Dominica,
país no Caribe, sofreu danos e perdas estimados em R$1,8 bilhão depois da
passagem de um furacão há algumas semanas. Um estudo prévio revelou que as
perdas anuais decorrentes de ventos e inundações chegariam a 6% do PIB em
alguns países do Caribe.
Intensidade
dos furacões pode aumentar com as mudanças climáticas.
As
chuvas intensas chegaram a Dominica após uma estação extraordinariamente seca.
A combinação de rachaduras no solo ressecado e chuvas torrenciais desencadearam
deslizamentos e desprendimentos de encostas, causando danos importantes em
estradas, pontes, casas e campos de cultivo.
Em poucas
horas, os fortes ventos e as chuvas destruíram obras de infraestrutura que o
pequeno país, de pouco mais de 70 mil habitantes, levará mais de cinco anos
para recuperar a um ritmo normal de investimento.
Os
danos e perdas totais são estimados em US$483 milhões (R$1,8 bilhão),
equivalentes a 90% do Produto Interno Bruto (PIB) de Dominica, segundo a
avaliação rápida de danos e impactos realizada pelo governo da ilha em conjunto
com o Banco Mundial, a União Europeia, a ONU e outros sócios.
O
fenômeno – ocorrido poucas semanas atrás – também deixou 11 pessoas mortas,
interrompeu o fornecimento de energia elétrica e água potável e obrigou o
fechamento do aeroporto. É um golpe importante para esta economia pequena, que
acabava de retomar o crescimento graças à recuperação do setor turístico na
região.
Pequenos
e ameaçados
Cada
vez mais, os pequenos países insulares do Caribe, como Dominica, enfrentam
incidentes climáticos extremos. Muitos cientistas atribuem à mudança climática
o aumento no número e na intensidade de furacões e tempestades.
De
acordo com o estudo Baixaremos a Temperatura, do Banco Mundial, estima-se que o
número de furacões severos terá um aumento de 40%, duplicando a intensidade dos
atuais, se a temperatura subir 2°C. E de até 80% se a temperatura subir 4°C.
Junto com o incremento do nível do mar, isto terá efeitos devastadores,
especialmente no Caribe.
Uma
exposição cada vez maior aos desastres naturais representa uma ameaça real às
perspectivas de desenvolvimento caribenho. Isto se tornou a maior prioridade
dos governos da região, que participam das negociações climáticas
internacionais prévias à 21ª Conferência do Clima (COP21), que será realizada
em Paris dentro de duas semanas. Os governos contam com o apoio das
organizações internacionais de desenvolvimento que operam na região.
Um
estudo prévio do Mecanismo de Seguros contra Riscos Catastróficos do Caribe
(CCRIF, na sigla em inglês) revelou que as perdas anuais decorrentes de ventos
e inundações chegariam a 6% do PIB em alguns países da zona. A mudança
climática tem o potencial de exacerbar esses riscos, acentuando as perdas entre
1% e 3% do PIB até 2030.
“Precisamos
de ajuda”
Enquanto
Dominica estabelece as prioridades para a recuperação e a reconstrução, o foco
é criar infraestrutura com capacidade de captar investimentos para reduzir o
risco de inundações e desmoronamentos.
Semana
passada, o governo de Dominica organizou uma conferência com doadores para
ajudar a ilha e conservar as conquistas socioeconômicas que tanto esforço
exigiram nos últimos dez anos.
“Acreditamos
que não se trata apenas de construir estradas, casas e dar a chave para os
moradores.
Não temos a experiência suficiente nesta ilha para avançar nesta direção e, portanto, dependemos muito de nossos parceiros. Todos expressaram um forte interesse e a intenção de nos proporcionar orientação e ajuda”, afirmou o primeiro-ministro de Dominica, Roosevelt Skerrit, após a conferência.
Não temos a experiência suficiente nesta ilha para avançar nesta direção e, portanto, dependemos muito de nossos parceiros. Todos expressaram um forte interesse e a intenção de nos proporcionar orientação e ajuda”, afirmou o primeiro-ministro de Dominica, Roosevelt Skerrit, após a conferência.
Esses
são objetivos comuns compartilhados por muitos pequenos estados insulares da
região. A pergunta agora é se o acordo de Paris propiciará instrumentos
adicionais para responder ao risco crescente de mudança climática no Caribe.
(ecodebate)
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