O “só acredito vendo”, frase
famosa de São Tomé, é o que costumamos fazer com os assuntos que nos atingem,
só reagimos aos que estão na nossa frente, batendo na nossa porta. Problemas
futuros nós deixamos que aconteçam que outros resolvam, “no meu turno não”,
pensamento típico da cultura nacional. Por falta de planejamento faltou água em
São Paulo e pode faltar no Rio Grande do Sul também, se não formos um pouco
menos brasileiros, de deixar tudo para a última hora.
Porto
Alegre fez o PISA – Programa de Saneamento Socioambiental – que passa a tratar
cerca de 80% dos esgotos, contra os menos de 30% que a capital tratava antes.
Cada município tem de garantir seu abastecimento e a qualidade hídrica, mas não
dependem só de si, o Governo do Estado há no mínimo 3 gestões abandonou o
Pró-Guaíba, governos de partidos diferentes tiveram em comum essa negligência
nos últimos dez anos, perdendo os investimentos internacionais por falta de
contrapartidas, do Estado fazer a sua parte.
Porto
Alegre, ao contrário, planejou e executou o PISA, também com 3 gestões
diferentes nos últimos dez anos, também com recursos internacionais. Mesmo
assim, um município não depende só de si, pois 85% das águas do Guaíba provêm
da bacia do Alto Jacuí, cujas nascentes se encontram em Passo Fundo. A região
hidrográfica do Guaíba, composta por 9 (nove) bacias hidrográficas, abastece
cerca da metade da população do Rio Grande do Sul concentrada na região
metropolitana, serra e planalto. Por isso a questão do seu município não é
isolada, depende desse todo.
O
governo federal anunciou verbas para a ampliação de aeroportos e Passo Fundo
será o primeiro, desconsiderando o alerta de ambientalistas de que naquele
local serão afetadas nascentes do Jacuí. Literalmente, o governo federal está
“pagando para ver”, os vereadores passofundenses já se interessaram pela
questão, mas as autoridades federais não. Não seria o primeiro caso, a baixa
vazão do São Francisco é fruto dessa mesma negligência com os recursos hídricos
do país.
Além
do risco de comprometer a vazão, a qualidade da água também é crítica. Duas
destas bacias estão entre as 10 mais poluídas do país, a do Sinos e a do
Gravataí. Há falta de controle sobre a poluição industrial e também da
contaminação por esgotos domésticos. Por mais processos de filtragem e
tratamento da água que se faça, a água que resulta desse processo nunca terá as
mesmas condições da água original, antes de ser contaminada. É impossível
restaurar completamente a água, há micros resíduos de metais cancerígenos
inclusive que persistem, sinto lhe preocupar se você não sabia. Que o seu município
trate sua água, mas não podemos desistir da preservação e um Pró-Guaíba, para
fazer isso de modo integrado, seria necessário. (ecodebate)
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