OMS
adverte que mudança climática poderá ameaçar saúde dos brasileiros
A mudança climática está
ameaçando aumentar os problemas de saúde no mundo, adverte a Organização
Mundial da Saúde (OMS) no Perfil de País Climático e de Saúde 2015. Espera-se
que o aumento nas temperaturas, as ondas de calor intensas, a precipitação mais
extrema, as inundações e os deslizamentos de terra intensifiquem os desafios
existentes das doenças transmissíveis, a insegurança alimentar e a pobreza caso
medidas não sejam tomadas.
Há agora um vasto conjunto de
evidências de que as ações humanas, principalmente a queima de combustíveis fósseis,
causaram mudanças significativas no sistema climático. “Nosso planeta está
perdendo sua capacidade de sustentar a vida humana com boa saúde”, disse a
Diretora Geral da OMS, Margaret Chan. “A melhor defesa é a mesma que nos
protegerá de surtos de doenças infecciosas e da crescente carga de doenças não
transmissíveis: sistemas de saúde fortes, flexíveis e resilientes.”
As emissões globais dos
poluentes climáticos, inclusive o dióxido de carbono e o carbono negro, estão
levando a mudanças climáticas. Se as taxas atuais de emissões continuarem,
projeta-se que a temperatura anual média subirá aproximadamente 5.8°C, de 1990
a 2100. No entanto, se puderem ser reduzidas por meio de ações como a troca
para combustíveis mais limpos para a geração de eletricidade e energia
doméstica, e menos sistemas de transporte poluentes, a ascensão da temperatura
poderia ser limitada a aproximadamente 1.2°C.
Implicações-chave da mudança
climática para a saúde no Brasil
Está projetada que a mudança
climática aumentará as ondas de calor, as secas, as inundações e o nível do mar
em todo o mundo, e também causará riscos importantes para a saúde no Brasil. A
OMS relata que, a menos que consideráveis medidas protetoras sejam tomadas,
projeta-se que mais de 618 mil brasileiros sejam afetados pela inundação
causada pelo aumento do nível do mar em todos os anos de 2070 a 2100. Estima-se
que mortes associadas ao aumento da temperatura em idosos (acima de 65 anos)
crescerão para quase 72 mortes por 100.000 em 2080, comparado com 1 por 100.000
ao ano, de 1961 a 1990.
A OMS, em parceria com a
Secretaria da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas
(UNFCCC) e vários parceiros, trabalhou com o Ministério da Saúde do Brasil para
elaborar o perfil do país, que apresenta evidências na correlação entre mudança
climática e saúde, assim como as oportunidades que o Brasil poderia aproveitar
para melhorar a saúde enquanto reduz as emissões de gás de efeito estufa.
“O perfil é importante para
ajudar o país a proteger a saúde de suas populações frente às mudanças
climáticas, pois apresenta orientações para conter as ameaças e seus potenciais
riscos à saúde”, afirmou o Representante da Organização Pan-Americana da Saúde
/ Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) no Brasil, Joaquín Molina.
Ações-chave para o Brasil
Enquanto o governo do Brasil
já está tomando iniciativas substanciais para implementar programas de
adaptação à saúde e desenvolver capacidade técnica para atuar em mudanças
climáticas e saúde, o perfil do país identifica oportunidades adicionais para
ações.
A OMS recomenda que o país
amplie atividades para aumentar a resiliência climática da infraestrutura de
saúde e desenvolva uma estratégia nacional para a mitigação das mudanças
climáticas que considere suas implicações para a saúde.
Isto deve orientar as medidas
protetoras. Por exemplo, se o país fortalecesse as medidas contra o aumento do
nível do mar e a inundação costeira, o número de pessoas afetadas poderia se
limitar a 3.200 pessoas por ano. A melhoria da vigilância e resposta a doenças
poderia fornecer proteção eficaz contra o risco de doenças, como malária, mesmo
com o aquecimento climático.
No Brasil, 5% das 336.000
mortes por doença isquêmica do coração, acidente vascular cerebral, câncer de
pulmão, doença pulmonar obstrutiva crônica (em pessoas de 18 anos ou mais) e
baixas infecções respiratórias agudas (em menores de 5 anos) são atribuíveis à
poluição do ar doméstico.
Esses riscos podem ser
evitados por domicílios que usam combustíveis mais limpos ou tecnologias mais
eficazes para cozinhar, aquecer e iluminar – o que também reduz suas
contribuições para as mudanças climáticas. Outros benefícios são a redução de
custos para os sistemas de saúde e a melhoria da produtividade econômica com
uma força de trabalho mais saudável e produtiva.
Entre as medidas-chave que o
Brasil já tomou estão: assinatura da UNFCCC em 1992 e ratificação do Protocolo
de Kyoto em 2002, além da instituição da Política Nacional sobre Mudança do
Clima em 2009 e do Fundo Nacional sobre Mudança do Clima em 2010.
Nota aos redatores:
Os Perfis Climáticos e de
Saúde são coordenados pela OMS com a Secretaria da Convenção-Quadro das Nações
Unidas sobre Mudanças Climáticas, financiados e apoiados pelo Wellcome Trust, e
produzidos com especialistas de liderança da Universidade de East Anglia, o
CPD, a Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, a Universidade de
Wisconsin-Madison, a Organização Meteorológica Mundial e o Banco Mundial.
O perfil de país do Brasil é
um dos 15 primeiros que a OMS está revelando para ministros da saúde e outros
tomadores de decisões ao redor do mundo, a fim de apoiar um tratado eficaz e de
promoção da saúde nas negociações da UNFCCC, em Paris, em dezembro de 2015. (paho)
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