Os efeitos do fenômeno El Niño no Brasil produzem prejuízos
em algumas regiões e benefícios em outras. Embora os danos para a agricultura
sejam maiores. A região sul é a mais afetada. Em cada episódio, ocorre na
região sul, um aumento da pluviosidade, principalmente na primavera, fim de
outono e começo de inverno. O acréscimo de quase 150% de chuvas em relação aos
índices normais atrapalha a colheita. As temperaturas também mudam na região
sul e sudeste, com o inverno sendo amenizado e elevação das temperaturas.
As consequências do Fenômeno El Niño sobre as temperaturas é
benéfico para evitar a ocorrência de geadas com intensidade suficiente para
gerar danos para as culturas. Em compensação, ocorrem diminuições dos índices
pluviométricos na Amazônia e no Nordeste, aumentando as dificuldades com as secas
que duram até 2 anos em períodos de El Niño. As secas não se limitam apenas ao
sertão, ocorrendo déficits de chuvas inclusive no litoral.
O fenômeno La Niña é o oposto, caracterizando-se pelo
resfriamento anômalo da superfície do mar, na região equatorial do centro e
leste do Pacífico. Isso eleva a pressão da região, com a geração de ventos
alísios mais intensos. A duração do fenômeno também é de 12 a 18 meses.
Este fenômeno meteorológico produz menos danos que o El
Niño. Como consequência de La Niña as frentes-frias que atingem o sul do Brasil
tem sua passagem acelerada e se tornam mais intensas. Como sofrem menor
dissipação no sul e sudeste, muitas vezes atingem o Nordeste.
Quando isto ocorre, o sertão e o litoral baiano e alagoano
são afetados por aumentos das chuvas, com aumento da pluviosidade também no
norte e leste da Amazônia.
Na região centro-sul pode ocorrer estiagens, com queda dos
índices pluviométricos entre setembro e fevereiro, com a chegada mais intensa
de massas de ar polar, gerando antecipação do inverno e grandes quedas de
temperatura já no outono. No último episódio de La Niña, fortes massas de ar
polar, atingiram a região sul, causando neves nas áreas serranas e geadas já no
mês de abril. Neves geralmente ocorrem após o mês de maio, e as geadas mais ao
norte, costumam ocorrer só a partir de junho.
O efeito estufa apresenta uma situação mais complexa. Em
longo prazo, o planeta deve irradiar energia para o espaço na mesma proporção
em que ocorre a absorção da energia solar na forma de Radiações
Eletromagnéticas (REM). A energia solar chega no intervalo das ondas curtas do
espectro de radiações eletromagnéticas. Parte desta radiação é refletida e
repelida pela superfície terrestre e pela atmosfera. Uma parte da radiação
passa pela atmosfera, para aquecer a superfície terrestre. O planeta se livra
desta energia, mandando de volta para o espaço na forma de irradiação
infravermelha de ondas largas.
A maior parte desta irradiação no intervalo do espectro
eletromagnético do infravermelho que a terra emite é absorvida pelo vapor de
água, dióxido de carbono e outros gases, de efeito estufa, existentes na
atmosfera.
Desta maneira, estes gases impedem que a energia da terra
seja dissipada no espaço. Ao contrário, processos interativos, envolvendo a radiação
eletromagnética, as correntes de ar, a evaporação, a formação de nuvens e as
chuvas, transportam essa energia para altas esferas do interior da atmosfera,
onde a energia se irradia para o espaço. Este processo lento e indireto permite
a manutenção do aquecimento do planeta terra, que sem este fenômeno, seria um
lugar frio e sem vida, desolado e estéril como Marte.
Elevando de forma exagerada a emissão de gases, aumenta-se a
capacidade da atmosfera de absorver a radiação no espectro do infravermelho.
Esta emissão exagerada de gases produz o chamado efeito estufa, que está
perturbando a forma que o clima mantém este delicado equilíbrio entre a energia
que entra e que sai do planeta.
A duplicação da quantidade de gases de efeito estufa, que se
projeta para este século, reduziria a emissão de irradiações para o espaço em
até 2%. Isto exigiria um efeito de tamponamento do clima, que poderia ser muito
auxiliado pela redução do consumo de hidrocarbonetos, por exemplo.
Os efeitos das emissões de gases estão alterando o
equilíbrio do sistema, e algo necessita ser realizado para atenuar este
impacto. O protocolo de Kyoto é uma medida nesta direção. (ecodebate)
Nenhum comentário:
Postar um comentário