar ainda este ano.
O que é El Niño? É um aquecimento de temperaturas de
superfície no Pacífico oriental e central. Pescadores do Peru notaram que a
chegada das águas mais quentes ocorre geralmente em torno do Natal. O fenômeno,
que acontece a cada três ou sete anos, leva a mais chuvas naquela parte da
América do Sul e a uma queda na pesca.
El Niños fortes podem levar ao enfraquecimento dramático dos
ventos alísios que sopram no Pacífico, o que provoca seca no sudeste da Ásia e
Austrália e em partes da África. Os ventos alísios são o padrão prevalente de
ventos de superfície leste encontrados nos trópicos, na seção mais baixa da
troposfera, perto do equador. Historicamente, foram usados por capitães de
navios para cruzar os oceanos do mundo durante séculos, permitindo a expansão
europeia nas Américas e rotas comerciais no Atlântico e no Pacífico.
Alguns El Niños podem afetar as monções indianas, com a
redução da chuva, o que ameaça colheitas e vidas. Globalmente, ele pode
provocar chuvas acima da média no Peru e na Bolívia, seca no sudeste da Ásia,
Austrália, Índia e nordeste do Brasil, ciclones no Pacífico Central e
tempestades no sul e oeste dos Estados Unidos. Também tende a cortar o número
de furacões no Atlântico, mas a aumentar o número de tempestades no leste do
Pacífico.
La Niña é um resfriamento anormal de temperaturas oceânicas
no Pacífico oriental e central. Isto provoca ventos alísios mais fortes no
Pacífico, que causam temperaturas muito quentes no Pacífico ocidental e em
torno do norte da Austrália, com chuvas acima da média. Tipicamente, também
fortalece ciclones durante a temporada dos fenômenos na Austrália. Como no caso
do El Niño, os impactos podem ser globais. Na Indonésia e partes da Austrália,
La Niña pode trazer enchentes, afetando a produção de trigo, açúcar, óleo de
palmeira e ainda as minas de carvão e ferro. Na Argentina e nas planícies dos
EUA, pode provocar seca, o que prejudica
colheitas de trigo e soja.
La Niña tende a levar a padrões de vento que favorecem a
formação de mais tufões no Atlântico e menos no Pacífico oriental, o que
potencialmente significa maior ameaça à produção de gás e petróleo no Golfo do
México e a cidades na Flórida.
Cientistas afirmam que os dois fenômenos podem estar sendo
potencializados pela mudança do clima, porque oceanos mais quentes também
alimentam tempestades e alteram os padrões do tempo. (abril)
Nenhum comentário:
Postar um comentário