Com dez vezes mais água que Cantareira, a Represa Billings
pode ser alternativa em SP
A intensa ocupação no entorno da represa Billings compromete seu uso
para abastecimento público e ocorre a despeito da legislação de proteção que
vigora desde a década de 70.
Com dez vezes mais água
armazenada do que o Sistema Cantareira, a Represa Billings deve ser utilizada
para abastecer parte da população que enfrenta a crise hídrica em São Paulo,
conforme informou a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
(Sabesp). A solução, no entanto, não resolve o problema emergencialmente, pois
só ficará pronta em 2018.
A obra do governo estadual
interligará o Rio Pequeno ao Sistema Rio Grande, ambos braços da Billings. Isto
permitirá a entrada de 2,2 m3s, atendendo áreas que
dependiam do Cantareira, que chegou
em 20/01/15 a
5,6% da capacidade.
A Billings tem sido apontada
por organizações governamentais como alternativa para o abastecimento da Grande
São Paulo. Atualmente, a maior parte do manancial é dedicada à geração de
energia elétrica, por meio da Usina Henry Borden, em Cubatão. Com capacidade de
armazenamento de 995 milhões m3, a represa está com 57,47%,
segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Embora tenha capacidade
similar (982 milhões m3), o Cantareira registra
quedas sucessivas e ameaça secar. Projeções do Centro Nacional de Monitoramento
e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden) revelam que, caso não chova, isso pode
ocorrer no início de junho.
“O projeto de interligação do
Rio Pequeno com o Rio Grande é antigo. É muito bem-vindo que ele finalmente
venha ocorrer”, declarou Marussia Whatley, coordenadora da Aliança pelas Águas.
Formado em 2014, o grupo conta com mais de 20 entidades da sociedade civil e
busca soluções para a crise hídrica em São Paulo.
Ela lamenta que medidas como
esta estejam sendo adotadas somente no caso extremo. “Não era priorizada, assim
como várias outras obras”, disse. A Sabesp informou que, atualmente, capta água
da Billings para o Rio Grande e para Taquacetuba, somando 7,69 m3/s, volume que atende aproximadamente 2,3 milhões de
pessoas.
Marussia alertou para
necessidade de se rever o uso da Billings. Segundo ela, isto daria mais
segurança hídrica, além de ajudar a construir um modelo mais sustentável de
abastecimento.
“Avançar no uso da Billings
como um manancial de abastecimento seria uma solução mais sustentável de
cuidado com a água. Vamos recuperar uma represa que já existe, utilizar uma
fonte de água ao lado da cidade e não gastar bilhões para construir novas
represas em locais distantes e que, não necessariamente, trará os mesmos
resultados no tempo que precisamos”, acrescentou.
Como primeira mudança para permitir o uso da Billings para abastecimento, a coordenadora
sugere que a água do Rio Pinheiro deixe de ser bombeada para a represa.
“[Acabar com o bombeamento] não é coisa simples, porque precisaria estar
integrado com a questão da drenagem e das enchentes, mas não é impossível”.
Segundo Marussia, a represa
tem características que facilitam sua recuperação, como a grande extensão
(106,6 km2) e o formato em curvas.
Para integrantes do grupo
Aliança pela Água, a prioridade deve ser a formulação de um plano de
contingência articulado entre os governos federal, estadual e municipal e a
sociedade.
“Que ele esteja baseado nos
diferentes cenários para 2015. Se as chuvas não forem suficientes? Quanto tempo temos de água? O que ocorrerá depois que a água acabar? O
que podemos fazer para reduzir o consumo e termos mais tempo de água? Um plano.
Esta é a principal reivindicação neste momento”, declarou a coordenadora.
(ecodebate)
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