Moradores
notaram nas torneiras de casa a presença de uma água escurecida e com cheiro de
esgoto antes dos cortes diários.
Morador
recebe água contaminada na zona norte de SP.
Foi
durante o banho que o servente Adaílson da Silva, de 21 anos, percebeu que
havia algo errado com a água. "Subiu um mau cheiro insuportável",
disse. O pedreiro Vanduir Pereira de Lima, de 44, viu a cor amarronzada logo
que abriu a torneira para encher o balde. Já a cabeleireira Patrícia de Souza,
de 32 anos, e a filha de 6 não tiveram tanta sorte e só sentiram o dano após
ingerir o líquido. "No mesmo dia já fiquei com cólica e diarreia e minha
filha ficou internada com infecção intestinal", conta a mulher.
Vanduir
Lima mostra a água de cor marrom, e cheiro ruim que sai da torneira.
Há
uma semana, moradores de ao menos cinco ruas no Jardim Paulistano, bairro no
extremo da zona norte da capital, próximo da Serra da Cantareira, recebem em
casa uma água escurecida e com cheiro de esgoto da rede da Companhia de
Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Segundo os relatos, o
problema ocorre sempre momentos antes dos cortes no abastecimento feitos pela
empresa, à tarde, e assim que a água volta, pela manhã. O jornal O Estado de S.
Paulo constatou a má qualidade da água no local na tarde
de 24/05/15.
"O
técnico da Sabesp veio aqui, analisou a água, andou pela rua e disse que há uma
contaminação por vazamento em uma rede de esgoto próxima da rede de água",
disse a moradora Marli Bastos da Silva, de 52 anos, estudante de Pedagogia. Ela
contou ter ouvido do funcionário da companhia que a infiltração ocorria por
causa da baixa pressão da água na rede. "Isso sempre acontece quando a
pressão da água cai", disse o zelador Belmiro José Nascimento, de 60 anos.
O
Jardim Paulistano é um dos bairros da zona norte da capital abastecidos pelo
Sistema Cantareira, principal manancial paulista que desde 2014 sofre com a
pior estiagem de sua história. No início do ano, o diretor metropolitano da
Sabesp, Paulo Massato, admitiu que a região é a mais afetada pela redução da
pressão nas tubulações, uma das manobras de racionamento feitas pela companhia
para economizar água. Onde não há válvulas redutoras de pressão (55% da Grande
São Paulo), os técnicos da empresa fecham o registro manualmente nas ruas.
Em
fevereiro, um dirigente da Sabesp admitiu ao Estado que as manobras podem
deixar trechos da rede de distribuição, principalmente em pontos mais altos e
afastados, despressurizados. Desta forma, um líquido presente no lençol
freático poderia infiltrar na rede por alguma rachadura e contaminar a água. Em
depoimento na CPI da Câmara Municipal naquele mês, Massato disse que esse risco
só poderia acontecer em caso de rodízio de água, quando o abastecimento é
cortado por dias.
No
mês passado, veio a público o primeiro caso confirmado pela Sabesp de
contaminação de água. Segundo o presidente da companhia, Jerson Kelman, 26 casas
no bairro do M’Boi Mirim, extremo da zona sul paulistana, receberam água
poluída. "É um acidente lamentável. Isso tem de ser evitado, mas
aconteceu. Fomos lá e remediamos", disse, sem revelar o motivo da
contaminação.
Assim
como aconteceu no M’Boi Mirim, os moradores do Jardim Paulistano foram
orientados por técnicos da Sabesp a dispensar toda a água estocada em casa e a
lavar as caixas d’água. "Tivemos de jogar tudo fora e comprar água
mineral. É prejuízo dobrado, porque essa água da Sabesp será cobrada",
disse o pedreiro Vanduir de Lima, que mora na Rua do Mutirão. As outras casas
afetadas ficam nas ruas União, Nicarágua, Santo Dias e Estrela D’Alva.
"Tem muita gente com diarreia, coceira na pele, dores abdominais e
vômitos", afirmou a vizinha Marli.
Amostras
colhidas
Procurada
em 24/04/15, a Sabesp não revelou o motivo da contaminação da água no bairro.
Em nota, informou que técnicos da companhia "colheram amostras e, após
análise, caso seja confirmada qualquer alteração na qualidade da água, a Sabesp
vai continuar atuando prontamente para eliminar causas e realizar os
procedimentos de limpeza na rede".
A
empresa informou ainda que uma equipe fez inspeções nas redes de coleta de
esgoto e distribuição de água do bairro e visitou os imóveis onde há queixas de
contaminação. "A Sabesp fará o abatimento correspondente à quantidade
utilizada de água para eventuais limpezas realizadas nas caixas d’água",
concluiu. (yahoo)
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