SP: Aberta consulta
pública sobre proposições e recomendações discutidas em seminário sobre crise
hídrica
Interessados podem enviar
sugestões para a “Carta de São Paulo sobre Gestão Hídrica em Situação de
Escassez” no prazo de vinte dias
Em 02/02/15 foi lançada uma
consulta pública sobre as proposições e recomendações discutidas durante o
Seminário “Crise Hídrica: alternativas e soluções”, ocorrido nos dias 25 e 26
de fevereiro na sede da Procuradoria Regional da República da 3ª Região (PRR3).
O objetivo é ouvir a sociedade sobre o tema, antes da elaboração de uma versão
final do documento.
A minuta “Carta de São Paulo
sobre Gestão Hídrica em Situação de Escassez” está disponível no site da PRR3 (www.prr3.mpf.mp.br). Trata-se do documento final
elaborado e apresentado durante os dois dias do evento. Os interessados podem
enviar suas considerações até o dia 22 de março por e-mail, para
prr3-seminarios@mpf.mp.br.
A procuradora regional da
República Sandra Akemi Shimada Kishi, uma das organizadoras do evento e
coordenadora do “Projeto Qualidade da Água” do MPF, explica que, com a
consulta, busca-se ampliar a articulação da sociedade em busca de soluções da
crise da água no País, agravada principalmente em São Paulo.
Conforme ressalta a
procuradora “o acesso à informação hídrica completa, atual e veraz não deve ser
só permitida como deve ser facilitada como um direito fundamental a outras
garantias como a participação e o controle social na gestão hídrica e na
implementação do saneamento básico, destacando-se que o acesso à água potável é
um direito humano fundamental, implícito no artigo 1º, inciso III da
Constituição de 1988, visto que integra o núcleo do direito à dignidade da
pessoa humana; qualquer ação tendente a reduzir o alcance dessas consagradas
conquistas na gestão de recursos hídricos deve ser fortemente obstada, sob pena
de um retroceder social, jurídico, ecológico, econômico e cultural” .
A defensora pública Thalita
Verônica Gonçalves e Silva, co-organizadora do seminário, destaca a necessidade
de questionamento do papel das instituições diante do cenário imposto pela
crise hídrica: “é imperioso que a Defensoria Pública comece a se capacitar para
tomada de conhecimento amplo e multidisciplinar sobre o tema e que seja
estimulada a usar o direito ambiental como ferramenta relevante na defesa das
comunidades pobres, até porque as primeiras vítimas das alterações climáticas
são as comunidades que estamos destinados a defender”
A Carta aponta para o
enfrentamento de problemas que resultaram na crise que, segundo os
especialistas que participaram do seminário, não é pontual, mas crônica e deve
ser superada com medidas estruturais de médio e longo prazo e não apenas com
soluções emergenciais. Também aponta para as responsabilidades de todos os
segmentos da sociedade, principalmente dos gestores dos recursos hídricos para
a superação do colapso hídrico, mas sem a facilitação à informação hídrica
completa e clara, numa real transparência, a sociedade não tem como conhecer a questão
e reagir frente aos desafios da crise hídrica.
O documento, relatado durante
o seminário por defensores públicos do Estado de São Paulo e da União,
incorporou sugestões dos participantes e painelistas e ainda, a “necessidade
urgente” de criação de um plano nacional sobre recursos hídricos (Plano de
Sustentabilidade Hídrica), sintonizado com os planos regionais e de planos
individuais das bacias hidrográficas brasileiras, com intuito de criar
políticas públicas preventivas de proteção e preservação dos recursos hídricos,
com ampla participação da sociedade, da academia, ONGs, Ministérios Públicos e
Defensorias Públicas.
Os participantes do seminário
também ressaltam a necessidade de intensificar e implementar os projetos de
despoluição dos rios e represas, elaboração de projeto emergencial de médio
prazo para despoluição da represa Billings, medidas de drenagem urbana para
cessar a reversão do rio Pinheiros para a Billings, novo acordo de usos
múltiplos com o setor empresarial de Cubatão, “que não permita o lançamento das
águas da Billings para a vertente oceânica e medidas para garantir real
potabilidade da água com revisão de instrumentos normativos vigentes.
Em relação às políticas
públicas, aponta-se a necessidade de garantia de acesso “à informação, clara,
compreensiva ao público e transparente, como instrumento de controle social
sobre as políticas de recursos hídricos, inclusive aos dados das séries
históricas de fluviometria e pluviometria atualizados, exigindo de todos os
órgãos e entes da administração pública, direta e indireta, assim como toda e
qualquer entidade outorgada, que disponibilizem de maneira imediata informações
sobre os recursos hídricos ilegalmente classificadas hoje como sigilosas,
devendo as mesmas serem disponibilizadas por meio da Internet, numa publicidade
real.
O Seminário “Crise Hídrica:
alternativas e soluções” foi realizado e apoiado pela Procuradoria Regional da
República da 3ª Região e realizado e apoiado pela Escola da Defensoria Pública
do Estado de São Paulo, pela Escola Superior do Ministério Público da União e
pela Escola Superior do Ministério Público do Estado de São Paulo, também com
apoio do Ministério Público Federal, da Defensoria Pública do Estado de São
Paulo, da Defensoria Pública da União, do Ministério Público do Estado de São
Paulo e da Associação Nacional dos Procuradores da República, que contou com a
participação de autoridades, conferencistas e debatedores especialistas no tema
da gestão de recursos hídricos, representantes de ONGs e de entidades civis de
recursos hídricos, pesquisadores, docentes, estudantes e profissionais com
atuação nas áreas de interface ao tema. (ecodebate)

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