Como
os pecuaristas podem contribuir na produção de água e de passagem recuperar e
aumentar a produtividade das pastagens, melhorar a saúde e bem-estar dos
animais e se livrar da pecha de inimigos do Meio Ambiente.
O
verão 2014-2015 provavelmente ficará marcado como o período em que a
consciência da população brasileira despertou definitivamente para necessidade
de se tratar com mais seriedade a questão da água.
Quase
que diariamente aparecia no noticiário a crise hídrica da maior cidade do país
onde, parecendo capítulos de uma novela de suspense, era divulgado o nível cada
vez mais baixo dos reservatórios do Sistema Cantareira, principal abastecedor
de água da cidade de São Paulo. Com o início da utilização dos “volumes mortos”
– reservas existentes abaixo do nível normal de captação dos reservatórios -, a
preocupação só aumentou. O que fazer para se evitar um possível colapso do
abastecimento d´água, com todas as suas terríveis consequências?
A
imprensa tem dado ênfase às inúmeras medidas e atitudes oficiais e da população
que podem contribuir para diminuir o problema. Melhorias nos sistemas de
captação, tratamento e distribuição da água tratada é tema constante. E não sem
razão, já que historicamente no Brasil cerca de 30 % da água tratada se perde
antes que tenha o seu uso previsto. Outro ponto de aceitação pacífica é a
necessidade de racionalização do uso da água, em todos os setores da sociedade,
com mudanças de atitude visando formas mais eficientes de uso da água e
exclusão de hábitos perdulários. A armazenagem e utilização da água das chuvas,
o reuso das águas servidas nas residências e empresas e o tratamento do esgoto
prevendo o reuso da água são também alternativas bastante discutidas.
Pouco
se fala, porém de uma coisa que considero da maior importância: a produção de
água. Sabemos que a produção de água é afetada por inúmeros fatores que
vão desde consequências do aquecimento global a períodos cíclicos de seca ou
diminuição do índice de chuvas em determinadas regiões causadas seja por
fenômenos naturais ou atitudes equivocadas da “civilização moderna”.
O
problema da falta d’água às vezes se apresenta de forma tão grave e
generalizada – como tem ocorrido nos últimos tempos -, que alguns até acham que
a única alternativa é rezar e rogar à divindade pela solução.
Devemos
sim, “rezar” pela solução do problema, mas com atitudes concretas que
contribuam. E existem atitudes que a nível local e regional podem contribuir
muito para a uma melhor produção de água. Estou convencido de que a melhor
atitude possível é buscar uma melhor cobertura vegetal do solo, adotando-se
práticas agrícolas que contribuam para isto.
Qualquer
pessoa com mais de 60 anos, com conhecimento da área rural, há de se lembrar
como os córregos e rios que conheceu na sua infância e juventude eram mais
caudalosos… Alguns que não tiveram o privilégio de presenciar pessoalmente
devem ter ouvido de algum parente mais velho, “causos” que relatam quanta água
tinham os rios que conhecemos, alguns deles hoje em estágio agonizante… Eu
gostava muito de ouvir de meu saudoso pai, histórias de quando ele era rapaz e
foi canoeiro em Itapina, distrito de Colatina ES, levando de um lado para outro
do “imenso” Rio Doce, em sua canoa, a carga e os arreios das “tropas” de mulas
enquanto os tropeiros as faziam passar a nado para o outro lado. Hoje em muitos
lugares, o antigo majestoso Rio Doce permite que seja atravessado à pé.
Ainda
sobre o Rio Doce, eu já tinha escrito este artigo até este ponto, quando participei
em 11/03/15 no auditório da Rede Gazeta em Vitória ES, do Fórum SOS Rio Doce
que teve a finalidade de divulgar o “Projeto Olhos d’água”, do Instituto Terra,
uma organização criada em Aimorés MG pelo casal Sebastião Salgado e Lélia
Wanick (www.institutoterra.org).
O
Sebastião Salgado dispensa apresentação, pois ele é simplesmente o mais famoso
fotógrafo, com reportagens fotográficas realizadas em 150 países. Já o Projeto
Olhos d’água, é ao mesmo tempo simples e extremamente ambicioso. Utilizando
práticas pouco onerosas e de simples aplicação, o projeto tem o objetivo de
recuperar e proteger TODAS as nascentes do Rio Doce. Este projeto iniciado há 5
anos, que já recuperou cerca de 1000 nascentes, apoia principalmente duas ações
muito simples: cercar a área de CADA UMA das nascentes, para evitar que o gado
contamine a água e compacte o solo e reflorestar a área entorno das nascentes,
para ajudar a reter e manter a umidade e, também instalar fossas sépticas nas
residências de TODAS propriedades rurais para evitar a contaminação do solo e
da água pelos dejetos humanos.
Na
sua fala o Sebastião enfatizou, como também já afirmei no início do artigo, a
necessidade de que haja uma boa cobertura do solo, para manter a umidade. E fez
uma divertida analogia com sua conhecida “deficiência capilar”: se ele e uma
pessoa com bastante cabelo molhassem a cabeça, qual secaria primeiro? A sua ou
a do cabeludo?
Agora
voltando ao que realmente nos interessa, em que situação teremos maior absorção
e retenção da umidade (água das chuvas): um solo degradado, com rala cobertura
vegetal ou um solo com excelente cobertura vegetal, em 3 estratos: o rasteiro,
o arbustivo e o arbóreo?
Pastagem
degradada em pastoreio convencional no Sul do Espírito Santo: a situação mais
comum!
Pastagem
em Pastoreio Voisin – Fazenda P.U. de João R. de Arruda Sampaio – Urutaí –
Goiás
A
pergunta que eu faria ao Sebastião Salgado é a seguinte: não seria também muito
interessante, se fosse possível, que além da proteção e recuperação das
nascentes, promover também a recuperação das pastagens degradadas, que na maior
parte dos casos, é o ambiente que fica no entorno das nascentes? Aumentando
assim a absorção das águas das chuvas e sua retenção no solo, abastecendo os
lençóis freáticos que alimentam as nascentes?
A
resposta seria provavelmente um sonoro e retumbante SIM! Mas como fazer isto se
as técnicas normalmente recomendadas para a recuperação de pastagens degradadas
são complicadas e muito onerosas? Realmente, as técnicas convencionais para
recuperação de pastagens degradadas incluem quase sempre a mecanização e
adubação do solo com replantio das espécies forrageiras. Estes procedimentos
são impraticáveis técnica e economicamente para grande parte dos produtores
rurais.
Eu
tenho, porém uma boa notícia: existe um processo de recuperação das pastagens
degradadas de forma natural, econômica e eficiente. Trata-se de fazer oposto do
que provocou a degradação das pastagens: evitar o pastoreio contínuo e implantar
sistema de manejo que leve em conta tanto as necessidades da pastagem quanto do
gado. Ou seja, necessitamos promover a rotação racional das pastagens com
aplicação dos conceitos do Pastoreio Voisin!
A
Rotação das pastagens não é uma técnica desenvolvida pelo homem, mas sim uma
regra natural e universal, que vem possibilitando, p. ex., a manutenção das
pastagens em grandes regiões da África, permitindo a existência, há milênios,
que imensas manadas de herbívoros bem alimentados sobrevivam sem que haja degradação
destas pastagens! Os animais se agrupam em grandes rebanhos que estão sempre em
constante movimento (rotação), por vontade própria a procura de melhores pastos
e de forma forçada para melhor se defenderem de seus predadores. Com a rotação
natural, as pastagens de cada setor têm o REPOUSO necessário para seu
desenvolvimento adequado, proporcionando a sua sustentabilidade.
Foi
em meados do século passado que o cientista francês André Voisin através de
observação deste e de outros processos naturais, de longos estudos e 12 anos de
experimentação em sua fazenda, formalizou e publicou em sua obra-prima
“Produtividade do pasto”, os fundamentos do Pastoreio Racional, que hoje, em
sua homenagem, é conhecido por Pastoreio Voisin.
O
Pastoreio Voisin é baseado em quatro Leis Universais, duas voltadas para o
pasto e duas voltadas para o gado. Neste contexto nos interessa particularmente
as duas “Lei do Pasto”: Lei do Repouso, que determina que após cada período de
ocupação a pastagem passe por um período de repouso que lhe permita atingir
novamente as condições ideais de desenvolvimento e Lei da Ocupação, que
recomenda que o período de ocupação da pastagem pelo gado seja o menor
possível. A simples aplicação destas duas leis ocasiona a interrupção do
processo de degradação e promove uma gradativa recuperação e melhoria da
pastagem.
Quando
associamos o Pastoreio Voisin com o Sistema Silvipastoril (consórcio de árvores
com pastagens) e também buscamos uma diversidade das forrageiras, obtemos o
sistema que denominei Manejo de Pastagem Ecológica - Sistema Voisin
Silvipastoril. Este sistema, ao incorporar e potencializar as vantagens do
Pastoreio Voisin e do Sistema Silvipastoril, permite que tenhamos uma pastagem
de alta produtividade, sustentável e mais próxima possível de um ambiente
natural, que proporcionará além de abundante alimentação para os animais,
inúmeros “serviços ambientais” extremamente desejáveis. Por isto o MPE pode ser
considerado o melhor sistema de manejo de gado a campo atualmente existente.
O
Manejo de Pastagem Ecológica tem efeitos positivos sobre o gado, a pastagem, o
solo, o meio ambiente e também sobre organização e a rentabilidades da
propriedade. Dos benefícios ou vantagens alguns são obtidos a curto e médio
prazo e alguns em longo prazo:
São
benefícios e resultados obtidos a curto e médio prazo:
-
Recuperação das pastagens em diferentes graus de degradação. A degradação das
pastagens é interrompida com o início do manejo e a recuperação progressiva
pode ser notada já durante o primeiro ano.
-
Aumento da capacidade de suporte (n° de animais por hectare). Já no primeiro
ciclo de manejo, o número de animais poderá ser 50 % superior ao usado no
sistema convencional. O aumento da capacidade é progressivo, podendo chegar a 3
vezes a capacidade alcançada no sistema de pastoreio contínuo. A rentabilidade
líquida da atividade pecuária, que é influenciada também por outros fatores
afetados pelo projeto, pode chegar a cinco vezes a da propriedade que
apresentasse anteriormente um quadro de pastagens degradadas e manejo
convencional.
-
Aumento da docilidade ou manuseio dos animais, que implica em maior facilidade
no manejo dos animais, redução na mão de obra e do índice de acidentes na
propriedade e no transporte dos animais;
-
Redução da mão de obra, principalmente pela maior facilidade de manejo do gado
e a diminuição da necessidade de suplementação dos animais que passam a retirar
diretamente dos piquetes toda ou quase toda a alimentação que necessita.
São
benefícios e resultados obtidos em longo prazo:
-
Redução do processo de erosão laminar (perda superficial de solo). Com o tempo
a cobertura do solo fica cada vez mais densa, impedindo ou reduzindo
drasticamente a erosão laminar, evitando a perda de fertilidade do solo e o
assoreamento de corpos d’água.
-
Melhorias das condições físicas do solo, com a permeabilidade, o aumento do
índice de matéria orgânica do solo e a capacidade de absorver e reter água.
- A
melhor cobertura do solo dificulta a movimentação das águas de chuva, ajudando
na retenção das águas e facilitando sua absorção pelo solo;
- Ocorre
um aumento progressivo da profundidade das raízes das forrageiras das
pastagens. Quando uma planta morre, suas raízes se decompõem, originando canais
que permitem que as águas das chuvas penetrem com mais facilidade no solo.
- O
aumento progressivo do índice de matéria orgânica do solo melhora a capacidade
de absorver e reter a água por mais tempo. A matéria orgânica decomposta
originária das raízes em constante processo de reciclagem constitui uma
eficiente forma de fixar o carbono no solo.
-
Aumento da vasão das nascentes e cursos d’água influenciados pelo projeto de
Manejo de Pastagem Ecológica. Este aumento é uma consequência das melhorias
descritas no item anterior que facilitam o abastecimento dos lençóis freáticos.
-
Aumento progressivo da fertilidade do solo, em função da volumosa e concentrada
deposição dos dejetos do gado (cerca de 40 kg/animal/dia) e da ativação da
biocenose (vida do solo) que através de processos bioquímicos ajudam na
decomposição dos restos vegetais e na disponibilização de nutrientes
anteriormente indisponíveis do solo;
- No
seu clímax de desenvolvimento, um projeto de Manejo de Pastagem Ecológica,
transforma a pastagem convencional numa “Pastagem Ecológica”, que corresponde a
uma maior aproximação possível de um ambiente natural, uma pastagem em
multi-estrato em que convivem em harmonia diversas espécies forrageiras no
primeiro estrato, milhares arbustos forrageiros num segundo estrato arbustivo
além de dezenas de árvores num terceiro estrato arbóreo. Se esta situação tem a
propriedade de modificar o microclima local, sua repetição em escala regional,
numa escala regional, numa situação ideal, poderá modificar para melhor o clima
de toda uma região, incluindo o índice de chuvas.
Acredito
que o mundo todo acabará por entender que as tecnologias com maior potencial
para resolver os graves problemas ambientais mundiais, são exatamente aquelas
que a própria natureza nos ensina (tecnologias de processos) e não fabulosas
tecnologias baseadas em complexos produtos industriais artificiais e poderosas
máquinas (tecnologias de insumo).
A
utilização de conceitos simples, mas com enorme potencial de resolver
problemas, cresce em todo o mundo. Um exemplo marcante, que também é baseado
nos ensinamentos de André Voisin é o chamado “Holistic Management”
desenvolvido por Allan Savory (www.savoryinstitute.org) que num impactante
vídeo/palestra de 20 minutos (com legenda em português) mostra como a
desertificação avança pelo mundo e como é possível reverter este processo que é
uma das principais causas das mudanças climáticas globais. Veja: https://www.ted.com/talks/allan_savory_how_to_green_the_world_s_deserts_and_reverse_climate_change?language=pt-br.
Inúmeros
outros vídeos sobre Holistic Management podem ser encontrados no Youtube. Aqui
no Brasil temos o trabalho do Engenheiro Agrônomo Alberto Miguel (albertomiguel@shaw.ca),
totalmente envolvido com Gerenciamento Holístico (HM em português) cujo blog: www.gerenciamentoholistico.blogspot.com e o grupo no Facebook: “Manejo Holístico de
Pastagem” vem trazer esta importante ferramenta aos brasileiros.
Outra
tecnologia produtora de água que vale a pena conhecer é o CBZ “Conceito Base
Zero” desenvolvida pelo Eng. José Artur Padilha da Fazenda Caroá em Afogados de
Ingazeira PE, que com simples barragens artesanais em cursos de água
intermitentes, propicia o armazenamento subterrâneo de água para utilização o
ano todo. É imperdível o vídeo do Programa Globo Rural a respeito do CBZ: https://www.youtube.com/watch?v=UF3zT7rJM4g.
O
Manejo de Pastagem Ecológica é uma dessas tecnologias de processo, em que
fazemos uma parte ou “damos um toque” e a natureza faz o resto! Necessitamos
inicialmente dividirmos as pastagens ou implantar os piquetes para o manejo
Voisin. A partir daí, já com a pastagem em evolução positiva, iniciam-se os
procedimentos relativos à diversificação das forrageiras e à arborização. É
importante que todas estas fases sejam realizadas a partir de projetos técnicos
bem elaborados.
Em
nossos cursos de capacitação em Manejo de Pastagem Ecológica, costumamos
dividir o conteúdo em quatro partes:
1) O
que evitar;
2) O
que fazer;
3)
Porque fazer?;
4)
COMO FAZER. Esta última parte, quase sempre pouco valorizada pelos consultores,
é uma garantia de sucesso. Utilizando um padrão de cercas elétricas próprio,
com ferramentas exclusivas e peças artesanais que substituem com vantagens
funcionais e econômicas onerosos produtos industriais, a “cerca Elétrica padrão
Fazenda Ecológica” possibilita a implantação de projetos de forma prática,
eficiente e econômica.
Os
benefícios ambientais do Manejo de Pastagem Ecológica são tantos, que pode
parecer que os benefícios e vantagens econômicas para a pecuária são menos
importantes. Pelo contrário, o aumento da produtividade, a economia em insumos,
remédios e suplementos para o gado, o menor gasto com mão de obra, refletem
numa melhor rentabilidade líquida da propriedade, trazendo benefícios diretos
para o bolso do produtor!
O
Manejo de Pastagem Ecológica, a partir do ano 2000, foi adotado por diversos
programas Institucionais e/ou governamentais com diferentes objetivos: Programa
Amazônia Sem Fogo - MMA e Cooperação Italiana (Alternativa ao uso do fogo na
Amazônia); Programa VidAmazônia – PRONATURA/PNUD (Manutenção da
biodiversidade); Programa Corredores Ecológicos – (MMA e Cooperação Alemã); Programa
de Conservação Amazônica - TNC (Pecuária Sustentável); Projeto Assentamentos
Sustentáveis na Amazônia - IPAM (Pecuária Sustentável); Curso de Capacitação em
Sistemas de Tecnologia Agroflorestal - Embrapa Amazônia Oriental – RETAF (Curso
de capacitação em MPE); Projeto Cerrado Jalapão - MMA e Cooperação Alemã
(Alternativa ao uso do fogo no Cerrado).
Recentemente,
concorrendo com tecnologias ofertadas por grandes Universidades e Centros de
Pesquisas, o Manejo de Pastagem Ecológica foi selecionado e está sendo utilizado
por importantes programas voltados para a produção de água, como o Projeto
Semeando Água - Instituto IPE e Petrobras Ambiental – Sistema Cantareira (SP) e
o Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável – Microbacias II - Secretarias
de Meio Ambiente e de Agricultura de SP e Banco Mundial
– Bacia do Rio Paraíba do Sul – (SP).
É
com grande satisfação que vejo que uma tecnologia cuja formalização se iniciou
em 1987 a partir de num trabalho despretensioso voltado para a “formação
ecológica de pastagens no cerrado” realizado na nossa Fazenda Ecológica (www.fazendaecologica.com.br)
já se transformou em uma política pública.
Jurandir Melado é Eng. Agr., Professor Da UFMT (aposentado), Consultor e autor de livros sobre Manejo Sustentável de Pastagens.
Área recuperada na Fazenda Ecológica: Antes e depois do Manejo de Pastagem Ecológica.
Gado em Pastoreio Voisin na Pastagem Ecológica – Fazenda Ecológica – MT (ecodebate)
Jurandir Melado é Eng. Agr., Professor Da UFMT (aposentado), Consultor e autor de livros sobre Manejo Sustentável de Pastagens.
Área recuperada na Fazenda Ecológica: Antes e depois do Manejo de Pastagem Ecológica.
Gado em Pastoreio Voisin na Pastagem Ecológica – Fazenda Ecológica – MT (ecodebate)
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