O conceito amplo representado
pelo desenvolvimento sustentado considera todo um conjunto de concepções e
atitudes, destacando-se:
1. Buscar contemplar a
satisfação das necessidades básicas da população, integrando a todos e
propiciando educação, saúde, lazer, etc.;
2. Priorizar a preservação
das condições ambientais para possibilitar boas condições de vida para as
gerações futuras;
3. Estimular a participação
para obter resultados relevantes, o que somente é possível após a
descentralização de poder, governança corporativa e gestão solidária com
democracia;
4. Implementação de um
sistema social que estimule e realimente estas atitudes, com erradicação da
miséria e inclusão social.
5. Valorização adequada da
importância da função educacional dentro deste contexto.
Para atingir os objetivos
fundamentais do desenvolvimento sustentável que inclui eficiência econômica,
equidade social e conservação ambiental. Para isto a ferramenta da educação
ambiental é indispensável e estratégica.
Representa a maneira
funcional de participação responsável e a criação e multiplicação de
consciências integradas ao processo de sustentabilidade, que vão disseminar os
conceitos e práticas entre os diversos estamentos sociais.
Existem limites ambientais
para o desenvolvimento, mesmo que de forma sustentada. Em 1987, um relatório da
ONU (Organização das Nações Unidas) já alertava que na medida que os países em
desenvolvimento começassem a atingir padrões de consumo de energia próximos ao
dos países desenvolvidos, dentro da atual matriz energética, este fato se
tornaria insuportável para o ecossistema planetário.
Conhecido como relatório
Brundtland em referência a primeira-ministra da Noruega, anfitriã do encontro,
este documento denominado Nosso Futuro Comum, deixa bem nítido que estamos no
mesmo barco, este barco é o planeta terra e tudo que acontecer para alguns,
mais cedo ou mais tarde acontecerá para os demais integrantes da “nau” terra.
O antigo relatório já
sintetizava as preocupações que hoje estão cada vez mais evidenciadas: “No
passado nos preocupamos com os impactos do crescimento econômico sobre o meio
ambiente. Agora temos que nos preocupar com os impactos do desgaste ecológico –
degradação dos solos, regimes hídricos, atmosfera e florestas – sobre nossas
perspectivas econômicas”.
Mais que a própria
intensidade de ocupação do meio físico pelo imenso crescimento demográfico
descontrolado, são a falta de planejamento no uso e ocupação do espaço e as
incorreções e absurdos técnicos na concepção e implantação das ocupações,
quando estas não são totalmente improvisadas e espontaneístas, que geram a
maior potencialização dos problemas ambientais.
A enorme quantidade de
acidentes ambientais produzidos por fenômenos climáticos naturais ou
planejamento inadequado de uso e ocupação dos solos tem exposto claramente a
improvisação de nossa sociedade, que antes era consentida ou explicada como um
traço cultural e que atualmente explicita nossa falta de vocação para o
planejamento e a organização sistemática em todos os campos.
É necessário planejar as
aptidões das rochas e dos solos para o assentamento de populações. É necessário
impedir assentamentos em área impróprias como áreas de preservação ambiental ou
antigos lixões. É necessário impedir novos assentamentos em áreas de risco e
remover as atuais habitações das áreas de risco.
O conceito de área de risco
há muito é muito bem definido pela engenharia. São basicamente as áreas
sujeitas a alagamentos em baixios pertencentes às planícies de inundação de
bacias hidrográficas ou áreas de elevadas declividades ou encostas de morro
sujeitas à instabilizações geotécnicas de taludes.
As planícies aluviais são
áreas de recarga natural de aquíferos e áreas de extravasamento natural de
enchentes e devem ser preservadas tanto quanto possível. Não adianta fazer uma
cidade e construir um dique de proteção, pois esta ação embora seja muito
eficaz na proteção das populações, gera uma série de desequilíbrios naturais
sistêmicos que mais cedo ou mais tarde apresentam sua conta natural.
As áreas de elevada
declividade, principalmente em rochas sedimentares anisótropas com
acamadamentos ou rochas metamórficas com foliação ou xistosidade muito
pronunciadas são instáveis. Os solos formados sobre este tipo de rocha herdam
as descontinuidades e mais cedo ou mais tarde tendem a se tornar áreas
instáveis à urbanização.
Até mesmo em rochas ígneas
que não apresentam este tipo de problema pois são isótropas e produzem solos de
elevada homogeneidade e resistência, se a declividade for muito elevada, o
empuxo hidrostático gerado pelas águas das chuvas tende a sustentar parte do
peso dos solos, diminuindo a efetividade do ângulo de atrito interno e da
coesão e instabilizando solos.
Empuxo hidrostático é um
conceito que todo mundo conhece na prática. É mais fácil carregar uma pessoa
dentro da água do que fora, dentro da água ela pesa menos porque parte do peso
dela é suportado pela água, no velho princípio de Archimedes.
Quando isto acontece com os
solos por falta de obras adequadas de drenagem e pelo próprio empuxo
hidrostático, tendem a ocorrer acidentes urbanos de maior gravidade.
(ecodebate)
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