La Niña: Meteorologistas ainda
seguem divergindo sobre sua intensidade.
La Niña – Agosto 2016
Que o La Niña será um
componente a mais da nova safra de verão do Brasil isso já é certo. Qual será a
intensidade desse fenômeno, porém, ainda é uma questão de debate entre os
especialistas, bem como seus impactos para a agricultura brasileira. Os
percentuais de probabilidade divulgados nos últimos dias têm se mostrado
diferentes entre agências climáticas dos EUA, Japão e Austrália, além dos
meteorologistas brasileiros.
A Agência Meteorológica do Japão informou que o La Niña deverá continuar atuando
durante todo o período do verão no hemisfério Sul (inverno no hemisfério Norte)
e que tem 70% de chances de ocorrer efetivamente. O anúncio vem um dia
depois do Climate Prediction Center (CPC) do Serviço Nacional de Meteorologia
dos EUA indicar uma queda em sua projeção para 40%, contra os 75% estimados em
junho, de 55 a 60% em julho. "A superfície dos oceanos continua se
resfriando, porém, em um ritmo mais lento", informou o centro
norte-americano. Sua próxima atualização será feita em 13/10/16.
Para o Instituto de
Meteorologia da Austrália, a possibilidade de um La Niña tardio e de fraca
intensidade continua presente. De acordo com suas últimas informações sobre a
condição atual, informadas em 30/08/16, o período é de neutralidade climática,
porém, com partes do Pacífico Equatorial mais frias do que o comum para esta
época do ano. As atualizações do órgão australiano saem em 13/09/16.
"Três modelos
pesquisados indicam que o La Niña a se desenvolver deverá acontecer mais tarde
e se manter durante a primavera do hemisfério Sul ou durante o verão. Um
fenômeno mais tardio como este não seria usual, mas também não é sem
precedentes. Se ele realmente acontecer, será bem menos intenso do que o
registrado entre 2010 e 2012", informou o instituto australiano em seu
último boletim.
Como explicou o
meteorologista Alexandre Nascimento, da Climatempo, realmente este deverá ser
um La Niña de fraca intensidade, mas conta com todas as características para
que realmente aconteça. "Precisamos ter, pelo menos, três meses de
anomalia de 0,5ºC negativo (nas águas de superfície dos oceanos), e já estamos
há mais de dois abaixo disso", diz. "Portanto, o produtor rural
brasileiro ainda tem que manter sua cautela", completa.
O meteorologista explica
que, nesse quadro, o planejamento dos agricultores que neste momento estão se
preparando para dar início ao plantio da nova safra de verão deve ser ainda
mais detalhado, com um escalonamento maior dos trabalhos de campo, de forma a
aproveitar de forma adequada os próximos momentos de chuva.
"Será um início de
safra muito irregular", alerta Nascimento. “Na segunda quinzena de
setembro, as precipitações já deverão a ficar mais escassas e pontuais e esse
padrão pode se estender até a primeira metade de outubro, com uma condição
melhor somente na segunda quinzena do próximo mês”, explica.
Dessa forma, o
especialista faz ainda outro alerta: "o produtor não pode se impressionar
com as primeiras chuvas". As atuais condições do solo em regiões onde a
seca causada pelo El Niño são ainda muito ruins, registram déficit hídrico e
demoram a se reestabelecer. No entanto, Nascimento acredita que as condições
este ano, no geral, devem ser bem melhores do que as do ano passado para a
agricultura nacional.
Impactos para a
agricultura
Caso essa menor
intensidade prevista pelo serviço norte-americano de clima se confirmar, deverá
ser bem-vinda para o Brasil e para a Argentina, de acordo com especialistas
internacionais. "Isso irá, certamente, favorecer a América do Sul, já que
os produtores poderão ver condições mais úmidas por lá", diz o
agrometeorologista sênior do instituto particular de meteorologia MDA
Information Systems, Donald Keeney, em entrevista à agência de notícias Reuters
Internacional.
Entretanto, caso as
condições sejam de neutralidade climática, podem comprometer os produtores de
algodão da Índia, que é o maior produtor mundial da fibra. Afinal, o La Niña
tende a incentivar as chuvas de monções e, ao contrário disso, as precipitações
deverão ficar menos intensas.
Países não só como a
Índia, mas também a Indonésia e a Tailândia poderiam receber, no início efetivo
do fenômeno, mais chuvas, as quais beneficiariam culturas como a palma e a cana
de açúcar, que vêm sofrendo com precipitações abaixo da média já há dois anos
por conta do La Niña.
No Brasil
No Brasil
Sul - Ainda com
informações da Climatempo, as chuvas para o Sul do Brasil não deverão ser tão
frequentes e a tendência é de que oscilem perto da normalidade. Para os
produtores, isso deve ser bom, uma vez que o excesso de umidade no último ano
causou alguns transtornos.
Sudeste e Centro-Oeste - Para
o Sudeste e o Centro-Oeste as expectativas também são de que as chuvas voltem a
se normalizar, porém, um pouco mais tarde. Em anos de La Niña, ainda de acordo
com a Climatempo, s precipitações demoram um pouco mais para chegar e costumam
se estender mais a partir do momento em que se estabelecem. É o deslocamento do
período úmido. Setembro deverá se concluir mais seco, outubro com algumas
chuvas da metade para o final e, em novembro, precipitações mais regulares são
esperadas.
Nordeste - Em 2017, o
Nordeste deverá contar com condições muito melhores do que as observadas nos
últimos anos, em que as chuvas foram bastante raras. As ocorrências de
precipitações deverão ser mais regulares, cenário que já não é observado desde
2012. (noticiasagricolas)
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