RIGOTTO (1998) se questiona
sobre quais os rebatimentos da globalização e da consequente reestruturação
produtiva sobre a saúde dos trabalhadores e o meio ambiente.
Para identificar as
principais tendências neste sentido, RIGOTTO (1998) atribui a incorporação de novas
tecnologias e novas formas de organizar o trabalho, a flexibilização, a
focalização da produção a desterritorialização do capital, a financeirização da
economia, a emersão de novos atores globais e a crise do estado nacional.
Um dos principais desafios da
globalização é garantir o desenvolvimento sustentável.
Descreve as consequências
deste processo no mundo do trabalho, enfatiza a fragmentação da classe
trabalhadora e o agravamento da exclusão social. Relaciona as mudanças urbanas,
as transformações no processo de trabalho e a difusão ampliada dos riscos
industriais-ambientais como mediadoras dos rebatimentos da Globalização e da
Reestruturação Produtiva sobre a saúde humana e o meio ambiente.
Contempla-se, como fruto da
modernidade, nesta virada de milênio, o espetáculo dos avanços científicos e
tecnológicos da civilização humana. A população mundial cresceu, a maioria é
melhor alimentada, mais alta e mais pesada, mais longeva. Somos muito mais
capazes de produzir bens e serviços. A humanidade é muito mais culta (HOBSBAWM,
1995).
O projeto de modernidade para
resolver problemas fundamentais da humanidade, tem limitações. Mesmo sabendo
que a avalanche de números muitas vezes banaliza os problemas e oculta o
sofrimento humano, vale lembrar que mais de um bilhão de pessoas vivem em
pobreza absoluta, 900 milhões de adultos são analfabetos, 100 milhões de
pessoas não tem casa, 150 milhões de crianças menores de 5 anos são desnutridas
conforme a “United Nations Development Programm/UNDP”, 1990.
Existem ainda os problemas ambientais gerados
pela sociedade urbano-industrial, como o efeito estufa, a destruição da camada
de ozônio, as chuvas ácidas, a produção de milhares de poluentes da água, do
solo e do ar, o acúmulo de lixo tóxico e a exploração intensiva de recursos
naturais não renováveis.
RIGOTTO (1998) traça que é
exatamente neste cenário de modernização conservadora (MATTOSO, 1995) que
surgem mudanças profundas na vida social e nos processos de trabalho, as quais
vêm sendo estudadas como reestruturação produtiva, ou reconversão econômica, ou
Nova Ordem Econômica Mundial, ou ainda Terceira Revolução Industrial.
Falar em Terceira Revolução
Industrial pode invocar em nosso imaginário uma paisagem arrojada e futurista,
com robôs, maquinas de comando numérico, manufaturas e desenhos ajudados por
computador, programas de controle de qualidade, ISO 9000 e reengenharia.
Está claro que a
reestruturação produtiva é um processo econômico, político e cultural em curso,
de grande dinamismo e alta complexidade, acontece em escala planetária e em
ritmo intenso, exigindo a inserção de todos.
Estruturalmente vinculada à
Globalização, estes dois processos tem sido conduzidos pelas forças hegemônicas
em âmbito internacional, representando a mais recente configuração.
E que aponta para profundas
repercussões sobre a vida social (CARVALHO, 1997). Dai a importância de estudar
este processo, verificar suas reais dimensões; identificar, em essência, suas
potencialidades, para buscar interferir nele. A seguir apresentam-se algumas
das características ou tendências que já se configuram:
RIGOTTO (1998) revela que
ocorre apropriação dos avanços da microeletrônica e da incorporação da
informática aos processos de produção para garantir produtos de melhor
qualidade e maior competitividade no mercado.
Isto modifica as rígidas
formas taylorista e fordista de organizar o trabalho nas empresas, sob forte
influência do modelo toyotista japonês, reduzindo os níveis hierárquicos,
buscando mais iniciativa e participação do trabalhador no processo (FERREIRA,
1993).
Expandem-se novas modalidades
de trabalho, como o autônomo, o tempo parcial, o temporário, a domicílio, etc.
No campo das relações de trabalho, “verifica-se a implementação de políticas
que visam impor ao empregado uma nova identidade, configurada na relação entre
indivíduo-empresa e forjada através de diferentes estratégias de interação na
disputa pela lealdade do trabalhador” (NEVES, 1991).
Desconcentra geograficamente
a produção, utilizando as facilidades de transporte oferecidas pela
globalização. Ocorre organização da fabricação de componentes a partir de
atividades em diversos países, usufruindo de vantagens comparativas no acesso a
recursos naturais e matérias-primas, isenções oferecidas pelos governos, características
da mão-de-obra local. (CARVALHO, 1997).
A grande empresa tende a ser substituída por
estabelecimento menores, que centra sua atividade naquilo que é a sua
excelência. As demais partes do processo produtivo são delegadas a outras
empresas, as terceirizadas. Estas empresas, as vezes, são implantadas numa
mesma área geográfica, formando um condomínio de empresas (GONÇALVES, s.d.).
A competitividade se baseia
na identificação e na produção de bens não padronizados, voltados para nichos
de mercado ou atende, aparentemente, aos desejos do consumidor individual.
Em oposição a produção de
bens em massa, supõe uma planta industrial flexível, com máquinas universais
programáveis e operadas por trabalhadores especializados, qualificados e polivalentes
(ANTUNES, 1996).
Há um domínio do capital
financeiro, operando como “dinheiro volátil”, por meio de redes e circuitos
informatizados globais, cerca de quase US$ 2 trilhões por dia, em detrimento do
investimento produtivo. Mesmo as corporações tipicamente industriais, tem as
aplicações financeiras como um elemento central de seus processos (CARVALHO,
1997).
Articuladas ao
neoliberalismo, estas transformações tem sido conduzidas pelos interesses
diretos de novos e poderosos atores sociais, refletindo acelerada concentração
do capital. Ocorrem crises de autoridade e dificuldades dos estados nacionais
de impor suas políticas (RATTNER, 1997). Sempre que necessário o meio ambiente
é vítima, como no caso dos agrotóxicos e outras substâncias químicas deletérias.
(ecodebate)
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