Brasil se prepara para um verão de extremos.
O aquecimento global e um fenômeno El Niño dos mais poderosos se juntam
para criar uma estação com temperaturas infernais.
Rio de Janeiro tem registrado recordes de
temperaturas verão após verão.
O próximo verão promete ser um dos mais
insuportáveis de todos os tempos no Brasil, com as temperaturas ultrapassando
facilmente os 40ºC por vários dias seguidos nos locais tradicionalmente mais
quentes, como Rio de Janeiro, Piauí e Tocantins. Segundo meteorologistas, os
termômetros podem registrar calor até 4ºC acima da média.
E, diante de uma primavera que já teve dias de calor
intenso em algumas regiões, muita gente já se prepara para o pior.
É que, pela primeira vez, se registra uma combinação
inédita: a elevação da temperatura média do planeta por conta do aquecimento
global e um fenômeno El Niño muito intenso.
De acordo com especialistas, o mundo já está 0,8ºC
mais quente por conta do aquecimento global provocado pela ação humana. E tudo
indica que 2015 deverá ser o ano mais quente já registrado.
Para piorar, a previsão para este ano é de que
tenhamos um super El Niño, ou mesmo um El Niño monstro, como já vem sendo
chamado; dos mais intensos já registrados.
O fenômeno está relacionado ao aquecimento das águas
do Pacífico Sul e, em geral, à elevação das temperaturas globais. De acordo com
a Organização Meteorológica Mundial, o EL Niño deste ano pode ser tornar um dos
quatro mais quentes dos últimos 65 anos.
"Podemos esperar um verão mais quente, com
temperaturas até quatro graus Celsius acima da média", diz o
meteorologista José Antonio Marengo, coordenador-geral de Pesquisa e
Desenvolvimento do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres
Naturais (Cemaden).
“Isso ocorre por uma combinação de fatores: o
aumento da temperatura por conta do aquecimento, as ilhas de calor das cidades
e um El Niño intenso que estará em sua atividade máxima justamente em novembro,
dezembro e janeiro”.
Já no início de setembro/15, ainda no inverno, São Paulo registrou recordes de temperatura.
Já no início de setembro/15, ainda no inverno, São Paulo registrou recordes de temperatura.
O climatologista Carlos Nobre, atualmente na
presidência da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(Capes), diz que já é possível saber que o próximo verão será seco em várias
partes da Amazônia e também registrará menos chuvas do que a média no Nordeste.
O Sul do país, por sua vez, será castigado por chuvas mais intensas. A grande
incógnita para os especialistas é o que acontecerá no Sudeste.
"O verão terá temperaturas mais altas no
Sudeste, isso podemos dizer, por conta da influência do El Niño. Mas não dá
para saber ainda como será o regime de chuvas", diz Nobre.
A estiagem registrada nos últimos dois anos - com
graves consequências para os níveis dos reservatórios de água - pode agravar
ainda mais o problema, se voltar a se repetir. Setembro foi de chuvas na
região, mas, novamente, não há ainda como prever como será o próximo mês.
O Rio de Janeiro está entre as cidades com o verão
mais quente do país, ao lado de Teresina, no Piauí, e Palmas, no Tocantins. E
mesmo São Paulo, tradicionalmente mais frio, terá temperaturas mais altas.
"Na Europa, na onda de calor de 2003, mais de
30 mil mortes foram atribuídas ao calor", lembra Nobre. "E as
temperaturas foram de três graus acima da média. Claro, eles lá não tinham
muitos locais com ar-condicionado, nem estão adaptados ao calor, mas, ainda
assim."
No Sul e no Sudeste, as cidades têm planos apenas
para enchentes. No Nordeste, para a seca.
Mas, até agora, por incrível que pareça, nenhuma
cidade brasileira tinha um plano emergencial para lidar com o calor. Pela
primeira vez, o Centro de Operações da Prefeitura do Rio - que reúne diferentes
secretarias e órgãos municipais com o objetivo de responder à emergências de
forma integrada – elabora um plano para ondas de calor intenso, como as que
atingiram recentemente a Índia e o Paquistão, deixando milhares de mortos.
"A falta de previsão é motivo para estarmos
ainda mais preparados. Não podemos correr riscos, não podemos esperar duzentas
pessoas morrerem para começarmos a agir", afirma o diretor do Instituto
Pereira Passos, Sérgio Besserman, que integra a força-tarefa da Prefeitura.
Estiagem é fator complicador em meio às altas temperaturas.
Estiagem é fator complicador em meio às altas temperaturas.
Leitos
extras em hospitais, atendimento de emergência e campanhas públicas educativas
incentivando a hidratação são algumas das medidas que fazem parte do plano de
ação. As pessoas mais vulneráveis ao calor são os idosos e os bebês, cujos
organismos têm menos capacidade de adaptação e defesa.
Segundo os especialistas, o maior problema do calor
para a saúde não é o pico de temperatura mais elevada, mesmo que acima dos
40ºC. O grande risco é quando, ao longo de pelo menos três dias consecutivos, a
temperatura máxima passou dos 36ºC e a mínima não cai abaixo dos 21ºC. Quando
isso ocorre, o corpo não consegue se resfriar e tende ao superaquecimento, o
que pode levar a paradas cardíacas e derrames. (g1)
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