Parque Nacional de
Brasília.
Praticamente toda a água
consumida em Brasília vem de fontes e barragens protegidas por unidades de
conservação federais. Sem elas, a situação que já exige racionamento seria pior.
As
unidades de conservação (UCs) federais cumprem papel decisivo na manutenção dos
recursos hídricos que abastecem o Distrito Federal. E essa importância fica
mais evidente agora, quando Brasília, a capital federal, enfrenta a maior crise
de abastecimento d´água de sua história, exigindo a adoção de medidas duras
como o racionamento.
O
diretor de Criação e Manejo de Unidades de Conservação do Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Paulo Carneiro, destaca que
quase 100% da água usada pelos mais de 2,5 milhões de brasilienses, incluindo
residências, empresas e órgãos públicos, vem de reservatórios e pequenas
captações protegidas por unidades de conservação federais, geridas pelo
Instituto.
Pelo
menos, quatro unidades de conservação do ICMBio têm relação direta com a
conservação dos recursos hídricos no Distrito Federal: o Parque Nacional de
Brasília, a Área de Proteção Ambiental (APA) da Bacia do Rio Descoberto, a
Floresta Nacional (Flona) de Brasília e a Reserva Biológica da Contagem.
APA
e Flona
A
APA do Descoberto e a Flona de Brasília são responsáveis pela sobrevivência das
nascentes que irrigam a maior represa da região, a do Descoberto, responsável
por aproximadamente 70% do abastecimento d´água do DF.
A
barragem do Descoberto garante recursos hídricos para a mancha urbana mais
populosa do DF, a que vai da Ceilândia ao Gama, abrangendo ainda cidades como
Samambaia, Taguatinga e Recanto das Emas, além do Park Way e Águas Claras.
“Se não fosse a existência dessas duas unidades
de conservação, a região da represa, que sofre muita pressão da agricultura e
da ocupação humana, estaria hoje degradada, comprometendo ainda mais a captação
de água”, diz Carneiro.
Parque
Do
outro lado do quadrilátero do DF, no meio da vegetação de Cerrado conservada
pelo Parque Nacional de Brasília, fica a segunda maior represa da região, a de
Santa Maria, que responde pela água potável consumida por cerca de 30% da
população.
Junto
com a barragem do Torto, o sistema garante água para a região centro-norte, que
vai do Plano Piloto ao Paranoá, passando pelos Lagos Sul e Norte e condomínios
do Jardim Botânico, área que começou a ser habitada mais recentemente. A
represa de Santa Maria está integralmente situada no interior da poligonal do
parque.
“Um dos objetivos da criação do Parque Nacional
de Brasília, em 1961, foi exatamente o de conservar as nascentes, riachos e
rios que alimentam hoje o sistema Santa Maria-Torto. Essa visão de futuro
permitiu a sustentabilidade do sistema de fornecimento de água durante anos”,
afirma o diretor do ICMBio.
Rebio
da Contagem
Já a
Reserva Biológica (Rebio) da Contagem, ao lado do parque nacional, guarda um
conjunto de nascentes de onde a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito
Federal (Caesb) faz captações (em torno de 1% dos recursos hídricos locais) que
levam água para parte de Sobradinho e dos condomínios horizontais que
despontaram nos últimos anos na região norte de Brasília.
Por
tudo isso, o diretor do ICMBio chama a atenção para o papel das UCs. “Ainda
valorizamos pouco os serviços ambientais prestados pelas unidades de
conservação. É hora de repensar a ocupação dos territórios e hábitos do dia a
dia. Valorizar as unidades que protegem nossas nascentes é, certamente, um
desses passos”, conclui Paulo Carneiro. (ecodebate)
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