Falta de água pode causar a 3ª Guerra Mundial?
Especialistas afirmam que em menos de 50 anos a
população sentirá mudanças como aumento dos preços e migrações, mas não excluem
a possibilidade de conflito.
Não só pode como já existem alguns conflitos causados ou agravados por
essa razão, como o da região de Darfur, no Sudão. De acordo com o Pacific
Institute (que estuda temas relacionados à falta de água e à segurança global), 1
bilhão de pessoas já têm dificuldade no acesso a H2O potável. Isso
pode piorar ainda mais com o aquecimento global.
Para alguns especialistas em relações internacionais, em menos de 50
anos já sentiremos as consequências, como aumento nos preços dos alimentos,
protestos, migrações em massa e o colapso de alguns estados. Por outro lado, há
fortes argumentos contra o surgimento de um novo conflito mundial. Hoje, por
exemplo, os países dependem mais comercialmente uns dos outros e temem o perigo
real de destruição mútua caso sejam utilizadas bombas nucleares.
O caldo vai entornar
Experts já apontam instabilidades e problemas em vários pontos do globo
Sinal Amarelo: "Os riscos de
conflitos por falta de água estão crescendo devido à constante competição, à má
administração dos países subdesenvolvidos e aos impactos das mudanças
climáticas”, afirma Peter Gleick, especialista do Pacific Institute no assunto.
Já há, por exemplo, vários rios secando devido ao sobreuso, como o Colorado, nos
EUA, e o Indus, no Paquistão.
A era do gelo: a Amazônia possui a maior bacia fluvial e um dos melhores
índices de chuva no mundo todo. Mas há motivos para nos preocuparmos. O
aquecimento global está afetando os picos andinos, que alimentam o Amazonas.
Segundo experts, gelo acumulado ao longo de 1.600 anos nos Andes derreteu em 25
anos. Em 2010, o rio teve a pior seca já registrada.
Dando um jeitinho: graças a seus recursos naturais, o Brasil seria peça-chave
numa crise hídrica. Mas, considerando nosso histórico, dificilmente entraríamos
em um confronto militar. Sob imensa pressão externa, o mais provável é que
faríamos acordos diplomáticos e comerciais (públicos ou "por baixo dos
panos") que garantiriam acesso às águas para países que já são nossos
"clientes".
A pão e água: analistas apontam que a Primavera Árabe (revolta popular
que forçou mudanças políticas na Tunísia, no Egito e na Líbia) foi parcialmente
alimentada pelo alto custo do pão nesses países. O preço subiu após uma onda de
calor destruir a safra de trigo da Rússia em 2010. A falta de água pode ter
impacto semelhante em outras colheitas - e em outros governos instáveis. Da
mesma maneira, o derretimento do gelo no Himalaia deve afetar o suprimento de
água no sul da Ásia.
A barragem da discórdia: só entre 2003 e 2010, o Tigre e o Eufrates
perderam 144 km³ de água doce, o equivalente a todo o Mar Morto. As tensões
diplomáticas entre Egito e Etiópia se agravaram depois que esta última iniciou
a construção de uma enorme represa no Rio Nilo Azul, que poderá restringir o
fluxo do Nilo. No Oriente Médio (que tem 5% da população mundial, mas só 1% da
H2O potável), os rios Tigre e Eufrates poderão causar discórdia entre Israel,
Líbano, Jordânia e Palestina.
Sede de sangue: a briga por recursos hídricos pode se tornar violenta
mais facilmente em locais onde já há fragilidades políticas ou problemas
religiosos, étnicos e sociais. Um exemplo é a região de Darfur, no oeste do
Sudão, em conflito desde 2003. Situações similares podem surgir em vários
pontos da África, com pouca ou nenhuma intervenção do resto do mundo.
Igual a Terrorismo
Escassez de recursos já é considerada ameaça imediata.
Pense duas vezes antes de considerar este cenário apocalíptico ou
fantasioso demais. Em março do ano passado, o relatório Ameaças Mundiais 2013,
apresentado pelo diretor de inteligência nacional dos EUA, James R. Clapper
Jr., classificou a escassez de recursos naturais (incluindo água) como uma
ameaça tão grande quanto o terrorismo e a proliferação de armas nucleares.
(abril)
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