O
papel das florestas nativas em agroecossistemas para a conservação da água
Trabalho verificou se
desempenho das funções ecossistêmicas que determinam a qualidade da água é dependente
da presença de florestas.
A sustentabilidade dos recursos hídricos passa,
necessariamente, pelo componente florestal presente em cada ecossistema.
“Sistemas florestais naturais são potencialmente o melhor uso do solo para a
proteção dos recursos hídricos, enquanto que as práticas agrícolas tendem a
alterar as características físicas, químicas e biológicas das águas”, comenta
Silvio Frosini e Barros Ferraz, professor do Departamento de Ciências
Florestais da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ).
O docente coordenou um projeto que analisou o papel
dos remanescentes florestais nas funções ecossistêmicas de riachos de cabeceira
e manutenção da qualidade da água em microbacias agrícolas. “Para que o Brasil
consolide o uso de florestas, especialmente ripárias, como ferramenta de manejo
ainda são necessárias aprofundar o entendimento sobre as influências
específicas de cada uso da terra em riachos, bem como os efeitos das florestas
sobre as funções ecológicas de riachos que determinam a qualidade da água”,
complementa Ferraz.
Três estudos foram conduzidos na bacia hidrográfica
do rio Corumbataí, no Estado de São Paulo. No primeiro foi analisada a
influência de fragmentos florestais que diferem em tamanho e estágio de
sucessão sobre a qualidade da água de riachos drenando áreas de pastagem e de
cana de açúcar. No segundo, foi investigada a influência direta de matas
ciliares sobre as funções ecológicas de riachos, como o metabolismo aquático,
visando entender como as práticas agrícolas em áreas de cana podem ser ou não atenuadas
pela presença de floresta ripária. Finalmente, foi avaliado se há sobreposição
dessas florestas sobre as áreas hidrologicamente sensíveis (AHS). “Procuramos
entender se o desempenho das funções ecossistêmicas que determinam a qualidade
da água é dependente da presença de florestas sobre as AHS”.
O projeto foi encerrado em 2013 e mostrou que os
remanescentes florestais mais densos e antigos, e que se sobrepõem quase que
totalmente dentro das AHS podem ser ferramentas poderosas para o manejo da
qualidade da água de sistemas aquáticos em região de atividades agrícolas
intensivas, especialmente, em áreas de plantações de cana de açúcar. “Este tipo
de informação é altamente pertinente ao uso sustentável de recursos hídricos de
superficiais no Brasil, dado o cenário de expansão da agricultura intensiva e
da produção de energia renovável, e corroboram a hipótese da recuperação
induzida de áreas ripárias como sendo AHS”. (ecodebate)
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