Geólogos estudam meios de usar Aquífero Guarani para aliviar
crise do Sistema Cantareira
Geólogos da
Universidade de São Paulo (USP) elaboram um estudo para saber se é possível retirar
água do Aquífero Guarani para abastecer a região de Piracicaba, aliviando o
Sistema Cantareira. A proposta é analisar a viabilidade da construção de 24
poços artesianos no município de Itirapina, região oeste do estado, onde o
aquífero pode ser acessado de forma rasa. A análise será apresentada, em
aproximadamente um mês, ao comitê criado pelo governo estadual para administrar
a crise hídrica no Cantareira. Em 27/10 o sistema chegou a 13% da capacidade de
armazenamento, após o início da utilização da segunda cota do volume morto.
O professor Reginaldo
Bertolo, do Instituto de Geologia, explica que o estudo inclui a simulação, por
meio de um modelo matemático, da extração de 150 mil litros de água por hora.
“Queremos avaliar se o aquífero suporta essas vazões em longo prazo”, apontou.
A análise baseia-se em um artigo publicado em 2004 por um grupo da Universidade
Estadual Paulista (Unesp). De acordo com o trabalho, a região de Piracicaba
fica distante cerca de 60 quilômetros (km) em linha reta, o que diminui os
custos de um transporte da água direta para a capital. Outra vantagem é que o
desnível geográfico entre as regiões de captação e consumo favorece o
deslocamento.
Mesmo em fase de
pré-viabilidade técnica, Bertolo acredita que essa pode ser uma alternativa
interessante para o abastecimento de parte da região que deveria receber água
do Cantareira. Ele destaca, no entanto, que é preciso fazer o uso sustentável
dessa água para evitar novas crises. “A gente precisa ter a recarga no aquífero
para que ele continue dando água. Se a gente tiver em longo prazo a certeza de
que a chuva vai continuar caindo e o aquífero recarregado, uma vazão de 1 m3 por segundo é uma vazão segura”, apontou. O Aquífero Guarani é a maior
reserva estratégica de água doce da América Latina.
Atualmente, o
aquífero abastece a maior parte das cidades do oeste paulista. “Observe que a
crise de abastecimento de água está mais crítica nos municípios do centro-leste
do estado”, avaliou. Isso ocorre, segundo Bertolo, porque eles têm maior
segurança hídrica com a água oriunda dos aquíferos Bauru e Guarani. Entre os
municípios abastecidos dessa forma, o professor destaca Ribeirão Preto, São
José do Rio Preto, Araçatuba, Presidente Prudente, Marília, Bauru, entre
outros. Ele explica que a profundidade das águas subterrâneas exige tecnologia
complexa de engenharia, similar à utilizada para encontrar petróleo, para cavar
os poços profundos. (ecodebate)
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