Reciclagem mecânica é a alternativa com o menor
impacto ambiental para a destinação final do plástico PLA
Reciclagem
é alternativa para descarte de plástico – Estudo desenvolvido na FEQ avaliou
processo com menor impacto ambiental para a destinação final do PLA.
Um
estudo desenvolvido na Faculdade de Engenharia Química (FEQ) da Unicamp apontou
a reciclagem mecânica como a alternativa com o menor impacto ambiental para a
destinação final do plástico PLA (poli (ácido láctico)) ou (poli (lactídeo)).
Além da reciclagem mecânica, foram avaliadas a reciclagem química e a
compostagem, o processo mais empregado para o descarte do plástico, por se tratar
de um polímero biodegradável, que se degenera através da ação de microrganismos
naturais como bactérias, fungos e algas.
Graças
ao emprego de um aditivo químico, a reciclagem mecânica produziu um material
com características viáveis para a reutilização do plástico. Isso também
contribuiu para gerar um menor impacto ambiental uma vez que, com parte do
material descartado, foi possível elaborar um novo produto. A compostagem foi
considerada o processo com maior impacto ambiental. Neste caso, não seria possível
reaproveitar o plástico.
O
estudo, conduzido pela engenheira química Marina Fernandes Cosate de Andrade,
considerou três categorias para a avaliação do impacto ambiental para o
descarte do plástico analisado: mudanças climáticas, toxicidade humana e uso de
recursos fósseis. Na categoria mudanças climáticas foi considerado o potencial
de aquecimento global pela emissão de gases que contribuem para o efeito
estufa; em toxicidade humana foi avaliado o efeito e o acúmulo de substâncias
químicas tóxicas no ambiente humano; e em recursos fósseis quantificou-se o uso
de combustível fóssil equivalente em todo o processo de produção.
Nas
três categorias avaliadas, a reciclagem mecânica apresentou o menor impacto
ambiental, seguida pela reciclagem química e depois pela compostagem. O consumo
de energia elétrica foi o insumo que mais contribuiu no impacto total para as
reciclagens, sendo a reciclagem química a maior consumidora, seguida da
reciclagem mecânica e da compostagem.
Ainda
pouco utilizado no Brasil, o PLA possui grande potencial para substituir os
plásticos derivados do petróleo. Além de biodegradável, o plástico é
considerado um biopolímero por ser produzido a partir de fontes renováveis,
como o milho ou a cana-de-açúcar, por meio da fermentação de açúcares dos seus
carboidratos.
“Normalmente,
o destino final deste plástico é feito via compostagem, método que permite as
condições de temperatura e umidade para que ele possa ser degradado pelos
micro-organismos. Só que o Brasil não apresenta muitas usinas de compostagem.
Por isso resolvemos avaliar alternativas de descarte”, relata Marina Cosate de
Andrade.
Ainda
conforme a pesquisadora da FEQ, por se tratar de um poliéster, o PLA poderia
ser reciclados pelo método mecânico ou químico, ambos bastante desenvolvidos no
país, sobretudo para o reaproveitamento do PET (Poli (tereftalato de etileno)).
“Identificamos
que o PLA poderia ser reciclado mecanicamente por meio do processamento do
polímero residual. O plástico é extrudado em fios e então transformado em
grânulos para produzir um plástico reciclado. Outra alternativa seria a
reciclagem química, a degradação química do material de maneira que ele
voltasse a ser um monômero, podendo ser usado na polimerização para produzir o
PLA novamente”, explica a engenheira química, graduada pela Unicamp.
Um
dos desafios da reciclagem mecânica, o melhor processo avaliado, foi
reaproveitar o PLA mantendo o resíduo reciclado com boas propriedades para a
fabricação de novos produtos. Neste ponto, Marina Cosate de Andrade informa que
o emprego, como aditivo, de um extensor de cadeia, possibilitou a recuperação
das principais propriedades do PLA.
O
extensor de cadeia é um produto químico multifuncional que aumenta a massa
molar dos polímeros em uma reação rápida, sem etapas de purificação. “Nos
ensaios de reciclagem mecânica, sem o aditivo, ocorreram perdas nas
propriedades do PLA, como a diminuição da massa molar, aumento do índice de
fluidez e da estabilidade térmica”, justifica.
A pesquisa desenvolvida por Marina Cosate de Andrade integra dissertação de mestrado defendida recentemente junto ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química da FEQ. O estudo, que contou com financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), foi orientado pela docente Ana Rita Morales, que atua no Departamento de Engenharia de Materiais e Bioprocessos (DEMBio) da Unidade.
A pesquisa desenvolvida por Marina Cosate de Andrade integra dissertação de mestrado defendida recentemente junto ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química da FEQ. O estudo, que contou com financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), foi orientado pela docente Ana Rita Morales, que atua no Departamento de Engenharia de Materiais e Bioprocessos (DEMBio) da Unidade.
“Normalmente
o fim de vida do PLA é a biodegradação em condições de compostagem, sendo
necessárias condições específicas para sua total decomposição. Mas, como as
usinas de compostagem não são amplamente difundidas no Brasil, uma das
principais características do PLA é pouco explorada. O trabalho da Marina tem
relevância neste sentido, porque abre perspectiva para uma destinação mais
nobre para este plástico, de modo que ele possa ser reaproveitado como
produto”, avalia a professora Ana Rita Morales, que coordena linha de pesquisa
na área de polímeros e meio ambiente.
A
docente pondera, no entanto, para a importância de se considerar situações em
que não é possível realizar a reciclagem, casos em que o PLA já está
comprometido com sujeiras ou impurezas. Nestas situações, a pesquisa demonstrou
que a biodegradação pela compostagem é a melhor forma de destino, por causar a
completa degradação do polímero e por consequência o desaparecimento do
resíduo.
A
professora Ana Rita Morales informa que, no Brasil, algumas empresas já
utilizam o plástico PLA. O material, de acordo com ela, é um termoplástico com
propriedades mecânicas comparáveis ao Poliestireno (PS) e ao PET. Em alguns
países da Europa ele é bastante usado em embalagens rígidas, filmes flexíveis,
copo de bebidas frias e garrafas. O PLA, além de biodegradável, possui atributos
como transparência, brilho e resistência mecânica, desejáveis para diversas
aplicações industriais.
Ciclo
de vida
Para
analisar a melhor alternativa do ponto de vista ambiental para o descarte do
PLA, Marina Cosate de Andrade empregou o método Avaliação do Ciclo de Vida
(ACV). Ela esclarece que o emprego deste método foi realizado em parceria com o
Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), tendo o
pesquisador Otavio Cavalett como principal colaborador e coorientador do
estudo.
“A
Avaliação de Ciclo de Vida é uma metodologia empregada para determinar impactos
ambientais de um produto, processo ou serviço, considerando-se todas as etapas
do ciclo de vida. A ACV avalia quantitativamente os impactos ambientais
derivados do uso de energia, uso de matérias-primas, resíduos e emissões por
todos os estágios de vida. Deste modo, esta avaliação pode fornecer informações
ambientais bastante relevantes para a tomada de decisão quanto ao projeto de
seu processo de produção, uso e descarte”, explica a engenheira química.
(ecodebate)
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