domingo, 27 de março de 2016

Impactos do aquecimento global no Brasil

Relatório revela possíveis impactos do aquecimento global no Brasil
· Foram analisados diferentes cenários do aquecimento global a 4°C ou mais ao longo de oito décadas (2020-2100);
· Pesquisa realiza projeções de possíveis impactos nos setores de agricultura, saúde, energia e biodiversidade.
A Embaixada Britânica em Brasília e o CEMADEN – Centro de Monitoramento de Alerta de Desastres Naturais / MCTI – Ministério da Ciência e da Tecnologia e Inovação lançaram o relatório Riscos de Mudanças Climática no Brasil e Limites à Adaptação.
O estudo, coordenado no Brasil pelo climatologista Carlos Nobre, revela os principais riscos para o País caso a elevação de temperatura seja superior a 4 °C ou mais. Foram analisados diferentes cenários e projeções do aquecimento global, ao longo de oito décadas (2020-2100), nos setores de agricultura, saúde, energia e biodiversidade. A pesquisa foi realizada por meio de uma minuciosa revisão de literatura e projeções climáticas, incluindo estimativas dos riscos relativos.
O objetivo do trabalho é oferecer informação para formuladores de políticas de gestão de riscos, de maneira a influenciar de forma urgente a formulação de políticas que priorizem a prevenção e a mitigação desses possíveis impactos.
Possíveis Consequências
Vastas regiões do Brasil poderão se tornar perigosas para a população caso o aquecimento global ultrapasse o limite extremo de 4°C em relação à era pré-industrial. Nessas áreas, a temperatura média pode atingir os 30°C – o dobro da média do planeta hoje –, elevando o risco de mortalidade por calor, especialmente entre crianças e idosos. Temperaturas superiores à capacidade de adaptação do organismo humano reduzirão ainda a produtividade em diversas áreas de trabalho.
A agricultura, por exemplo, poderá sofrer quedas de produção. Já que a alta temperatura afeta o desenvolvimento de determinadas culturas e também diminui áreas de cultivos, como é o caso do plantio do arroz e do feijão. O relatório também aponta riscos de savanização de florestas, extinção de espécies, colapsos de energia elétrica, entre outras. Em algumas regiões, o calor e a mudança nas chuvas poderão colaborar para a incidência de doenças.
Possibilidades
O Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change) no seu 5º Relatório de Avaliação Cientifica (AR5 – Fifth Assessment Report), indica que há uma chance de 40% do aquecimento global ultrapassar o limite de 2°C. Este nível, considerado seguro por especialistas internacionais, foi estabelecido como limite pelo acordo do Clima na COP-21 até 2100. Caso a temperatura seja maior, há grandes riscos de catástrofes mundiais. Porém, como as chances da temperatura ultrapassar os 2°C são relativamente menores em curto prazo, decisores públicos acabam deixando de lado as projeções mais desfavoráveis ao planeta. No Brasil, num cenário de alta emissão de gases de efeito estufa, o país tem probabilidade alta, maior que 70%, de sofrer um aquecimento superior a 4°C antes do fim deste século.
Alguns possíveis impactos com temperaturas igual ou superior a 4°C:
* Risco de queda de produtividade entre 20% e 81% em diversas culturas. Para um cenário mais grave, a soja pode chegar a uma perda de até 81%.
* No período entre 2071 e 2099, os municípios da região Norte, Nordeste, Sudeste e Sul apresentarão condições térmicas ainda mais favoráveis para a disseminação do aedes aegypti, vetor de doenças como dengue, chikungunya e zika.
* Aumento no percentual de risco de extinção de espécies de até 15,7%.
* Redução nas populações de espécie de abelhas nativas da Mata Atlântica em 2030 e se agravaria até a extinção entre 2050 e 2080.
* Risco de savanização e empobrecimento de florestas nas décadas finais do século.
* Em 2100, a perda de biodiversidade nas costas brasileiras será significativa, gerando impactos sobre a alimentação e economia.
* O déficit no atendimento da demanda elétrica no país se torna praticamente inevitável até 2040. (ecodebate)

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