Dificuldades com hidrologia ficaram para trás,
afirma CPFL
Após solucionar os problemas de caixa das
distribuidoras e GSF, agência reguladora tem que se debruçar no tema da
sobrecontratação.
O presidente da CPFL Energia, Wilson Ferreira
Júnior, considera que as dificuldades hidrológicas que vinham afetando o país
nos últimos três anos está superada. A perspectiva é de que o nível dos
reservatórios voltem ao patamar médio dos últimos 20 anos, na casa de 61% ao
final de abril e seguindo as condições reais de operação do sistema, 49% em
novembro. A questão agora é a sobrecontratação das distribuidoras.
“Essa é
uma situação que vira a página dos problemas que o setor elétrico vinha
passando nos últimos três anos”, comentou o executivo em teleconferência com
analistas e investidores sobre os resultados da CPFL Energia em 2015. O
presidente da companhia citou ainda que essas estimativas foram feitas com base
nas informações do ONS que é de carga estável na comparação com o ano passado e
com a pior das condições de vazões estimadas que é de 80% da MLT. E lembrou que
atualmente esse indicador de ENA está acima do esperado.
Ferreira
Júnior avaliou o ano de 2015 como positivo em relação à regulação diante das
alterações promovidas. O maior imbróglio enfrentado no ano passado pelo
setor, o GSF, acabou trazendo um efeito positivo de R$ 134 milhões para o
grupo. A companhia aderiu à proteção máxima prevista na repactuação do
risco. Dos 760 MW médios de garantia física, 459 MW médios, ou 65% do total,
foram incluídos na medida com o produto SP100. Esse volume de energia
corresponde à totalidade dos contratos da empresa no ACR. A CPFL optou por não
aderir à repactuação dos 35% restantes e que estão no ACL, assim como fez todo
o mercado.
Além do
déficit de geração, o executivo lembrou que o reajuste tarifário extraordinário
e a adoção das bandeiras tarifárias no ano passado ajudaram a reduzir a pressão
sobre o caixa das distribuidoras que era uma das grandes preocupações do setor.
No caso das distribuidoras do grupo, o aumento ficou em 53,3%. Mesmo assim a
empresa encerrou o ano com R$ 1,7 bilhão acumulados no CVA e que segundo ele,
deverão ser revertidos ao caixa da companhia até setembro deste ano.
Para esse
ano, o segmento de distribuição volta à pauta como o resultado da demanda em
baixa e a elevada migração de consumidores para o mercado livre. Na
teleconferência, Ferreira Júnior destacou que essa associação de fatores junto
à chegada de capacidade nova contratada em um momento em que se imaginava outro
patamar de crescimento no país levou à contratação acima do limite de 105%,
quando não há penalidade para as concessionárias. “Dada à emergência do tema,
acredito que na semana que vem a análise da audiência pública deverá entrar na
reunião de pauta da diretoria da Aneel. Essa medida seria suficiente para a
companhia voltar aos limites regulatórios”, afirmou.
Nos
cálculos da CPFL, a AP 004/2016, que propõe metodologia para reconhecimento das
sobras involuntárias decorrentes de quotas pode levar a uma redução de até 4%
no volume de contratação das distribuidoras no curto prazo. Esse índice
colocaria as concessionárias do grupo dentro o limite de 105% por até dois anos
considerando as expectativas de redução de tarifa para 2016 e uma consequente
retomada do consumo por parte, principalmente, do segmento residencial.
Além
dessa, a AP 12/2016 cujo prazo de contribuições termina nesta segunda, 21 de
março e a migração de clientes especiais são ações que podem mitigar a
situação. Contudo, há a necessidade de revisar de maneira estrutural as regras
de contratação das distribuidoras. (canalenergia)
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