Nem multa da água faz Grande
São Paulo atingir meta.
Previsão era economizar 7,3
mil l/s, mas, 4 meses após cobrança, queda do consumo chega a 6,2 mil l/s;
diferença daria para abastecer cidade.
Após
quatro meses de vigência, a multa da água lançada pela Companhia de Saneamento
Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) teve até agora um impacto sobre a
redução "espontânea" do consumo na Grande São Paulo 44% menor do que a meta anunciada pelo governo
Geraldo Alckmin (PSDB).
Em dezembro, quando relançou a
proposta da sobretaxa de até 50% na conta, o governador disse que o objetivo da
medida era economizar mais 2,5 mil litros por segundo na região metropolitana.
Naquele mês, a economia feita pela população atingiu 4,8 mil l/s, de acordo com
balanço da Sabesp.
A multa entrou em vigor no dia 8
de janeiro, após a aprovação da agência reguladora do setor e em meio a
críticas de entidades de defesa do consumidor. Passados quatro meses, a
economia de água em abril subiu 1,4 mil l/s, chegando a 6,2 mil l/s, ou seja,
ainda 1,1 mil l/s abaixo da meta.
Essa diferença seria suficiente
para atender cerca de 300 mil pessoas em condições normais de abastecimento, ou
400 mil com o racionamento em curso, o equivalente à população de Carapicuíba,
cidade da Grande São Paulo que ainda depende do Cantareira.
Efeito desejado
Efeito desejado
A Sabesp afirma que a sobretaxa
"está surtindo o efeito desejado" porque 82% dos clientes reduziram o
consumo em abril, e diz que a meta de economia com a medida "tem como ser
atingida e até ultrapassada".
"Existe potencial para
ampliar ainda mais essa economia, uma vez que, considerando os números do mês
passado, 11% da população pagou tarifa de contingência [sobretaxa] e outros 10%
reduziram o gasto de água, porém não o suficiente para ter direito ao bônus.
Essa parcela tem condições de consumir menos água", diz a companhia.
Segundo a Sabesp, apenas 2% dos
450 mil clientes multados em abril conseguiram reverter a sanção justificando o
aumento do consumo. Somente no primeiro trimestre deste ano, a companhia
arrecadou R$ 79,3 milhões com a sobretaxa, o que ajudou a amenizar a queda de
18% na receita no período.
O valor equivale a 37,5% do que a
empresa deixou de receber entre janeiro e março com o desconto na conta por
meio do programa de bônus: R$ 211,2 milhões. Na última terça-feira, o diretor
econômico-financeiro da estatal, Rui Affonso, disse que não há "nenhuma
perspectiva de reduzir ou eliminar" o bônus ou a sobretaxa.
A
deliberação da Agência Reguladora de Saneamento e Energia de São Paulo
(Arsesp), que autorizou a multa em janeiro, determina que o valor arrecadado
com a medida deve ser aplicado em ações de enfrentamento da crise hídrica.
Teto
Teto
Na região do Cantareira, os dados
mostram que a redução dita espontânea parece ter atingido o teto. Em abril, a
economia ficou estável pelo terceiro mês, em 3,5 mil l/s, indicando que para
reduzir ainda mais a retirada de água do manancial durante os meses de inverno,
como pretende a Sabesp, será preciso intensificar outras ações, como o uso de
outros sistemas e o racionamento com a redução da pressão e do fechamento
manual de válvulas nas ruas.
Quem está isento da multa
- Cliente que consome menos de 10.000 litros por
mês.
- Quem paga tarifa social.
- Quem puder comprovar que o aumento de consumo se
deve à mudança de endereço, ampliação do comércio ou do número de moradores no
imóvel.
Valor arrecadado com a multa (1º trimestre/2015):
R$ 79,3 milhões. (OESP)
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