Plano previa Cantareira com 10% de capacidade em abril de
2015.
Nível é igual ao registrado no mesmo
mês deste ano; Sabesp entregará nova versão após o primeiro turno das eleições.
A versão inicial do plano de
operação da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) para
o Sistema Cantareira durante o período chuvoso previa que o manancial chegaria
em abril de 2015 com o mesmo nível crítico de armazenamento registrado após o
verão deste ano.
De acordo com a proposta, que será
revisada pela estatal e apresentada após o primeiro turno das eleições, os
reservatórios tinham 93% de probabilidade de chegar ao início do próximo
período de estiagem com os mesmos 10% de capacidade do seu volume útil
observados em abril de 2014.
Segundo o Estado apurou, as
projeções da Sabesp consideram a manutenção do atual limite máximo de retirada
de água do Cantareira para abastecer a Grande São Paulo em 19,7 mil litros por
segundo. A Agência Nacional de Águas (ANA), um dos órgãos reguladores do
manancial, chegou a anunciar um acordo com o governo Geraldo Alckmin (PSDB)
para reduzir a vazão de retirada para 18,1 mil litros por segundo a partir
deste mês, e para 17,1 mil litros por segundo a partir de novembro.
Cantareira
Sabesp considerou manutenção do
atual limite de retirada de água do sistema, de 19,7 mil litros por segundo.
Segundo Alckmin, o abastecimento de
água na Grande São Paulo sem rodízio está garantido até março de 2015.
Porém, o secretário paulista de
Saneamento e Recursos Hídricos, Mauro Arce, negou o acerto, o que resultou na
saída da agência federal do comitê anticrise do Cantareira.
Segundo a ANA, o plano de
contingência da Sabesp, intitulado “Projeção de Demana - Sistema Cantareira”,
foi enviado no fim da semana passada, após três adiamentos. Em 29/09/14,
contudo, a empresa informou ao órgão federal que a proposta “necessita de
correções em seu método/modelo” e pediu mais cinco dias úteis para encaminhar a
versão final. O prazo termina em 06/10/14.
Em 01/10/14 durante uma reunião com
prefeitos e empresários da região de Campinas para discutir uma proposta de
racionamento de água com o comitê das bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e
Jundiaí (PCJ), onde cerca de 5 milhões de pessoas são abastecidas pelo
Cantareira, o presidente da ANA, Vicente Andreu, classificou o plano da Sabesp
como “tecnicamente fraco”.
“Tanto é que eles mesmos pediram
para fazer correções”, afirmou o dirigente do órgão subordinado ao Ministério
do Meio Ambiente.
O Estado questionou
a Sabesp se as correções que faria no plano de contingência iriam alterar as
projeções para o Cantareira a partir de abril de 2015, mas a companhia
informou, por meio da assessoria de imprensa, que não se manifestaria sobre o
assunto.
Cálculo
Para que a projeção inicial da
Sabesp se confirme, o Cantareira precisaria acumular nas suas cinco represas
cerca de 380 bilhões de litros em seis meses. O cálculo considera que a
concessionária precisaria recuperar os 182,5 bilhões de litros da primeira cota
do volume morto, que começou a ser bombeada no dia 31 de outubro e deve acabar
em novembro, a segunda da reserva profunda, de 106 bilhões de litros, que deve
ser usada a partir do mês que vem, e mais 98 bilhões de litros do volume útil do
manancial, cuja capacidade é de 982 bilhões de litros.
A projeção da Sabesp é menos
otimista do que a adotada pelo secretário Mauro Arce. Segundo ele, o Cantareira
tem mais de 50% de chance de encher completamente em um ano. Para especialistas
em recursos hídricos e para o diretor metropolitano da Sabesp, Paulo Massato,
essa recuperação deve levar ao menos três anos. Os últimos cálculos da
companhia indicam que a crise da água em 2015 deve ser pelo menos igual a deste
ano.
Ações
Desde fevereiro, a Sabesp tem
adotado um conjunto de ações para diminuir a retirada de água do Cantareira,
que antes da crise era de 31 mil litros por segundo. Além do desconto na conta
para quem economizar água, ela remanejou os recursos hídricos de outros
sistemas para bairros atendidos pelo Cantareira, e reduziu a pressão da água na
rede de distribuição à noite, conforme o Estado revelou em abril, medida que
levou a queixas de falta d’água. Mesmo com essas medidas, a empresa teve de
captar água do volume morto do sistema que ainda abastece 6,5 milhões de
pessoas só na Grande São Paulo e, assim, não decretar o racionamento oficial.
Segundo Alckmin, o abastecimento de
água na Grande São Paulo sem rodízio está garantido até março de 2015. Em
janeiro, a Sabesp chegou a enviar ao governo um plano de racionamento para o
Cantareira, mas a medida foi descartada pelo governador, que o considerou
“inadequado”.
Queda
6,7% era o nível do Cantareira em
01/10/14, considerando a primeira cota do volume morto dos reservatórios.
10,7% era o nível do manancial no dia 30/04/14, antes do início da
captação da reserva profunda, iniciada em maio. (OESP)

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