Enchentes continuarão se SP não voltar a reter água
da chuva
Mídia Independente
As enchentes têm se repetido de forma devastadora
nesse ano de 2015 em São Paulo. Vidas, patrimônios, a saúde e o cotidiano de
milhões de cidadãos são, a cada chuva de verão, consumidos em águas pútridas e
lamacentas de forma trágica.
E, basicamente, não se observa nenhuma reação do
governo e da sociedade, nada além de um noticiário repetitivo, frio e
burocrático de alguns órgãos de imprensa. Preferimos imaginar que tal desgraça
é impossível de ser vencida? Ou, diante da insensibilidade dos governos, acabar
aceitando, cabisbaixos, tal nível de violência e desrespeito às nossas vidas?
Onde estão os resultados de um programa de combate às
enchentes que investiu bilhões de reais em medidas estruturais, como de
ampliação da calha do Tietê? Onde está a construção de dezenas de piscinões,
insalubres e deletérios, apresentados como a panaceia que daria fim às
inundações?
Piscinões esses, vale ressaltar, que implicaram no
comprometimento anual de vultosas verbas públicas, retiradas dos orçamentos
estaduais e municipais, que garantissem a manutenção mínima de todo esse
aparato hidráulico.
O que falta, além do sacrifício da população, para
que o governo paulista se convença do total fracasso de sua estratégia de enfrentamento
das enchentes urbanas?
O que falta para o governo paulista se convencer
definitivamente que é fundamental que se ataque as causas das enchentes, e que
a principal causa desse fenômeno está no fato da cidade impermeável lançar
praticamente todas suas águas de chuva rápida e diretamente sobre um sistema de
drenagem que não lhes consegue dar a devida vazão?
Ou seja, o que falta para o governo paulista se
convencer que não haverá sucesso possível na redução das enchentes enquanto não
forem paralelamente implantadas medidas voltadas a fazer com que a cidade
recupere sua capacidade de reter boa parte das águas de chuva e,
concomitantemente, impor uma drástica redução aos processos
erosivos/assoreadores e ao lançamento irregular de lixo urbano e entulho da
construção civil?
As enchentes diminuiriam drasticamente com ações
simples, como disseminação de bosques florestados por toda a cidade;
obrigatoriedade e estímulo para instalação de reservatórios domésticos e
empresariais de águas de chuva; obrigação da adoção de pisos e pavimentos
drenantes em pátios, estacionamentos e calçadas; instalação generalizada de
valetas e poços de infiltração; criminalização da erosão etc.
As medidas indispensáveis apontadas, e que
inexplicavelmente não são implementadas, são todas medidas de baixo custo
relativo e de fácil execução.
Em adição, essas medidas colaborariam, em muito, para
a alimentação das reservas de água subterrânea da cidade. Aliás, é de se
indagar: paradoxalmente estaria aí o motivo de sua incompreensível não adoção?
Vale por fim dizer que, infelizmente, o conteúdo
desse artigo é inteiramente válido para muitas outras cidades brasileiras que
são afetadas pelo mesmo e trágico fenômeno das enchentes urbanas. (ecodebate)
Nenhum comentário:
Postar um comentário