Existe
o “bem comum” a todos ou existem apenas interesses de categorias profissionais,
classes sociais, culturais, étnicos, religiosos? Quando se discute a economia
do país há interesses comuns a todos ou apenas conflitos de interesses?
Em
comentário no site Sul 21, Jorge Nogueira diz que “trata-se dos interesses de
classes próprias e antagônicas e não de maniqueísmo bem contra o mal. Há
empresários bons e ruins, trabalhadores bons e ruins, mas essas características
pessoais são suplantadas pelo funcionamento do mercado capitalista. Os
empresários desejam pagar o mais baixo possível e os trabalhadores elevar seus
salários, já havia reconhecido Adam Smith. O empresário bonzinho que não levar
em conta a concorrência do mercado e não atuar para reduzir seus custos de
produção, o que inclui reduzir salários e dispensar mão de obra, irá à
falência”.
No
século XXI vivemos a crise climática e a da água, o aquecimento global e a
poluição das águas estão tornando o planeta inviável para a vida de todos,
aumentam tumores, alergias, doenças urbanas. Outras situações desafiam a lógica
tradicional e o protótipo de um novo paradigma é o Google, tido como o melhor
emprego do mundo, onde seus funcionários tem uma série de regalias para lhes
inspirar na criatividade e produtividade. Há conceitos surgindo como o de
“capital intelectual” e através da internet e novas mídias surgem novas formas
de negócios, de trabalho, de interação e participação social, econômica e
política. A imagem não só das pessoas, como também das empresas, passa a ter
valor de acordo com o modo como essa se relacionar não só com seus
funcionários, mas também com a sociedade em geral.
O
governo brasileiro, que vem sofrendo críticas duras da grande mídia, tem se
defendido às vezes com a teoria de que fere interesses de classes – o que
sempre é uma boa justificativa porque baseada em fatos reais, mas nem sempre é
sincera. Porque vivemos a quarta gestão de um governo que se elegeu com um
discurso para o “bem comum” afirmando que a vida poderia melhorar para todos,
do operário ao empresário, expectativa a que de fato pareceu corresponder nas
duas primeiras gestões, com benefícios econômicos para todas as classes
sociais.
André
Singer formulou isso no livro “Os sentidos do lulismo” onde expôs a proposta de
um governo que estimule os setores “produtivistas” em contraste com os
“rentistas”, da mera especulação financeira. Se essa aliança de setores
empresariais de portes diversos, de trabalhadores assalariados e classes
médias, de diversos segmentos sociais enfim, pode funcionar durante pelo menos
uma década, não seria a comprovação de que pode existir um “bem comum”? A agora
vivemos a quebra disso, ou desvios no exercício do poder? O “bem comum” é o
desafio do século XXI. (ecodebate)
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