Sabesp diz que reserva atual do Cantareira pode acabar em
outubro
Reserva do Cantareira pode acabar em 27/10/14, prevê Sabesp
No pior cenário considerado pela companhia, seria necessário
retirar mais 51 bilhões de litros do ‘volume morto’ para garantir abastecimento
até o fim de novembro.
Após incorporar cenários mais pessimistas no regime de
chuvas em seu plano de emergência para o Sistema Cantareira, a Companhia de
Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) prevê que o "volume
morto" que está sendo retirado das profundezas do manancial para abastecer
a Grande São Paulo pode acabar no dia 27 de outubro, um dia após o segundo
turno das eleições ao governo paulista.
Divulgada em 02/06/14 pelo comitê anticrise que monitora o
Cantareira, a estimativa da Sabesp considera uma retirada média do manancial de
21,2 mil litros por segundo nos próximos meses e uma vazão afluente (volume de
água que chega aos reservatórios) igual a 50% da mínima histórica registrada no
período. Neste cenário, a capacidade atual do manancial, incluindo os 182,5
bilhões de litros do "volume morto", será insuficiente para garantir
o abastecimento até o fim de novembro, data definida como horizonte do plano
emergencial. Faltariam 51 bilhões de litros.
Ocorre que as projeções da Sabesp são mais otimistas do que
a realidade. Em maio, por exemplo, a vazão afluente ao Cantareira foi
equivalente a apenas 39% da mínima história deste mês, registrada no ano 2000.
Ou seja, pior do que os 50% que a Sabesp considerou em seu cenário mais
pessimista. Só no mês passado, o déficit de água do sistema foi de 43,3 bilhões
de litros, o equivalente a uma redução de 4,45% do volume útil do
manancial.
Nesta segunda-feira, o Cantareira está com 24,7% da
capacidade, segundo a Sabesp. Ao lançar a captação inédita da reserva profunda
do manancial no dia 15 de maio, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse que a
reserva garantiria o abastecimento até "o início das próximas
chuvas", que tradicionalmente ocorrem a partir de outubro. Semanas antes,
o secretário estadual de Saneamento e Recursos Hídricos, Mauro Arce, garantiu o
abastecimento de água sem racionamento generalizado até março de 2015.
Para cumprir a promessa, a Sabesp terá de utilizar mais uma
parte do "volume morto", que possui ao todo cerca de 400 bilhões de
litros. A concessionária já informou ao grupo técnico liderado pela Agência
Nacional de Águas (ANA) e pelo Departamento de Água e Energia Elétrica (DAEE)
que pretende utilizar mais uma parte da reserva profunda do Cantareira, nas
represas Jaguari-Jacareí, entre Bragança Paulista e Joanópolis.
O plano de emergência da Sabesp foi refeito após ter sido
rejeitado pelo comitê anticrise, conforme o Estado antecipou na semana passada.
Na nova proposta, a Sabesp reduziu em 4,5% a média de retirada de água do
sistema prevista até o dia 30 de novembro, de 22,2 mil litros por segundo para
21,2 mil litros por segundo. Segundo o comitê, a exceção do representante da
Sabesp, os demais integrantes "ressaltam que a proposta apresentada pela
Sabesp para as condições mais desfavoráveis não conseguiu compatibilizar as
demandas dos cenários futuros de vazões afluentes com o atual volume disponível
por bombeamento".
Por ora, ANA e DAEE determinaram que, a partir de 03/06 a vazão de água liberada para a Sabesp será de 21,5 mil litros
por segundo, o que representa uma redução de 4% em relação a vazão permitida
hoje, de 22,4 mil litros. Na prática, a concessionária já tem operado com um
volume de água estabelecido. Mas dentro do comitê, ainda se discute se a
necessidade de se deixar cerca de 50 bilhões de litros de reserva do atual
"volume morto" para o mês de dezembro, caso a estiagem se repita na
próxima temporada de chuvas.
Neste caso, a Sabesp só conseguiria guardar este volume se
as vazões afluentes nos próximos meses forem iguais às piores da história:
sobrariam 45 bilhões de litros para dezembro. Neste ano, isso ainda não
aconteceu. Em outra simulação apresentada, com uma vazão afluente igual a 75%
da mínima história, o "volume morto" acabará no dia 26 de novembro,
restando mais 4 bilhões de litros para manter o abastecimento até o final do
mês.
Desacordo
Em nota, a Sabesp informou que "mantém as suas
projeções inicialmente apresentadas" e que o comitê anticrise
"obrigou a companhia a apresentar projeções muito mais pessimistas",
que seriam as vazões afluentes de 50% e 75% inferiores às mínimas históricas
registradas entre junho de novembro.
"Mas esta não é a posição da Sabesp. A Companhia mantém
seus dados e estimativas antes encaminhadas. Por fim, é importante anotar que
não há qualquer decisão dos reguladores, Agência Nacional de Águas e DAEE.
Trata-se de mera recomendação do GTAG (comitê anticrise) que será ainda
avaliada", afirma a Sabesp. (OESP)
Nenhum comentário:
Postar um comentário