Cedir,
da USP: o centro pode evitar o despejo de 1 000 PCs por mês em lixões.
A
rota do lixo eletrônico.
Iniciativas de reciclagem e uma nova lei podem reduzir o impacto nocivo do descarte de eletrônicos.
Um
celular novo, um televisor cheio de recursos, um notebook mais leve - depois de
certo tempo, todos têm necessidade ou vontade de comprar novos produtos para
substituir os que ficaram obsoletos. Surge, então, um problema: o que fazer com
os eletrônicos antigos? É possível doá-los ou vendê-los. Mas na maioria das
vezes o destino é o lixo. Com isso, a montanha de resíduos eletrônicos cresce
em alta velocidade. De acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas
(ONU), o volume anual de eletrônicos descartados no planeta aumenta 40 000
toneladas todos os anos.
No
Brasil, a luz amarela já se acendeu há algum tempo. O relatório da ONU critica
a falta de estratégias do país para lidar com o problema. Depois de 19 longos
anos de discussão, a Política Nacional de Resíduos Sólidos foi aprovada em
março na Câmara dos Deputados. Pela primeira vez, uma lei distribui a
responsabilidade sobre os resíduos entre fabricantes, governo e sociedade.
As
empresas serão obrigadas a recolher e dar destino adequado a seus produtos,
enquanto o governo e os consumidores não podem fazer descaso do assunto. A lei
proíbe a eliminação de resíduos onde possa haver contaminação da água ou do
solo. Ainda precisa passar pelo Senado e ser sancionada pela Presidência da
República. Mas o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, acredita em sua
aprovação.
Chumbo
na água
O
principal problema do lixo eletrônico no país é que ainda não há a prática de
dar a ele um destino específico. Poucos fabricantes têm um esquema para
recolher produtos descartados. "O material vai parar em aterros sanitários
junto com o lixo comum", diz Tereza Carvalho, diretora do Centro de
Computação Eletrônica da Universidade de São Paulo (USP). Como os aparelhos
contêm metais pesados, como chumbo, níquel e cádmio, as consequências são
terríveis para o ambiente.
Matéria
prima ou poluição.
Veja
o caminho que o lixo tecnológico percorre entre sua casa e o destino final, com
ou sem a reciclagem.
Um
exemplo está nos monitores e televisores de tubo. Com a popularização das telas
de cristal líquido, eles são descartados aos milhares. Cada um contém, em
média, 1,4 quilos de chumbo. Uma camada do metal fica logo atrás da tela, para
proteger o ser humano dos raios catódicos emitidos pelo tubo de imagem. Se
ingerido, o chumbo causa danos ao sistema nervoso e reprodutivo. Uma resolução
do Conselho Nacional do Meio Ambiente limita a quantidade de metais perigosos
nos novos monitores, mas não pune o lançamento do lixo tóxico no solo. Em
março, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo multou a prefeitura de
Bauru por irregularidades em seu aterro sanitário. A falha pode estar ligada à
suspeita de contaminação por chumbo do Aquífero Bauru, que abastece mais de 200
cidades em São Paulo e Minas Gerais. Um relatório da Empresa Municipal de
Desenvolvimento Urbano e Rural da cidade apontou um nível de chumbo acima do
permitido para os 14 poços monitorados.
Reciclar
é preciso
Algumas
ONGs, fabricantes e operadoras de telefonia tomaram iniciativas para dar um fim
apropriado ao lixo eletrônico. Um dos exemplos é o Centro de Descarte e Reuso
de Resíduos de Informática (Cedir) da USP. (abril)
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