Por causa da crise da água, Hadad vai abrir poços artesianos
Perfurações serão feitas em caso de ‘emergência’ e servirão
como alternativa nas subprefeituras; licitação será concluída em 1 mês.
Diante do agravamento da crise da água em São Paulo, a
gestão Fernando Haddad (PT) vai contratar uma empresa para perfurar poços
artesianos na cidade em caso de “emergência”. A ideia é construir uma fonte alternativa
de abastecimento por cada uma das 32 subprefeituras da capital para suprir uma
possível falta de água em equipamentos públicos essenciais, como creches e
hospitais.
A Secretaria de Coordenação das Subprefeituras pretende
concluir a licitação por ata de registro de preço em um mês, para ter o serviço
à disposição por um ano e perfurar os poços em um prazo mais curto. “São para
casos de emergência. Com esse modelo, conseguimos fazer um poço em 20 dias”,
explica o engenheiro José Carlos Masi, assessor técnico de obras e serviços da
secretaria. Em média, uma contratação por concorrência leva mais de 60 dias.
Crise de estiagem que acometeu o Sistema Cantareira colocou
em risco o abastecimento da capital
Segundo ele, a licitação prevê a construção de quatro tipos
de poços semiartesianos, com profundidade média de 120 metros, dependendo da
condição geológica do solo. A capital paulista está predominantemente sobre os
Aquíferos São Paulo e Cristalino. De acordo com um fornecedor consultado pelo
Estado, cada poço desse tipo custa, em média, R$ 15 mil.
Após uma consulta feita em maio, a secretaria recebeu de 24
subprefeituras a indicação de 60 endereços onde os poços podem ser construídos.
Segundo Masi, os locais são hospitais e as próprias sedes das administrações
regionais. Agora, técnicos da prefeitura estão visitando as áreas apontadas
para uma avaliação hidrogeológica.
“Foi o prefeito quem nos pediu esse levantamento em função
dessa crise de estiagem. A ideia é não precisar usar, mas precisamos ter uma
alternativa nas mãos caso seja necessário”, afirmou Masi. “Assim que a
subprefeitura comprovar a necessidade de um poço, acionamos a empresa
contratada, que ficará encarregada de obter a licença ambiental, a outorga e
construir o poço”, completou.
Para construir um poço, é preciso obter outorga de uso de
água subterrânea do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) e licença
da Companhia Ambiental de São Paulo (Cetesb), ambos do governo estadual.
Segundo Masi, em casos de emergência, essas autorizações podem ser emitidas em
poucos dias. Em 2013, o Estado tinha 17.822 poços cadastrados, dos quais 30%
eram para uso industrial ou doméstico. Apenas 11% são destinados ao
abastecimento público. Muitos poços, contudo, são feitos de forma clandestina e
não entram no levantamento oficial.
Volume do Sistema Cantareira atingiu o
menor índice da história
Abastecimento
Segundo o DAEE, 52% dos 646 municípios paulistas usam
exclusivamente água subterrânea em seu abastecimento público e 19% utilizam
sistema misto, com água subterrânea e superficial. Não é o caso da capital
paulista, que é abastecida pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São
Paulo (Sabesp) com água dos mananciais.
Neste ano, porém, a crise de estiagem que acometeu o Sistema
Cantareira, o maior fornecedor de água para os cerca de 11 milhões de
paulistanos, em especial das zonas norte, oeste e central, colocou em risco o
abastecimento da capital. O Sistema Alto Tietê, o segundo maior da Grande São
Paulo e que abastece a zona leste, também está em nível crítico, apenas 12,6%
da capacidade, e o Guarapiranga tem alcance limitado.
Conforme o Estado revelou em agosto, a Sabesp planejou em
janeiro a criação de rodízio de água na parte atendida pelo Cantareira, no qual
dividia a região em três blocos e livrava do racionamento as áreas onde ficam
escolas e hospitais. O plano foi descartado e considerado inadequado pelo
governador Geraldo Alckmin (PSDB), que garante o abastecimento sem rodízio
oficial de água até março de 2015. (OESP)
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