FAO: pecuário causou 80% do desflorestamento no Brasil
entre 1990-2005
Mais
de 80% do desflorestamento ocorrido no Brasil no período de 1990 a 2005 foi
associado à conversão de terras em terrenos de pastoreio, mostrou relatório
divulgado em 18/07/16 pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e
Agricultura (FAO), denominado “O estado das florestas no mundo”.
Criação
de gado na região Norte.
A
participação do pastoreio no desflorestamento é maior no Brasil do que em
outros seis países da região analisados no mesmo período: Argentina, Bolívia,
Paraguai, Venezuela, Colômbia e Peru, de acordo com a FAO.
Segundo
a agência da ONU, além do pastoreio, o cultivo comercial foi responsável por
cerca de 10% do desflorestamento no Brasil no período analisado, enquanto outras
formas de exploração da terra, cultivo em pequena escala, agricultura mista,
infraestrutura responderam juntos pelos demais 10%.
Na
análise dos sete países consolidados, o estudo apontou que 71% do
desflorestamento ocorreu devido ao aumento da demanda de pastos; 14% devido aos
cultivos comerciais e menos de 2% devido à infraestrutura e à expansão urbana.
A
expansão dos pastos causou a perda de ao menos um terço das florestas em seis
dos países analisados. A exceção foi o Peru, onde o aumento das terras cultiváveis
em pequena escala foi o fator dominante para 41% do desflorestamento.
Na
Argentina, a expansão dos pastos foi responsável por 45% do desflorestamento,
enquanto a expansão de terras cultiváveis comerciais respondeu por mais de 43%.
Agricultura comercial
Agricultura comercial
O
estudo concluiu que a agricultura comercial é a principal causadora do
desflorestamento na América Latina.
Particularmente
na Amazônia, a produção do agronegócio para os mercados internacionais foi o
principal fator de desflorestamento, fruto de práticas como o pastoreio
extensivo, o cultivo de soja e as plantações de coqueiro-de-dendê.
“A
agricultura comercial não pode continuar crescendo à custa das florestas e dos
recursos naturais da região”, disse Jorge Mexa, oficial florestal da FAO.
Meza
destacou que políticas como a vinculação de incentivos agrícolas a critérios
ambientais, a adoção de práticas silvipastoris — combinação intencional de
árvores, pastagem e gado numa mesma área e manejados de forma integrada —, o
pagamento por serviços ambientais e a recuperação dos pastos degradados podem
evitar a ampliação da fronteira agrícola em detrimento das florestas.
Apesar
de o desflorestamento continuar em alta na região, em 2015 sua taxa se reduziu
em quase 50% quando comparada a 1990. Esta redução também foi significativa na
Amazônia, fruto de políticas de desenvolvimento sustentável impulsionadas pelos
países que dividem a bacia amazônica.
Segundo
o documento da FAO, desde 1990 mais de 20 países melhoraram sua segurança
alimentar e mantiveram ou aumentaram sua cobertura florestal, demonstrando que
não é necessário cortar árvores para produzir mais alimentos.
Vincular
os subsídios agrícolas às normas ambientais
Em
vários países, as subvenções agrícolas em grande escala fomentaram o
desflorestamento, já que aumentam a rentabilidade da produção agropecuária e
geram pressão para ampliar a fronteira agrícola. Exemplos disso na região é o
pastoreio extensivo e a produção de soja em escala industrial.
Uma
opção de política para evitar esses danos, segundo a FAO, é vincular os
incentivos e mecanismos de fomento público recebidos pela agricultura comercial
ao cumprimento de normas ambientais.
O
relatório destacou que uma reforma desse tipo ocorreu no Brasil, que
passou a vincular os subsídios ao crédito rural com critérios ambientais,
evitando a perda de 270 mil hectares de florestas que haviam sido
destruídas para aumentar a produção de carne bovina.
A
iniciativa brasileira “Bolsa Verde” foi outro exemplo citado pela FAO: um
programa de transferência condicionada que entrega recursos a milhares de
famílias pobres em troca de manter a cobertura vegetal e gerir seus recursos
naturais de forma sustentável. (ecodebate)
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