Sabesp amplia contratos em meio à crise hídrica.
Já são 526 os ‘clientes fidelizados’, incluindo shoppings e
indústrias, que têm, juntos, cota mínima de consumo de 27,3 bilhões de litros.
A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São
Paulo (Sabesp) assinou 36 contratos que dão tarifas vantajosas a grandes
consumidores de água na Grande São Paulo, mesmo após o início declarado da
crise hídrica, em 27 de janeiro de 2014. Com os novos negócios, no valor de R$
83,2 milhões, a empresa chegou a 526 clientes “fidelizados”, como shoppings,
supermercados e indústrias, que têm juntos uma cota mínima de consumo
contratado de 27,3 bilhões de litros, 3% da demanda total de água na Região
Metropolitana.
Segundo a Sabesp, parte dos contratos fechados na
crise foi exclusiva para o tratamento de esgoto e parte por renovação ou fusão
de empresas que já integravam a carteira, mas tiveram de assinar novos
negócios. A estatal afirma que “não houve incremento de consumo de água” e
desde fevereiro de 2014 os clientes foram liberados do consumo mínimo
obrigatório e estimulados a usar fontes alternativas, como poço e caminhão-pipa,
o que resultou em uma redução de 24% no consumo mensal em janeiro deste ano.
Sistema Guarapiranga perdeu 0,1%.
A relação dos 526 contratos, chamados “demanda
firme”, foi divulgada no dia 3 pela agência de notícias Pública, que só conseguiu
os dados da Sabesp após recorrer à Corregedoria-Geral da Administração (CGA). O
Estado já havia solicitado por duas vezes, em setembro de 2014 e em fevereiro
deste ano, a lista e o consumo por meio da Lei de Acesso à Informação. A Sabesp
negou os pedidos com o argumento de que “preserva a relação comercial
estabelecida com seus clientes”.
Os contratos de “demanda firme” são destinados a
comércios e indústrias que consomem pelo menos 500 mil litros por mês. Enquanto
que para o cliente comum a tarifa aumenta conforme o consumo cresce, para os
grandes consumidores o custo da água cai. Por exemplo: na faixa de consumo de
até 1 milhão de litros, o preço do metro cúbico é de R$ 11,67. Já acima de 40
milhões de litros, o valor é de R$ 7,72/m³.
Os descontos tarifários para grandes consumidores
ganhou o centro da discussão da crise no mês passado, após a divulgação de uma
lista das 294 empresas “fidelizadas” da capital enviada à CPI da Sabesp na
Câmara Municipal de São Paulo. A relação completa dos 526 clientes deverá ser
divulgada pela companhia nos próximos dias.
Estratégico
A gerente de relacionamento com os clientes da
Sabesp, Samanta Souza, explica que o programa demanda firme foi estruturado em
2002 para conter o “êxodo de indústrias que começaram a sair de São Paulo por
causa do custo da água”. Segundo ela, o movimento estava provocando um
desequilíbrio na estrutura tarifária e poderia levar ao aumento da conta de
água. Hoje, afirmou, 20% dos clientes da Sabesp, entre os quais os
“fidelizados”, subsidiam 80% dos consumidores comuns, que pagam uma tarifa
abaixo da média.
Segundo a Sabesp, o volume de água consumido na
“demanda firme” aumentou 92 vezes em dez anos, de 266 milhões de litros para
oito clientes, em 2005, para 24,5 bilhões de litros em 2014. “Quando começou a
crise, visitamos todos os clientes para pedir economia, 70% migraram para
fontes alternativas e todos os setores reduziram consumo”, disse Samanta. (OESP)
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