terça-feira, 1 de setembro de 2015

Sabesp mapeia 200 poços particulares em São Paulo

Sabesp faz mapa de 200 poços particulares em São Paulo
Medida integra plano de contingência da companhia para socorrer rede pública, caso a crise hídrica se agrave no próximo ano.
Além de identificar áreas promissoras para fazer 200 perfurações para captar água subterrânea na Grande São Paulo, o plano de contingência da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) prevê o mapeamento de mais 200 poços particulares que poderão ser requisitados pela empresa para socorrer a rede pública de abastecimento se a crise hídrica se agravar em 2016.
Estão na mira da estatal captações feitas por indústrias, clubes e até condomínios cadastradas no Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE). O potencial de produção, a localização e a qualidade da água de cada poço são pré-requisitos essenciais para a escolha. Calcula-se que os 400 poços consigam produzir 2 mil litros por segundo, o suficiente para atender 600 mil pessoas.
São Paulo enfrenta a mais grave crise hídrica da história
O estudo está sendo feito desde março deste ano pelo Centro de Pesquisa de Águas Subterrâneas (Cepas), do Instituto de Geociências da USP. O grupo de pesquisadores foi contratado pela Sabesp por R$ 2,9 milhões e tem até abril de 2016 para apresentar os resultados do levantamento - ou seja, até o início da próxima estiagem.
À época da contratação, a empresa havia anunciado apenas um estudo para “mapear a perfuração de 200 poços” na Grande São Paulo. Há duas semanas, porém, o superintendente de produção de água da companhia, Marco Antonio Lopez Barros, divulgou ao Comitê da Bacia do Alto Tietê a possibilidade de pegar água em poços particulares para jogá-la diretamente na rede de abastecimento.
“A Sabesp poderá usar ou não, dependendo da condição hidrológica ou climática, recursos para investir na construção desses 200 poços e em ações para que a gente possa usar esses 200 poços particulares no abastecimento público”, explicou Barros. Segundo ele, o uso dos poços “está sendo considerado para uso emergencial para abastecimento público, em situação extrema e caso necessário”. 
Quando a Sabesp anunciou o plano, os dois maiores mananciais que abastecem a região (Cantareira e Alto Tietê) estavam em recuperação com as chuvas de fevereiro e março. Neste mês, contudo, ambos sofrem novamente com as piores secas da histórica, quando se considera apenas a água que entra nos reservatórios. Diante deste cenário, o governo Geraldo Alckmin (PSDB) publicou portaria declarando “situação de criticidade hídrica” na Bacia do Alto Tietê, o que dá margem para suspensões de captações particulares de águas superficiais e subterrâneas.
Atualmente, segundo dados da Associação Brasileira de Águas Subterrâneas (ABAS), a Sabesp tem 164 poços em operação na Grande São Paulo, que produzem apenas 2% da água consumida na região. Um estudo feito pelo Cepas/USP e revelado pelo Estado em outubro de 2014 aponta que o subsolo tem 6 mil litros por segundo de água “ociosa”, o suficiente para 1,8 milhão de pessoas.
Para o hidrogeólogo João Carlos Simanke, consultor em captações subterrâneas, o uso de poços particulares para socorrer a rede pública é uma “medida inteligente em momentos de crise” e “prevista em vários países desenvolvidos que passaram por guerra”, como Alemanha e França, mas de difícil aplicação. “Confiscar 200 poços particulares, de quem investiu dinheiro e depende dele, vai exigir uma negociação para que não haja uma briga judicial.” (OESP)

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