Chefe de parque em MG afirma que nascente do Rio São
Francisco está secando
Luiz
Arthur Castanheira, que coordena o Parque Nacional da Serra da Canastra, diz
que a seca na região é uma das piores dos últimos 30 anos.
Imagem mostra a
nascente antes de ser atingida pela seca
O prolongado período de estiagem está colocando em risco a
nascente do Rio São Francisco, em Minas Gerais. O alerta foi feito nesta
terça-feira pelo chefe do Parque Nacional da Serra da Canastra, Luiz Arthur
Castanheira. Segundo ele, a nascente do rio, situada em São Roque de Minas,
dentro da área de preservação na Região Centro-Oeste de Minas, está secando. A
vazão de água diminuiu significativamente nos últimos dias. Para Castanheira, a
situação é a pior dos últimos 30 anos. “A seca está brava demais. O que houve
aqui é que os pequenos tributários (afluentes) que existem na cabeceira maior
do São Francisco, na nascente, secaram nos últimos dias. Apenas uns dois
continuam com água, mas com uma vazão bem pequena”, explicou.
Segundo Castanheira, não há medidas paliativas para aliviar
a situação e o jeito é torcer para que a chuva chegue. “A água este ano
realmente está difícil. É uma coisa do ciclo natural, só que este ano a seca
veio mais grave. Não tem como bombear a água para lá, é rezar para chover. Está
sendo a pior seca de muitos anos", afirma Castanheira.
Devido à seca, o parque vem sofrendo com incêndios que
também atingiram as nascentes. “Tivemos neste último mês oito incêndios. O pior
é que a maioria é criminoso e ainda em uma época mais inapropriada de se fazer
queimadas. A vegetação em volta das nascente foi atingida, o que não acontecia
há quatro anos”, explicou.
A Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco é uma das mais
importantes do país. Ela abrange 639.219 km2 de área de drenagem.
Segundo o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) a vazão média
é de 2.850 m3 por segundo, o que equivale a 2% do total do país. O
rio tem extensão de 2,7 mil quilômetros. Ele nasce na Serra da Canastra, escoando no sentido sul-norte pela
Bahia e Pernambuco, quando altera seu curso para este, chegando ao Oceano
Atlântico através da divisa entre Alagoas e Sergipe.
Desde junho
Os altos investimentos para tentar conter as águas dos rios
não foram suficientes para evitar a situação da seca. De acordo com o Comitê da
Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, desde o ano passado foram gastos
aproximadamente R$ 30 milhões em Minas Gerais para a construção de barraginhas,
cercamento de nascentes, entre outras medidas. Porém, com o período de
estiagem, a as obras não foram suficientes.
Há três meses, a situação se agravou. “A situação veio à
tona a partir do mês de junho. A gente tinha uma tendência de um alto índice
pluviométrico em 2014 e isso não aconteceu. Isso fez com que a vazão de rios
diminuísse. Começamos a ver a situação de não afluentes e baixa afluência e
qualidade das águas abaixo das barragens. Até então, estávamos pensando que a
parte crítica do Rio São Francisco estava em Alagoas, mas daí percebeu-se que
aqui do alto, em Minas Gerais, que é responsável por 72% das águas do rio,
também estava secando”, diz Sílvia Freedman Ruas Durães, secretária nacional do
CBHSF. (em)
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