Para geólogo, intenção de lucrar vendendo mais água gerou
crise em São Paulo
Para Delmar
Mattes, falta de chuva não pode ser a única justificativa para a crise de
abastecimento. Geólogo denuncia que empresas atropelaram a legislação e
passaram a captar água nos rios individualmente.
O Governo de São
Paulo desistiu de cobrar multa por aumento no consumo de água. O recuo foi
anunciado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) em 09/07/14. A possibilidade
de punição foi uma tentativa de reduzir os impactos da crise da água, marcada
pelo baixo nível dos reservatórios que atendem a Grande São Paulo.
Com volumes de chuva
abaixo do esperado, o Sistema Cantareira – que abastece 9 milhões de pessoas –
chegou a 18,7%. O geólogo Delmar Mattes avalia que esta não pode ser a única
justificativa para a falta de água. Em entrevista ao Observatório do Terceiro
Setor, o especialista em infraestrutura e controle de enchentes aponta que
houve falha de gestão.
“A Sabesp aplicou a
política de mercantilização da água. Ela se transformou em uma empresa
interessada em vender uma quantidade cada vez maior de água. Inclusive, entrou
na Bolsa de Valores de Nova York e São Paulo. Com isso a prioridade era obter
mais lucro vendendo maior quantidade de água e acabou abandonando outras
políticas importantes para garantir água para todos.”
Outra medida tomada
pelo Governo foi a utilização do chamado “volume morto” dos reservatórios.
Segundo a Sabesp, todo o estoque deve acabar até 27 de outubro, caso não chova
consideravelmente. Mattes denuncia que as empresas atropelaram a legislação e
iniciaram uma “corrida” pela água.
“Tive notícias de que
muitas empresas, em Piracicaba, já estão captando água nos rios
individualmente. Cada um buscando individualmente sem definir prioridades que
estão previstas na Política Nacional de Recursos Hídricos.”
Estimativas indicam
que a probabilidade de superação da crise da água no Sistema Cantareira é de
apenas 25%. (ecodebate)
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