Os ecossistemas naturais
tornam-se degradados quando perdem sua capacidade de recuperação natural após
distúrbio, ou seja, perdem sua resiliência. Para entender de uma forma simples
o que é resiliência vamos imaginar uma borrachinha de banco, destas de guardar
dinheiro. Enquanto tu não rebentas a borrachinha, a gente puxa a borrachinha,
ela cede bastante porque é elástica, mas volta ao normal inicial. Até que a
gente rebenta a borrachinha. Aí ela não volta mais ao normal, sofre o que se
chama ruptura.
Assim é o ecossistema.
Enquanto ele não foi totalmente degradado, tem condições de se recuperar
sozinho, ainda que em muito tempo. Quando o limite de resiliência ou auto recuperação ou limite de elasticidade do sistema ou ponto de
ruptura é atingido, o ecossistema não se recupera mais sozinho nem em muito
tempo, precisa da ajuda antrópica.
Dependendo da intensidade do
distúrbio, fatores essenciais para a manutenção da resiliência, como banco de
plântulas e de sementes no solo, capacidade de rebrota das espécies, chuvas de
sementes e outros, podem ser perdidos. Isto dificulta o processo de regeneração
natural que se torna ainda mais
lento.
As florestas ciliares,
denominação das matas-galeria que protegem os cursos de água contra a ação da
erosão e mantém o equilíbrio dos sistemas de dinâmica fluvial são muito
suscetíveis a perda de resiliência.
Uma floresta ciliar está
sujeita a distúrbios naturais como queda de árvores, deslizamentos de terra,
raios, etc. Isto tudo resulta na abertura de clareiras, ou seja, abertura de
dossel que são cicatrizados através da colonização por espécies pioneiras,
seguidas por espécies secundárias, até atingir naturalmente o estágio de
espécies climáticas.
Distúrbios provocados por
atividades humanas tem na maioria das vezes, maior intensidade e causam maior
impacto ambiental negativo do que fenômenos naturais. Isto compromete muito o
equilíbrio das florestas de matas ciliares.
As principais causas de
degradação das matas ciliares são o desmatamento indiscriminado para extensão
da área cultivada nas propriedades rurais, o desmatamento para expansão das
áreas urbanas e para obtenção de madeira, os incêndios, a extração de areia nos
rios, os empreendimentos turísticos mal planejados, etc.
Em muitas áreas ciliares, o
processo de degradação já é antigo, tendo iniciado com o desmatamento para
transformação da área em campo de cultivo ou pastagem. Com o passar do tempo e
dependendo da intensidade do uso, a degradação pode ser agravada através da
redução da fertilidade do solo pela exportação de nutrientes pelas culturas, ou
pela prática de queima de restos vegetais e de pastagens, na compactação e
erosão dos solos pelo pisoteio de gado e trânsito de máquinas agrícolas.
O conhecimento dos aspectos
hidrológicos da área é muito importante para a recuperação das matas ciliares.
Os solapamentos de encostas e assoreamentos dos cursos de água, produzem
enchentes e fazem com que a água penetre em solos ressecados de cotas topográficas
mais elevadas e diminuem a quantidade de água nos cursos de água.
A menor unidade de estudo a
geralmente adotada em estudos ambientais é a microbacia hidrográfica, definida
como aquela cuja área é tão pequena que a sensibilidade a chuvas de alta intensidade
e às diferenças de uso dos solos, não são suprimidas pelas características das
redes de drenagem (que nada mais são do que os pontos de elevação topográfica
mais baixos, por onde escoam as águas).
Em nível de micro bacias
hidrográficas é possível identificar a extensão das áreas que são inundadas
periodicamente pelo regime de cheias dos rios e a duração do período de
inundação.
Estas informações são muito
importantes na seleção das espécies vegetais a serem usadas na recuperação das
áreas degradadas, pois algumas espécies de plantas não se adaptam a solos
encharcados e outras só
sobrevivem nestas condições.
As espécies vegetais,
juntamente com clima e outros fatores serão determinantes do tipo de
recuperação a ser obtida e da melhoria da qualidade ambiental e qualidade de
vida das populações da região. (ecodebate)
Nenhum comentário:
Postar um comentário