terça-feira, 23 de setembro de 2014

Cantareira terá 10% a mais de água com 2° volume morto

Cantareira terá 10 pontos percentuais a mais de água com 2° volume morto
Sabesp não deu data para início da captação de 106 bilhões de litros.
Uso da reserva técnica elevaria para 18,7% capacidade em 22/09/14
A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) informou em 22/09/14 que a segunda cota da reserva técnica do Sistema Cantareira, conhecida como volume morto, elevará o nível dos reservatórios em 10,7 pontos percentuais. A capacidade das represas alcança recordes históricos negativos desde 20/09. Nesta segunda-feira, o nivel era de 8% da capacidade total.
Falta d'água
Seca afeta abastecimento
A Sabesp não informou quando começará a captação da segunda cota do volume morto. O SPTV, no entanto, apurou que cálculos dos técnicos da companhia apontam que o uso deve começar na segunda quinzena de novembro. Segundo a Sabesp, a obra, autorizada pelos órgãos reguladores, já está pronta e que as bombas só serão utilizadas se houver necessidade.
Se a segunda parte da reserva técnica começasse a ser explorada a partir desta segunda-feira, o nível do sistema pularia de 8% para 18,7%. São 106 bilhões de litros abaixo das comportas. A capacidade total do Cantareira é de 400 bilhões de litros, de acordo com a companhia.
Apesar das seguidas quedas no nível dos reservatórios, a Sabesp descarta a implantação de racionamento e defende que, mesmo sem chuva na primavera e no verão, o abastecimento da Grande São Paulo está garantido até março de 2015 com a transferência de água entre outros sistemas e bônus sobre a conta para quem economizar água.
Volume morto e seca
Desde 16 de maio o sistema capta água do seu volume morto. À época, o Cantareira marcava 8,2% da capacidade, menor nível em suas medições. Naquela data, o acréscimo da reserva técnica elevou a capacidade para 26,7%. Mas, desde maio, o sistema continuou entregando mais água do que recebe.
O meteorologista do Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) Thomaz Garcia explica que a chuva não auxilia o sistema por não ser contínua e regular. “Apesar de ter chovido, a estiagem continua. Essas chuvas que acompanhamos apenas melhoram a qualidade e a umidade do ar, mas não revertem a estiagem. São muito irregulares e não têm continuidade.”
Garcia ressaltou que São Paulo não tem um período de chuva acima da média há nove meses. Os últimos registros ocorreram em março e abril, quando foram registrados 27,1 milímetros. Desde então, a capital paulista tem acompanhado longos períodos de seca. Em 21/09, a precipitação foi de 11,4 mililitros.
Em 3 de setembro, após 101 dias de queda, o sistema registrou um dia de estabilidade, mantendo 10,7%, mesmo nível registrado um dia antes. No entanto, voltou a cair no dia seguinte, atingindo 10,6%. Desde então, não foram mais registrados dias de estabilidade no Cantareira.
Saiba mais
· Saída do grupo técnico
Em 19/09/14 a Agência Nacional de Águas (ANA) propôs o fim do grupo técnico formado por órgãos reguladores para auxiliar o governo paulista em sua gestão do Sistema Cantareira. Em ofício, a ANA também comunicou sua saída do grupo por discordar da postura da Secretaria Estadual de Recursos Hídricos sobre os limites adotados para captação de água e abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo.
O Grupo Técnico de Assessoramento para a Gestão do Sistema Cantareira (GTAG-Cantareira) foi criado em fevereiro para discutir alternativas à crise hídrica que causou queda no nível dos reservatórios.
Decisão ANA
O diretor-presidente da ANA, Vicente Andreu, afirmou em ofício enviado à superintendência do Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE) que o secretário de Recursos Hídricos, Mauro Arce, tem negado acordo à proposta de novos limites de retirada de água do Cantareira para a Região Metropolitana de São Paulo.
Em 18/09 a agência já havia divulgado alerta sobre a demora do governo em convocar nova reunião do GTAG para concluir a análise da proposta apresentada em reunião em 21 de agosto, e acordada pessoalmente entre Arce e Andreu, de reduzir as vazões de captação.
Desde o fim do mês passado, o G1 tem solicitado informações sobre as discussões da reunião do grupo, mas os detalhes não foram informados pela Secretaria de Recursos Hídricos e o Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE)
Discussões
O GTAG foi criado em 12 de fevereiro com o objetivo de assessorar a administração do armazenamento de água do Sistema Cantareira no período de crise hídrica. Além de ANA e DAEE, também fazem parte do GTAG representantes da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, do Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (Comitê PCJ) e do Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê (CBH-AT).
As reuniões do GTAG, presenciais ou à distância, foram realizadas a partir de convite encaminhado pelo DAEE, designado secretaria do Grupo, e na sequência foram expedidos comunicados disponibilizados nos sites das instituições integrantes do grupo.
A Sabesp defende que a queda dos reservatórios que atendem a Região Metropolitana de São Paulo é resultado da falta de chuva no último verão, o mais seco dos últimos 84 anos, época em que começaram as medições, e as temperaturas que permaneceram altas mesmo durante o inverno.
Barco fora da água após Represa de Nazaré Paulista baixar por causa da estiagem. (g1)

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