Estudo indica que políticas de controle do desmate dependem
da fatia do agronegócio no PIB.
IPAM
Um
estudo publicado na última edição da revista “Global Environmental Change”
indica que a efetividade de políticas de controle do desmatamento é
inversamente proporcional ao peso do agronegócio na economia de um país, pelo
menos na América do Sul. Já eventos que envolvam a sociedade nessa discussão
fortalecem estratégias de conservação.
Essas
são algumas das conclusões obtidas pelos autores, nesta que é a primeira
comparação já feita sobre a eficácia desse tipo de política em fronteiras de
produção de commodities. O trabalho foca a Amazônia brasileira, o cerrado, o
Chaco argentino, o Chiquitano boliviano e a mata atlântica do Paraguai.
Além
do tamanho do agronegócio no PIB do país, também foram levadas em consideração
questões como posse da terra, influência do mercado consumidor europeu,
políticas voluntárias de conservação, valor ecológico dos biomas, existência de
leis florestais e pressão social decorrente de situações extemporâneas – como o
assassinato da freira Dorothy Stang em 2005, que acelerou a designação de 3
milhões de hectares de áreas protegidas no arco do desmatamento da Amazônia.
“A
análise criteriosa da adoção e do impacto de políticas pode ajudar a construir
evidências empíricas sobre como resolver o desafio global de reduzir o
desmatamento tropical, já que as decisões políticas afetam o destino de milhões
de hectares de florestas”, afirma Christoph Nolte, hoje na Universidade de
Boston (EUA), principal autor do estudo.
Reduzir
as emissões que ocorrem pelo desmatamento é uma das chaves para resolver o
desafio das mudanças climáticas. A perda de floresta tropical representa cerca
de 10% das emissões globais de gases de efeito estufa e é na maior parte
resultado da expansão do uso de terras agrícolas.
O
pesquisador de política ambiental do IPAM, Tiago Reis, um dos autores do
estudo, explica que boa parte das experiências avaliadas pelo grupo vem do
Brasil. “Temos muito o que acrescentar no debate sobre políticas públicas e
privadas de conservação, com histórico de monitoramento do desmatamento e
tratamento do problema nos momentos de alta e de baixa. Em outras palavras, o
Brasil pode oferecer lições aprendidas sobre o fenômeno global do
desmatamento”, afirma Reis.
Segundo
ele, a análise evidencia o papel de relevância do agronegócio moderno na
conservação ambiental. “A preservação presta importantes serviços
ecossistêmicos, incluindo a manutenção de clima e água favoráveis à produção
agrícola, e essa questão deve ser levada em consideração para a continuidade do
próprio negócio, principalmente em fronteiras agrícolas”, diz o pesquisador.
(ecodebate)
Nenhum comentário:
Postar um comentário