Novo plano da Sabesp volta a
propor rodízio de 5 por 2 na área do Cantareira
Novo
plano da Sabesp volta a propor rodízio de cinco por dois na área do Sistema Cantareira.
Racionamento
é possível em situação drástica, com esgotamento do volume morto na estiagem e
obras de emergência não prontas.
O
plano de contingência em elaboração pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) para a
crise hídrica prevê, no seu pior cenário para este ano, a implementação de um
rodízio de 5 dias sem água e 2 dias com abastecimento, restrito à região do
Sistema Cantareira, que atende hoje 5,4 milhões de pessoas na Grande São Paulo.
O sistema já havia sido aventado em janeiro, sob críticas. A conclusão do plano
estava prevista para abril, mas ainda não há data para a versão final ser
divulgada.
Em
apresentação feita ao Comitê de Crise Hídrica, à qual o Estado teve
acesso, o coordenador de Saneamento da Secretaria de Saneamento e Recursos
Hídricos, Américo de Oliveira Sampaio, afirma que uma das premissas para que o
rodízio não seja necessário é a conclusão das obras emergenciais. Na
apresentação, a pasta previa que a transposição de água da Represa Billings
para o Sistema Alto Tietê, considerada a principal obra para este ano, fosse
finalizada em julho, mas Alckmin já admitiu que a entrega ficará para setembro.
Segundo
o texto, o “não atendimento parcial ou total das premissas adotadas no estudo
de simulação pode levar ao estabelecimento de um programa de rodízio”. Nele, a
secretaria afirma, pela primeira vez, que “o rodízio se limitará à área abastecida
pelo Sistema Cantareira e será de 5 x 2 (cinco dias sem fornecimento de água e
dois com)”. Anteriormente, o governo também estudava a possibilidade de adotar
um rodízio de 4 por 2 em toda a região metropolitana.
Considerado
o racionamento mais drástico na Grande São Paulo desde a inauguração do
Cantareira, em 1974, o rodízio de 5 por 2 já havia sido aventado pelo diretor
metropolitano da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
(Sabesp), Paulo Massato, em janeiro deste ano. Segundo ele, a medida seria
necessária se a estatal tivesse de reduzir a produção de água do manancial para
12 mil ou 13 mil litros por segundo. Neste mês, a média já chegou a 13,1 mil
l/s.
No
plano de rodízio do Cantareira elaborado pela Sabesp em janeiro de 2014 e
revelado pelo Estado em agosto, o cenário mais crítico de
corte no abastecimento previsto pela empresa era de 2 dias com água e 1 dia sem
abastecimento. O plano, contudo, foi vetado por Alckmin, que o considerou
inadequado. Em vez do rodízio, a Sabesp lançou o programa de bônus em fevereiro
para estimular a economia de água pela população, adotou racionamento por meio
da redução da pressão, e transferiu água de outros sistemas para a região
atendida pelo Cantareira.
Mapeamento
A
Sabesp mapeou 6.140 pontos críticos na Grande São Paulo, onde ficam hospitais,
presídios, centros de hemodiálise e escolas, para que não falte água nessas
localidades, caso o rodízio seja necessário. Segundo a empresa, 461 pontos são
considerados prioritários, como o Hospital das Clínicas, por exemplo, e
receberão uma linha exclusiva de abastecimento. Até o fim de março, 328 pontos
já haviam sido equacionados.
A
minuta do Plano de Contingência em elaboração pelo comitê de crise afirma que o
rodízio “será ativado sempre que forem constatadas as condições e pressupostos
que caracterizam um dos cenários de atuação previstos, pela evolução das
informações monitoradas, no momento de ativação do plano”, mas não detalha qual
seria o gatilho. Quem acionaria o plano seria o secretário de Saneamento e
Recursos Hídricos, Benedito Braga, coordenador do comitê de crise, que reúne
outros secretários de Estado, prefeitos da região e representantes da sociedade
civil.
Segundo
simulações feitas pela Sabesp e apresentadas no fim de abril ao comitê, a
companhia prevê que, sem as obras emergenciais, a água do Cantareira, incluindo
a segunda e a terceira cotas do volume morto dos reservatórios, pode acabar em
agosto - se a vazão afluente ao manancial nos próximos meses for igual à
registrada em 2014, a pior da história.
Neste
mês, por exemplo, a entrada de água é apenas 16% melhor do que há um ano. Com
as obras prontas, o sistema chegaria a outubro sem precisar entrar na segunda
cota da reserva profunda.
“Rascunhos”
Em
nota, a Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos afirma que as simulações
“não passam de rascunhos de um grupo de trabalho que nem sequer concluiu suas
análises”. Segundo a pasta, “este grupo, quando encerrar suas atividades,
apresentará a proposta ao comitê da crise hídrica, que, por sua vez, debaterá e
definirá a versão final do plano de contingência unificado entre os municípios
da Região Metropolitana”. Procurada, a Sabesp informou que não comentaria o
teor do plano.
Sem
avanço
19,7%
era o nível do Cantareira em 07/05/15, já considerado o volume morto. O sistema
ficou estável, em relação ao dia anterior, mas não registra aumento desde o dia
21/04. (OESP)
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