segunda-feira, 9 de junho de 2014

Reserva atual do Cantareira pode acabar em outubro

Sabesp diz que reserva atual do Cantareira pode acabar em outubro
Reserva do Cantareira pode acabar em 27/10/14, prevê Sabesp
No pior cenário considerado pela companhia, seria necessário retirar mais 51 bilhões de litros do ‘volume morto’ para garantir abastecimento até o fim de novembro.
Após incorporar cenários mais pessimistas no regime de chuvas em seu plano de emergência para o Sistema Cantareira, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) prevê que o "volume morto" que está sendo retirado das profundezas do manancial para abastecer a Grande São Paulo pode acabar no dia 27 de outubro, um dia após o segundo turno das eleições ao governo paulista.
Divulgada em 02/06/14 pelo comitê anticrise que monitora o Cantareira, a estimativa da Sabesp considera uma retirada média do manancial de 21,2 mil litros por segundo nos próximos meses e uma vazão afluente (volume de água que chega aos reservatórios) igual a 50% da mínima histórica registrada no período. Neste cenário, a capacidade atual do manancial, incluindo os 182,5 bilhões de litros do "volume morto", será insuficiente para garantir o abastecimento até o fim de novembro, data definida como horizonte do plano emergencial. Faltariam 51 bilhões de litros.
Ocorre que as projeções da Sabesp são mais otimistas do que a realidade. Em maio, por exemplo, a vazão afluente ao Cantareira foi equivalente a apenas 39% da mínima história deste mês, registrada no ano 2000. Ou seja, pior do que os 50% que a Sabesp considerou em seu cenário mais pessimista. Só no mês passado, o déficit de água do sistema foi de 43,3 bilhões de litros, o equivalente a uma redução de 4,45% do volume útil do manancial. 
Nesta segunda-feira, o Cantareira está com 24,7% da capacidade, segundo a Sabesp. Ao lançar a captação inédita da reserva profunda do manancial no dia 15 de maio, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse que a reserva garantiria o abastecimento até "o início das próximas chuvas", que tradicionalmente ocorrem a partir de outubro. Semanas antes, o secretário estadual de Saneamento e Recursos Hídricos, Mauro Arce, garantiu o abastecimento de água sem racionamento generalizado até março de 2015.  
Para cumprir a promessa, a Sabesp terá de utilizar mais uma parte do "volume morto", que possui ao todo cerca de 400 bilhões de litros. A concessionária já informou ao grupo técnico liderado pela Agência Nacional de Águas (ANA) e pelo Departamento de Água e Energia Elétrica (DAEE) que pretende utilizar mais uma parte da reserva profunda do Cantareira, nas represas Jaguari-Jacareí, entre Bragança Paulista e Joanópolis.
O plano de emergência da Sabesp foi refeito após ter sido rejeitado pelo comitê anticrise, conforme o Estado antecipou na semana passada. Na nova proposta, a Sabesp reduziu em 4,5% a média de retirada de água do sistema prevista até o dia 30 de novembro, de 22,2 mil litros por segundo para 21,2 mil litros por segundo. Segundo o comitê, a exceção do representante da Sabesp, os demais integrantes "ressaltam que a proposta apresentada pela Sabesp para as condições mais desfavoráveis não conseguiu compatibilizar as demandas dos cenários futuros de vazões afluentes com o atual volume disponível por bombeamento".
Por ora, ANA e DAEE determinaram que, a partir de 03/06 a vazão de água liberada para a Sabesp será de 21,5 mil litros por segundo, o que representa uma redução de 4% em relação a vazão permitida hoje, de 22,4 mil litros. Na prática, a concessionária já tem operado com um volume de água estabelecido. Mas dentro do comitê, ainda se discute se a necessidade de se deixar cerca de 50 bilhões de litros de reserva do atual "volume morto" para o mês de dezembro, caso a estiagem se repita na próxima temporada de chuvas. 
Neste caso, a Sabesp só conseguiria guardar este volume se as vazões afluentes nos próximos meses forem iguais às piores da história: sobrariam 45 bilhões de litros para dezembro. Neste ano, isso ainda não aconteceu. Em outra simulação apresentada, com uma vazão afluente igual a 75% da mínima história, o "volume morto" acabará no dia 26 de novembro, restando mais 4 bilhões de litros para manter o abastecimento até o final do mês.
Desacordo
Em nota, a Sabesp informou que "mantém as suas projeções inicialmente apresentadas" e que o comitê anticrise "obrigou a companhia a apresentar projeções muito mais pessimistas", que seriam as vazões afluentes de 50% e 75% inferiores às mínimas históricas registradas entre junho de novembro.
"Mas esta não é a posição da Sabesp. A Companhia mantém seus dados e estimativas antes encaminhadas. Por fim, é importante anotar que não há qualquer decisão dos reguladores, Agência Nacional de Águas e DAEE. Trata-se de mera recomendação do GTAG (comitê anticrise) que será ainda avaliada", afirma a Sabesp. (OESP)

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