quarta-feira, 25 de março de 2015

Até 2050 um bilhão de pessoas viverão em cidades sem água suficiente

Até 2050, um bilhão de pessoas viverão em cidades sem água suficiente, diz Banco Mundial
Brasil, Colômbia e Peru estão entre os dez países com mais água no mundo, mas a América Latina como um todo ainda não dispõe de um abastecimento adequado.
Se morasse num lugar árido, o que seria mais apreciado e mais caro?
Caso more ou não num deserto, a água é um dos elementos mais valiosos para a humanidade. No entanto, segundo dados do Banco Mundial, até 2050, mais de um bilhão de pessoas viverão em cidades sem água suficiente. À medida que a população aumenta, também cresce a necessidade de abastecimento. O principal problema é que a quantidade de água no mundo não aumenta.
Nesse cenário, a América Latina desempenha um papel-chave, porque possui a maior quantidade de água doce do mundo. Segundo a Global Water Partnership (GWP), quase um terço dos recursos hídricos renováveis estão na América do Sul.
Na lista de países que contam com a maior quantidade de água, três da América Latina estão entre os primeiros: Brasil (1º),  Colômbia (3º) e Peru (8º).
Mas essa abundância de água não é suficiente para todos. Em cidades como Lima, São Paulo e Cidade do México, onde a demanda por esse recurso é muito elevada, grande parte da água potável é desperdiçada devido ao uso ineficiente e às instalações precárias, agravando assim a crise futura. São os bairros de maior renda que mais desperdiçam água em comparação aos bairros pobres, cujos habitantes sofrem com a escassez diária do recurso.
Alto preço da água
Segundo informações do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), mais de 1,1 bilhão de pessoas, distribuídas em 31 países, não têm acesso à água potável.
No Peru, por exemplo, onde uma grande região do país é um enorme deserto, os que estão mais afastados obtêm água através de caminhões-pipa, poços artesianos, rios, valas ou nascentes. Muitas vezes a qualidade dessa água é inadequada e seu abastecimento não é seguro. A cobertura de água e saneamento no país já supera 90%, mas são justamente os que não têm acesso à rede que pagam mais pelo serviço.
A Superintendência Nacional de Serviços de Saneamento (SUNASS) indica que um metro cúbico de água para um usuário conectado à rede pública custa aproximadamente US 0,30, enquanto a compra de água de caminhões-pipa pode chegar a custar mais de US 4 (R$ 12) por m3, ou seja, 12 vezes mais.
“A água aqui é cara, para cada tanque nos cobram até 10 soles [cerca de US 3,3] e além disso é suja”, comenta Juan, que mora com a família num bairro pobre na periferia de Lima. O tanque comprado não chega a durar um dia (1 m3).
Mas o problema não é apenas que a água esteja disponível para todos. Em países como o Uruguai, onde a cobertura do sistema de água atinge 100%, quase a metade da água potável se perde devido às tubulações velhas, roubos e fraude. Isso se repete por toda a região.
Cuidar de um recurso não renovável
Apenas 2,5% da água no mundo é consumível. A água se encontra nos rios, lagoas, montanhas com neve, entre outros lugares. À medida que a demanda por água cresce, as cidades se veem obrigadas a depender das fontes que se encontram mais distantes da cidade e cujo aproveitamento é mais caro.
A agricultura utiliza aproximadamente 70% da água potável globalmente. Se em 2050 a população mundial atingir 9 bilhões, vamos precisar de alimentos para o número de habitantes atual e um volume ainda maior para cobrir essa demanda extra.
Aprender a reutilizar a água, especialmente no setor agrícola, é uma das soluções-chave para enfrentar a crise. Infelizmente, cerca de 90% da água residual de países em desenvolvimento flui sem tratamento até os rios, lagos e zonas costeiras.
Segundo especialistas do Banco Mundial, na América Latina, três quartos da água fecal ou residual volta para os rios e outras fontes hídricas, criando um sério problema de saúde pública e para o meio ambiente.
As estações de tratamento de água, como a usina Taboada, em Lima, se transformaram em uma peça importante para a solução do problema. Os resíduos sólidos, em vez de serem lançados ao mar, podem ser reutilizados para fins comerciais como combustível, fertilizantes e material de construção.
Outras alternativas mostram que é possível fazer mais. No Peru, a capital econômica de 2015, um cartaz publicitário está produzindo água a partir da umidade do ar de Lima, que alcança 98%. Outro projeto está focado em melhorar as tubulações antigas da cidade e assim evitar vazamentos de água e consequente perda.
Finalmente, já que 71% dos glaciares tropicais – situados entre o Trópico de Câncer e o Trópico de Capricórnio – do mundo se encontram no país, um projeto busca aproveitar a água dos Andes, cerca de 7.240 quilômetros de picos cobertos de neve que desempenham um papel vital no abastecimento de água da região, e que se veem ameaçados devido ao derretimento causado pelo aquecimento global. (ecodebate)

Nenhum comentário:

Aquecimento global é pior para os mais pobres

O aquecimento global reflete a desigualdade institucionalizada, pois, atinge diretamente aqueles que possuem os menores recursos à sobrevivê...