A
curva de Keeling segue sua tendência inexorável de subida e a concentração de
CO2 na atmosfera deve ultrapassar 410 partes por milhão (ppm) em
maio de 2018. O mundo precisava parar (ou diminuir muito) a queima combustíveis
fósseis.
Contudo,
as emissões globais de CO2 aumentaram em 2017. O aumento previsto
das emissões de gases de efeito estufa para 2017, após três anos de
estabilidade, sugere que as emissões ainda não atingiram o pico, aumentando a
urgência nas negociações climáticas da ONU. O aumento projetado de 2% nas
emissões de 2017 é um péssimo sinal para o futuro do Planeta e mostra que o
Acordo de Paris, de 2015, está longe de cumprir com suas metas.
O
objetivo do Acordo de Paris é manter o aumento da temperatura global abaixo de
2°C (se possível abaixo de 1,5ºC) em relação aos tempos pré-industriais. Porém,
estes objetivos estão cada vez mais difíceis de serem alcançados.
O
país com o maior aumento projetado nas emissões de 2017 – cerca de 3,5% – é a
China, onde o consumo de carvão aumentou, a despeito de todos os investimentos
chineses em energias renováveis. O aumento das emissões chinesas pode ser
parcialmente atribuído a um longo período seco que reduziu a quantidade de água
disponível para energia hidrelétrica, o que significa que mais carvão foi
queimado.
A
pesquisa do Global Carbon Project mostra que o consumo de carvão nos Estados
Unidos também cresceu ligeiramente em 2017, mas projeta que as emissões globais
dos EUA – o segundo maior poluidor, cairão 0,4%, devido em parte a uma mudança
da matriz energética para gás natural e energia renovável.
As
emissões da Índia, enquanto isso, deverão crescer em cerca de 2%, abaixo do
crescimento de mais de 6% durante a última década. Espera-se que as emissões
diminuam em 22 países, com economias crescentes que representam 20% das
emissões globais.
De
modo geral, as emissões de carbono causadas pelas atividades antrópicas
cresceram a uma taxa anual média de 3,5% desde 2000, mas a um ritmo mais lento
de 1,8% entre 2006 e 2015, de acordo com o Global Carbon Project. Isto mostra
que é possível diminuir as emissões e fazer um desacoplamento relativo.
Para
se proteger da poluição, homem usa máscara enquanto caminha sobre ponte em
Beijing, na China.
Contudo,
o cenário é preocupante, pois só uma redução significativa das emissões poderia
evitar um colapso ambiental. Quanto maior for a procrastinação, maiores serão
os esforços requeridos no futuro, inclusive as “emissões negativas”.
Temperaturas acima de 2ºC podem desencadear eventos climáticos desastrosos que
podem representar um xeque-mate às pretensões da civilização.
O
último relatório do The International Resource Panel (IRP), da UNEP, “Assessing
Global Resource Use”, mostra que a economia internacional continua devorando
recursos naturais em grande quantidade e que o desacoplamento absoluto é um
sonho distante.
O
modelo econômico que visa maximizar a acumulação de capital para as empresas e
a maximização do bem-estar (consumista) para a população é incompatível com a
sustentabilidade ambiental e a estabilidade do clima. A geração de riqueza
humana ocorre em função da degradação ecológica e da poluição atmosférica. O
atual caminho leva ao precipício.
No
dia 13/11/2017, foi publicada uma carta na revista BioScience, assinada por
15.372 cientistas de 184 países, com o título: “Advertência dos Cientistas à
Humanidade: Segundo Aviso”. Trata-se de um verdadeiro alerta para a humanidade
que segue um rumo de desenvolvimento insustentável. O aviso está dado.
O
ecocídio e o suicídio terão alta probabilidade de ocorrer se não houver uma
mudança global no modelo de produção e consumo e uma redução urgente da pegada
ecológica da humanidade. (ecodebate)
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