quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Baixo volume dos rios, litoral de SP liga alerta para a temporada

Com queda no volume dos rios, litoral de SP liga alerta para a temporada
Próxima temporada de verão pode mostrar cenário atípico e falta d’água.
Sinal de alerta foi ligado na Baixada Santista também pela falta de chuva.
Estiagem deixa marcas visíveis no Rio Cubatão.
A constante queda no volume dos rios que abastecem a Baixada Santista está deixando moradores e turistas que visitam a região bastante preocupados. Com a chegada da temporada, o feriado da Consciência Negra em 20/11, servirá como um teste para diagnosticar a capacidade de abastecimento da região.
De acordo com informações da Sabesp, os rios que abastecem o litoral de São Paulo apresentaram, por causa da falta da chuva, uma queda média de 20% no volume d'água em comparação com o último mês de outubro, o que ligou o sinal de alerta em algumas cidades. No ano passado, mesmo com os rios mais cheios, bairros de cidades como Guarujá e Praia Grande enfrentaram falta d'água em vários períodos, já que a população aumenta exponencialmente nesse período.
Lava-Pés ajudam a reduzir o desperdício de água
Em Santos, a prefeitura adotou uma medida para ajudar a reduzir o consumo de água nos chuveiros da orla da praia. Desde maio deste ano, o departamento de Administração Regional da Zona da Orla/Intermediária iniciou a instalação de 94 lava-pés na orla. De acordo com a prefeitura, a explicação é que a distância entre os chuveiros e o chão muitas vezes causa desperdício de água, o que não ocorre com os lava-pés por serem direcionado e de menor porte.
Guarujá também resolveu se antecipar a um possível problema futuro, já que a situação da falta de água na cidade costuma ser comum durante o verão. O poder público, por meio da Advocacia Geral, protocolou uma petição na Justiça em 30/11, para que a Sabesp apresente um plano emergencial para suprir eventuais problemas, como os registrados no ano passado.
Educadora mora na capital e desceu a serra para lavar roupa.
A expectativa das Prefeituras é que, na atual temporada, o número de turistas na região aumente consideravelmente, justamente por causa da falta d'água na Capital e no interior. Já durante o mês de outubro era possível encontrar alguns moradores da Capital que desceram a Serra e aproveitaram para lavar as roupas na Baixada Santista. A educadora Isabele Notari é um exemplo de quem tomou essa atitude. "Decidi ir ver a minha família, os meus amigos, mas claro que a falta de água também pesou na decisão. Levei as minhas roupas para lavar em Santos. Sei que a situação no litoral é melhor", afirma. 
Além de Isabele, outros conhecidos também têm sofrido durante o período de estiagem que assola São Paulo. "Meus alunos, que vivem na Zona Sul, na periferia, reclamam muito da falta de água. Meus vizinhos e amigos também estão do mesmo jeito", revela.
Tanto a Sabesp quanto o governador Geraldo Alckmin garantem que, com os investimentos realizados nos últimos anos, não existirão problemas para moradores e turistas que seguirem em direção ao litoral. Alckmin afirma que a região estará protegida e cita duas Estações de Tratamento de Água (ETAs) da região que receberam melhorias.  “Nós entregamos dois grandes investimentos. Um foi Jurubatuba, em Guarujá, com 2 mil litros por segundo. Foram mais de R$ 100 milhões de investimentos. Já para o litoral sul, Mambu / Branco (Itanhaém) têm 1.600 mil litros a mais. Nessa região foram mais de R$ 400 milhões, porque teve captação, tratamento e distribuição. Ou seja, são mais de 3.600 litros a mais por segundo e isso equivale a população de praticamente 2 milhões de habitantes”, ressalta.
CIDADE – RIO – ETA’s
Santos - Rio do Macuco - Caruara
São Vicente - Córrego Bueno; Córrego Santa Rita; Córrego Itu - Itu
Cubatão - Rio Cubatão; Rio Pilões - Cubatão e Pilões
Guarujá - Rio Jurubatuba; Rio Jurubatuba Mirim - Jurubatuba
Bertioga - Ribeirão das Furnas; Ribeirão Fazenda; Rio Itapanhaú; Rio Itaguaré; Ribeirão Pedra Branca; Rio Guaratuba - Boracéia, Itapanhaú, Furnas/Palaes, São Lourenço e Costa do Sol
Praia Grande - Ribeirão Lambari; Ribeirão Guariuma; Ribeirão Laranjal; Córrego Serraria; Córrego Soldado - Melvi     
Mongaguá - Rio Mongaguá - Antas
Itanhaém - Rio Mambu; Rio Branco - Mambu/Branco
Peruíbe – Ribeirão Quatinga; Ribeirão Cabuçu; Ribeirão São João; Ribeirão Guarauzinho - Peruíbe e Guaraú
Para a secretária do Comitê das Bacias Hidrográficas da Baixada Santista, Maria Wanda Iório, é necessário mais rigor no controle da vazão dos rios. “É preciso manter o controle da vazão e, por isso, estamos planejando um estudo amplo para monitorar as condições da região e saber quais as necessidades de cada um dos nossos rios”, explica.
Abastecimento
A Baixada conta atualmente com 15 ETAs distribuídas entre as nove cidades (ver quadro ao lado). Segundo a Sabesp, o complexo é integrado e permite, caso haja algum problema de captação de água em algum dos rios ou estiagem, como ocorreu durante o mês de outubro, que o sistema transfira água para os municípios vizinhos.
O porquê da crise não ter chegado às cidades da região, segundo a Sabesp, pode ser explicado pela diferença das condições geográficas e até climáticas entre o litoral paulista e a grande São Paulo.
Enquanto a região de planalto necessita de grandes represas para alimentar diversas regiões, a Baixada conta com captação de água 'bruta' de rios provenientes da Serra do Mar. Em nota, a Sabesp informa que essa proximidade com a biodiversidade da Mata Atlântica aumenta a incidência de chuvas e mantém os mananciais da região equilibrados.
Nível da água é medido por régua.
Embora os níveis do volume de água dos rios tenham sofrido queda, a Companhia reitera que o cenário é estável e, durante a temporada de verão, as 15 ETAs que chegam a produzir um total de 10.500 litros por segundo serão suficientes. Somente em Cubatão, os dois pontos de captação de água são responsáveis por produzirem quase a metade do que é consumido nos nove municípios pelos mais de 1,7 milhões de habitantes (população fixa) da Baixada Santista. As unidades de tratamento dos rios Pilões e Cubatão produzem cerca de 4.850 litros de água pronta para o consumo por segundo.
Perguntado se valeria a pena trazer um bônus para os moradores da Baixada Santista que economizarem no uso da água, assim como está sendo feito na Capital, o governador afirmou que levará o pedido à Companhia. "Vou levar a proposta para Sabesp. Nós implantamos onde tínhamos uma crise intensa na região metropolitana de São Paulo e Campinas que foi a mais atingida pela seca, mas nós já praticamente ultrapassamos esse período e estamos chegando no período das águas", disse.
Paulistanos sofrem com a falta de água na cidade. (g1)

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