Sanasa tenta usar água que vaza de reservatório 9 meses após
achar falha
Problema faz 86,4 mil litros serem desperdiçados diariamente
em Campinas.
Empresa planeja criar ponto para captar parte do líquido e
utilizar na cidade.
Reservatório da Sanasa tem problema e faz água vazar direto
para bueiro.
Sem uma solução imediata para
consertar o vazamento diário de 86,4 mil litros de água tratada no reservatório
da Vila Georgina, em Campinas (SP), a Sanasa informou em 27/10, que planeja
usar caminhões-pipa para captar parte do líquido que vai diretamente para um
bueiro. Mesmo em meio à crise hídrica, a eventual saída para amenizar a perda
começa a ser tomada apenas nove meses depois da data que a empresa afirmou ter
identificado o problema, janeiro deste ano. O caso foi denunciado pelo G1 na
semana passada.
De acordo com o diretor técnico da
Sanasa, Marco Antônio dos Santos, um levantamento topográfico na área da caixa
começou a ser realizado na manhã de 27/10. A intenção, segundo
ele, é encontrar um ponto dentro do terreno do reservatório onde possa ser
instalada uma válvula para puxar a água e, em seguida, transferir aos veículos.
Santos explicou que a obra que vai
permitir a captação deve ter início nesta terça-feira. A expectativa dele é que
parte da água desperdiçada possa ser aproveitada ainda nesta semana para a
Prefeitura fazer manutenção de jardins e limpeza de prédios. A solução definitiva
vai demorar seis meses.
O vazamento, segundo a empresa,
ocorre a seis metros de profundidade e há dificuldade para encontrar o local
para a válvula. "Precisamos investigar o melhor ponto para conseguir o
acúmulo dentro da nossa área. A partir de então será possível saber qual a
quantidade pode ser captada. A água que está lá escorre pela galeria e por
enquanto não conseguimos retirar", explicou o diretor técnico.
Aposentado fez sistema de captação
para usar água desperdiçada
Captação caseira
O G1 flagrou o vazamento em 23/10
e, segundo relato de moradores, o problema se estende há anos. A região
abastecida pela caixa com defeito é uma entre as que tiveram o fornecimento
interrompido há duas semanas por causa do agravamento da escassez hídrica.
A situação se arrastou por tanto
tempo, que o morador Francisco Fausto Leite Alves, de 80 anos, construiu um
sistema para usar o líquido que jorra do cano. A casa dele fica a dez metros do
bueiro e, ao ver a água tratada lançada ininterruptamente para a rua, o
aposentado instalou aproximadamente 50 metros de canos e uma bomba elétrica que
a transporta até um reservatório próprio.
"O aposentado consegue retirar
em outra cota. A gente não pode abrir uma vala no meio da rua para pegar a
água, precisa ser dentro da nossa área", ressaltou o diretor da Sanasa.
Conserto definitivo
O reservatório com problema atende
100 mil pessoas em bairros como Jambeiro, Bom Sucesso e Marisa, e pode
armazenar até 3,5 milhões de litros. Segundo a empresa, para arrumá-lo é
preciso tirar toda a água e consertar uma junta dentro da estrutura, onde está
o problema. Todo o processo levaria 30 dias e os locais que dependem do
abastecimento teriam que receber caminhões-pipa.
De acordo com a Sanasa, a solução
vai demorar aproximadamente seis meses. Em 07/11 será aberta a licitação para a
construção de um reservatório semelhante, que receberá a água. Só depois a
atual estrutura poderá ser pausada para manutenção. A empresa confirmou que
água é tratada, mas disse que não pode garantir a qualidade depois que ela vai
para o bueiro.
Chuva ajudou?
As chuvas isoladas registradas em
Campinas, entre sexta-feira e domingo, não alteraram de forma significativa a
vazão do Rio Atibaia, responsável pelo abastecimento de 95% da cidade. De
acordo com a Sanasa, a captação permanece em torno de 4 m3. "O
nível manteve-se estável. A chuva melhorou um pouco a captação em Atibaia e
esta água deve chegar ao município em três dias. Mas não houve
alterações", explicou Santos. Segundo ele, o abastecimento em Campinas
continua normalizado.
Captação no Rio Atibaia permanece em torno de 4 m3
A pesquisadora Ana Ávila, do Centro
de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas a Agricultura (Cepagri) da
Unicamp, afirmou que até quinta-feira a previsão é de forte calor e nova
redução da umidade relativa do ar, o que reforça a necessidade de cuidados com
a hidratação. "É muito baixa a possibilidade de chuvas na semana. Contudo,
não é esperada uma condição semelhante a que ocorreu há duas semanas, quando a
temperatura chegou aos 38,1º C", falou.
Segundo ela, desde sexta-feira o
distrito de Barão Geraldo registrou 16,2 milímetros de chuva acumulada. "A
expectativa é de uma situação mais positiva a partir de 31/10. A chegada de uma
frente fria, do Rio Grande do Sul, deve provocar chuvas", resumiu a pesquisadora
do Cepagri. (g1)
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