É possível quadruplicar a produtividade aplicando
práticas como a recuperação de pastagens degradadas e a integração de lavoura pecuária
floresta.
A ciência mostra que não temos tempo a perder e
reivindica ações de impacto em relação às mudanças climáticas. Recentemente, a
Marcha pela Ciência, originada em Washington, ganhou o mundo com este
propósito, em clara resposta às posturas adotadas por Donald Trump. Um estudo
recém-lançado pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento
Sustentável (CEBDS) aponta que ignorar esta agenda é, além de um desprezo à
ciência, um mau negócio.
O estudo analisa as metas de redução de emissões de
gases de efeito estufa que o Brasil assumiu no contexto do Acordo de Paris e
conclui que elas abrem inegáveis oportunidades econômicas. Uma janela que pode
permitir ao país reordenar seu modelo de desenvolvimento em bases sustentáveis
e reposicionar-se de maneira mais competitiva na nova agenda global que vai até
2030.
Estima-se que o setor de floresta e uso da terra,
responsável hoje por mais de 50% das emissões do país, passe a contribuir com
uma emissão líquida negativa em 2030, removendo 131 milhões tCO2e da atmosfera.
Para isso, além de controlar o desmatamento ilegal, devemos impulsionar o uso
múltiplo das florestas. O aproveitamento de áreas florestadas tem efeito
sinérgico com outras metas brasileiras.
Considerando o compromisso de restaurar e reflorestar
12 milhões de hectares até 2030, o plantio de espécies vegetais produtivas é
uma dessas oportunidades, pois dá rápido retorno ao investimento. Na cadeia da
restauração florestal, a demanda por insumos pode aportar, durante 30 meses,
cerca de R$ 13 mil por hectare restaurado.
A agropecuária terá o desafio de aumentar sua produção
sem incorporar novas áreas nem ameaças aos biomas. É possível quadruplicar a
produtividade aplicando práticas como a recuperação de pastagens degradadas e a
integração de lavoura pecuária floresta, além de destacar as oportunidades que
surgirão com a criação de novos mercados por meio das cotas de reserva
ambiental e dos pagamentos por serviços ambientais, que tornarão menos custosa
a eliminação do déficit de manter e/ou recuperar reservas legais e Áreas de
Preservação Permanente. Ainda será fundamental intensificar o Programa
Agricultura de Baixo Carbono e a já avançada inovação tecnológica.
Já no setor de energia, o crescimento da oferta de
fontes renováveis demandará significativa ampliação da capacidade instalada
atual, especialmente para a produção de etanol. A NDC (Contribuições
Nacionalmente Determinadas, na sigla em inglês) prevê expansão da produção de
etanol para 45 bilhões de litros em 2025 e para 54 bilhões em 2030. Também são
esperadas a redução nos custos de tecnologias fotovoltaicas e eólicas e a
modernização da infraestrutura de geração e distribuição de eletricidade.
A eficiência energética será crucial para a indústria
atingir suas metas, assim como a eficiência nos processos: o aproveitamento de
resíduos na forma de uma economia circular pode trazer grandes ganhos de
receita no longo prazo. Vale ressaltar que 40% do potencial de mitigação do
setor permitem rápido retorno do investimento.
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Investimentos na infraestrutura de transporte de baixo
carbono têm o potencial de reduzir os custos de frete e beneficiar os setores
industrial e agropecuário. A integração modal, com a ampliação de transportes
aquaviários e ferroviários, pode significar uma redução de mais de 50% no custo
total da tonelada transportada por quilômetro. Além disso, a eletrificação do
modal ferroviário e o desenvolvimento de sistemas híbridos de propulsão em
embarcações podem reduzir o consumo energético em até 33%.
Definitivamente, a nova economia de baixo carbono é um
bom negócio para o Brasil. (oglobo)
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