“Volume Vivo” mostra a real
situação da crise hídrica de São Paulo
O
Sistema Cantareira, que abastece grande parte da maior cidade do Brasil,
começou 2014 com apenas 27% de sua capacidade total. Em pouco tempo, ele foi
zerado e entrou-se no tão falado “volume morto”. Desde lá, ou seja, há mais de
um ano, nunca mais a Cantareira conseguiu sair do negativo. A crise, a qual
muitos responsabilizaram como sendo provocada pela falta de chuvas na região
Sudeste, já era prevista há dez anos.
Dividida
em quatro capítulos, a websérie “Volume Vivo” revela o cenário real de uma
crise que ainda está muito longe de acabar. Produzido pelo Núcleo de Criação
Palma, com recursos obtidos em crowdfunding, o documentário foi dirigido pelo
jovem cineasta Caio Silva Ferraz.
No
primeiro capítulo, que tem como título “A navegação da Crise”, discute-se como
as medidas para resolver o problema têm sido políticas e momentâneas. Os
cálculos divulgados pela Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp)
nunca revelam que o Sistema Cantareira está com seu volume negativo.
Especialistas
testemunham que, em 2013, quando o índice de chuvas no estado de São Paulo era
de apenas 30% do usual, alertam a Agência Nacional de Águas (ANA) que o consumo
precisaria ser reduzido em 50%. Segundo eles, não faltou orientação
técnica, nem planejamento. Houve simplesmente descaso.
Quando
a crise hídrica se tornou mais grave, a websérie registra como bairros mais
pobres da capital paulista sofreram com o racionamento, apesar de o governo não
admitir o fato. Interrupções no abastecimento ou diminuição na pressão da água
fazem com que – assim como no racionamento – milhares de pessoas fiquem sem
água em suas casas.
“Volume
Vivo” aponta quais seriam as soluções para que num futuro muito próximo, a
população da cidade não abra suas torneiras e não saia dela um pingo de água
sequer. Entre as medidas estão o reflorestamento e proteção das bacias
hidrográficas que compõem o Sistema Cantareira e uma maior taxação do uso da
água pelos grandes usuários.
Esta
não á a primeira vez que Caio Ferraz trata do tema água em seus
trabalhos. Em 2009, o cineasta foi codiretor do vídeo “Entre Rios”, que falava
sobre a história dos rios de São Paulo. (abril)
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